domingo, 12 de fevereiro de 2023

A Caridade e a Lei

 

Alguns amigos têm nos perguntado a respeito da situação atual das instituições espíritas assistenciais, diante da Lei, que as vem cumulando de exigências para que se mantenham em funcionamento.

Queremos dizer que, de certa maneira, consideramos tais exigências um tanto absurdas, pois que querem que um país de Terceiro Mundo funcione como se fosse de Primeiro Mundo, e isto começando por onde deveriam terminar.

Por outro lado, não resta dúvida de que há certo preconceito religioso embutido na intenção governamental, que, consciente ou inconscientemente, deseja obstaculizar o avanço da Doutrina no Brasil, com a bandeira do “Fora da Caridade Não Há Salvação”...

A Doutrina, infelizmente, pela falta de discernimento de muitos de seus adeptos, que dela consideram líderes, quase não possui representantes no Câmara e no Senado, e, por vezes, nem mesmo em singela bancada de Vereadores.

A fala de que não se mistura religião com política é equivocada, porque se não existe religião na política, existe muita política na religião, a começar dos cargos que, por vezes, são disputados em humilde Casa Espírita.

Em quase todos os órgãos considerados unificadores a política se encontra vigente, e mais: os seus diretores parecem ocupar cargos vitalícios, apenas deixando o poder quando são expelidos da carcaça.

Assim sendo, as instituições espíritas, que devem se preparar para exigências jurídicas cada mais maiores – e não apenas jurídicas –, carecem se organizar em tempo hábil a fim de que não venham a ser surpreendidas e careçam de cerrar as portas.

No mais, tomamos a liberdade de dizer aos nossos confrades e confreiras, que a Caridade, que é amor em movimento, pode ser praticada de mil maneiras diversas, não necessitando para tanto de regulamentações quaisquer, a não ser da imaginação e da boa vontade dos que compreendem que, no dizer de Irmão José, “em matéria de Caridade, os mendigos somos nós”.

Infelizmente, os espíritos encarnados, e nós os desencarnados que os rodeamos, estamos vivendo em um mundo que está sob constante assédio das trevas, que, para tanto, se valem daqueles que se lhes prestam como instrumentos.

Não se deve, pois, recuar, ante os obstáculos que, porventura, apareçam, com a intenção de nos fazer cruzar os braços e desistir da luta pela construção do Mundo Melhor.

A Terra, em breve, há de passar por um processo de triagem que mal começou com a chamada pandemia do Coronavírus, e muitos haverão de ser levados pelo furor das tempestades que estão se preparando e que, no momento oportuno, haverão de desabar.

Não estamos a profetizar, mas, sim, aventando a consequência natural das coisas, porque, embora já haja muito idealismo no mundo, o materialismo, avançando em quase todos os países, tende à escravização do espírito, o que a Lei Divina não há de permitir.

Quando não há ninguém que possa fazer demolir as muralhas do mal, elas terminam, sob a ação inexorável do tempo, caindo por si mesmas.

 

INÁCIO FERREIRA

 

Uberaba – MG, 12 de Fevereiro de 2023.

 

Nota: No próximo dia 19, estaremos em jornada doutrinária, retornando às publicações na próxima semana.