domingo, 19 de maio de 2024

 

Valor e Adversidade

 

As enchentes que vêm acometendo o Rio Grande do Sul, com sérias consequências para o Estado, e para o Brasil, vêm demonstrando que, de fato, é na adversidade que o homem tem oportunidade de demonstrar o seu real valor.

Deixando de lado outros comentários, talvez, por demais repetitivos em torno das provações coletivas, gostaríamos de destacar, em rápidas palavras, os bons sentimentos de que as criaturas humanas são dotadas, exteriorizando-os quando chamados a evidenciá-los.

Quantas pessoas, por exemplo, estão agora saindo de certo comodismo no campo da solidariedade e se lançando a campo com o propósito de minorar o sofrimento do próximo?!.

Cremos mesmo que, por certo, calamidades semelhantes acontecem, no mundo todo, para que o homem, periodicamente, desperte os seus potenciais adormecidos, percebendo do que é capaz quando se mobiliza para o Bem.

Caso a Humanidade não necessitasse de tais provações para que colocasse em prática a sua capacidade de autossuperação, com a fraternidade que agora vemos imperar em favor de nossos irmãos do Rio Grande do Sul, sendo, cotidianamente, o seu modus vivendi, de há muito a Terra teria deixado de ser um orbe de provas e expiações, elevando-se na hierarquia dos mundos.

Estamos convencidos, no entanto, que tais aprendizados, decorrentes dessas catástrofes, somando-se uns aos outros, terminarão por se fixar, em definitivo, nos espíritos – pelo menos naqueles que não se encontram tão encerrados na carapaça do egoísmo.

Jesus disse que os escândalos são necessários, e acreditamos que eles o sejam também justamente para o exercício de nossas infinitas possibilidades espirituais, no sentido de combatê-los para que, um dia, deixem de ser necessários.

Neste momento, igualmente nos unimos aos Espíritos Amigos dos companheiros gaúchos que se encontram encarnados, e seguimos laborando para acolher, da melhor maneira possível, aqueles que estão deixando o corpo, quanto cooperar com os que, doravante, terão pela frente o trabalho de reconstrução do Estado, para que o Rio Grande, com a eloquência de sempre, continue a falar da grandeza do povo brasileiro.

 

INÁCIO FERREIRA

Uberaba – MG, 19 de Maio de 2024.

domingo, 12 de maio de 2024

 

“Mais, Nóis Vai Ficá, Né?!...”

 

Em um Centro Espírita, no interior de Minas Gerais, o orador, inflamado falava sobre o palpitante tema do êxodo planetário:

 

A Terra está caminhando para ser um mundo de regeneração, deixando a condição de expiações e provas...

O exílio está se aproximando, semelhante ao que, um dia, aconteceu em Capela...

Os capelinos revoltosos foram banidos para mundos distantes, inclusive para a Terra...

Somos descendentes deles, os capelinos...

A situação do mundo está piorando, mas, antes de melhorar, vai piorar mais...

Não devemos nos assustar...

É da Vontade de Deus que assim seja...

Os maus serão impedidos de voltar à reencarnar aqui...

Apenas os mansos e pacíficos herdarão a Terra...

É o que Jesus nos fala...

Os que exploram a fé alheia serão enxotados da comunidade humana no orbe terrestre...

Já está acontecendo...

Vejamos as catástrofes, as epidemias...

O Covid no mundo, agora a dengue, as enchentes, as secas, os incêndios, as guerras...

Apenas os bons ficarão...

Os que tiverem fé em Jesus Cristo...

 

E o orador, quase transfigurado, prosseguia, com um sorriso que não lograva disfarçar no canto dos lábios:

 

Esses corruptos, esses políticos que roubam...

Os falsos cristos e os falsos profetas...

Os que apenas têm aparência de bondade, mas são lobos em pele de ovelhas...

Joio em meio ao trigo...

Os mentirosos, os caluniadores, os orgulhosos, egoístas...

Para a Humanidade, aproxima-se o momento da Grande Colheita...

Esses criminosos...

Os que pecam e vêm rezar e, depois, tornam a pecar...

Nem todos os que dizem “Senhor, Senhor”, serão salvos do expurgo planetário...

Não adianta andar com a Bíblia, ou com o Evangelho fechado debaixo do braço...

Irão todos embora...

Todos, todos...

Como no Festim de Baltazar, tudo está contado, pesado e medido...

 

Foi, então, que, em reação inesperada, um senhor, de meia idade, que se encontrava na plateia, ergueu-se do banco e em seu típico linguajar de homem simples, perguntou:

 - “Mais, nóis vai ficá, né?!...”

 

INÁCIO FERREIRA

 

Uberaba – MG, 12 de Maio de 2024.

domingo, 5 de maio de 2024

 

Elitismo, Escola dos Espíritas Sem Fé

 

“Guias cegos! Que coais o mosquito e engolis o camelo.” – Mateus, 23:24

 

O elitismo, que vem tomando conta do Movimento Espírita, afasta as pessoas da fé, porque transforma o Movimento em lamentável fogueira de vaidades.

Não mais aquele Espiritismo simples e puro dos primeiros tempos, com cheiro de Evangelho, repleto da presença do Cristo. Agora é o Espiritismo das questões “psicológicas”, da chamada auto ajuda, dos auditórios cheios nos Congressos pagos, e não mais o Espiritismo do povo mais humilde, para o qual fora prometido o Advento do Consolador.

Não mais o Espiritismo como sinônimo de trabalho no socorro aos desvalidos, com o “Fora da Caridade Não Há Salvação” sendo tratado como algo fora de moda, dos pobres de espírito para os pobres de espírito.

Infelizmente, está desaparecendo o Espiritismo dos encargos em prol do Espiritismo dos cargos, com a vivência sendo engolida pelo aspecto meramente teórico, em que muitos, simplesmente, andam à procura de autopromoção, alimentando os seus egos insaciáveis.

Está desparecendo o Espiritismo do respeito ao Mundo Espiritual, na molecagem dos adulteradores, que, sem o menor respeito, pelas obras dos Espíritos Benfeitores, defecam em suas páginas luminescentes e atraiçoam, na calada da noite, a grande família espírita-cristã, constituída, em maioria, por quem as reverencia e não ousaria lhes suprimir ou acrescentar um til. (Vergonha! Vergonha!...)

Estão quase em extinção os espíritas idealistas, que sempre colocaram a Causa acima de si mesmos, e que, em vez de enfiarem a mão no bolso alheio, a colocavam no próprio bolso para erguerem os templos dos quais os aproveitadores vêm se apossando, inescrupulosamente, para os transformarem em mercados.

Sim, o elitismo, escola dos espíritas sem fé, vem fazendo quase irreparável estrago à Doutrina, mas que, sem dúvida, os seus artífices haverão de pagar elevado preço pela sua incúria e leviandade, por mais uma vez estarem atentando contra o Evangelho de Jesus Cristo, retardando a hora da colheita.

 

INÁCIO FERREIRA

 

Uberaba – MG, 5 de Maio de 2023.