domingo, 6 de agosto de 2023

O Drama de Zaqueu

 

No episódio de Zaqueu, o publicano, narrado por Lucas, há algo que merece, de nossa parte, mais acurada meditação.

Visitado por Jesus, Zaqueu prometeu, a quem, porventura, tivesse defraudado restituir quatro vezes mais... À primeira análise, Zaqueu estaria reparando uma injustiça cometida, mas... não é bem assim.

O dinheiro, sem dúvida, pode reparar o prejuízo de ordem financeira, mas não podemos olvidar que, não raro, o problema econômico que envolve alguém ou um grupo familiar desencadeia prejuízos de ordem moral que o dinheiro que não supre.

É bem possível que os males ocasionados por Zaqueu àqueles que ele tenha defraudado, tenham levado muitas famílias a se desestruturarem: um filho que não pode estudar, uma filha que tomou diferente rumo na vida, talvez, até se entregando à prostituição, um menino que, premido pela necessidade, se transfigurou em delinquente...

Quantos são, afinal, os que, prejudicados materialmente por outrem, podem, sob o aspecto moral, padecerem danosas consequências para o resto de sua caminhada terrestre?!...

Esse prejuízo ocasionado por Zaqueu, em sua excessiva ambição e, por certo, desonestidade, não poderia ser sanado nem que ele entregasse às suas vítimas toda a fortuna acumulada, às custas das muitas lágrimas vertidas por elas.

Somente através das vidas sucessivas, ou da Reencarnação, é que Zaqueu poderia ficar quites com a Lei de Causa e Efeito, nos prejuízos morais de que foi o autor.

Convém, pois, irmos devagar na reflexão do episódio em pauta, porque se Jesus disse que naquele dia houve salvação na casa de Zaqueu, Ele não disse que Zaqueu estava absolvido das culpas adquiridas, mas, sim, que, provavelmente, a partir daquele dia, o publicano de pequena estatura deixaria de se comprometer ainda mais do que já havia se comprometido.

O dinheiro pode pagar a dívida feita por ele, mas não pode quitar os débitos morais decorrentes dos males que causa.

 

INÁCIO FERREIRA

Uberaba – MG, 6 de Agosto de 2023.