domingo, 12 de maio de 2024

 

“Mais, Nóis Vai Ficá, Né?!...”

 

Em um Centro Espírita, no interior de Minas Gerais, o orador, inflamado falava sobre o palpitante tema do êxodo planetário:

 

A Terra está caminhando para ser um mundo de regeneração, deixando a condição de expiações e provas...

O exílio está se aproximando, semelhante ao que, um dia, aconteceu em Capela...

Os capelinos revoltosos foram banidos para mundos distantes, inclusive para a Terra...

Somos descendentes deles, os capelinos...

A situação do mundo está piorando, mas, antes de melhorar, vai piorar mais...

Não devemos nos assustar...

É da Vontade de Deus que assim seja...

Os maus serão impedidos de voltar à reencarnar aqui...

Apenas os mansos e pacíficos herdarão a Terra...

É o que Jesus nos fala...

Os que exploram a fé alheia serão enxotados da comunidade humana no orbe terrestre...

Já está acontecendo...

Vejamos as catástrofes, as epidemias...

O Covid no mundo, agora a dengue, as enchentes, as secas, os incêndios, as guerras...

Apenas os bons ficarão...

Os que tiverem fé em Jesus Cristo...

 

E o orador, quase transfigurado, prosseguia, com um sorriso que não lograva disfarçar no canto dos lábios:

 

Esses corruptos, esses políticos que roubam...

Os falsos cristos e os falsos profetas...

Os que apenas têm aparência de bondade, mas são lobos em pele de ovelhas...

Joio em meio ao trigo...

Os mentirosos, os caluniadores, os orgulhosos, egoístas...

Para a Humanidade, aproxima-se o momento da Grande Colheita...

Esses criminosos...

Os que pecam e vêm rezar e, depois, tornam a pecar...

Nem todos os que dizem “Senhor, Senhor”, serão salvos do expurgo planetário...

Não adianta andar com a Bíblia, ou com o Evangelho fechado debaixo do braço...

Irão todos embora...

Todos, todos...

Como no Festim de Baltazar, tudo está contado, pesado e medido...

 

Foi, então, que, em reação inesperada, um senhor, de meia idade, que se encontrava na plateia, ergueu-se do banco e em seu típico linguajar de homem simples, perguntou:

 - “Mais, nóis vai ficá, né?!...”

 

INÁCIO FERREIRA

 

Uberaba – MG, 12 de Maio de 2024.