Mediunidade e Circo
Infelizmente, a invigilância de muitos médiuns termina por transformar a mediunidade em um verdadeiro circo, dando espetáculo de graça aos opositores da Doutrina.
Tal vem acontecendo desde que “famoso” médium foi acusado publicamente, em 1962, por Chico Xavier, de plágio, em carta datilografada de 10 páginas!...
Cremos, de nossa parte, que Chico não teria tomado a decisão que tomou caso não considerasse o que ocorreu como sendo de suma gravidade para a Doutrina.
Envolvidos pelo “canto da sereia”, muita gente boa aplaudiu, e ainda aplaude, o referido medianeiro, cujos adeptos chegam a considerá-lo superior a Chico, sabendo que foi ele o introdutor do Elitismo no Movimento Espírita – a reencarnação de um filósofo sofista.
Os espíritos, evidentemente, podem se comunicar por vários médiuns – os médiuns não são os seus “proprietários”, e vice-versa –, todavia, a falta de ética mediúnica vem, praticamente, desmoralizando a mediunidade perante a opinião pública, com médiuns, sem qualquer escrúpulo, invadindo a seara alheia e se apropriando do trabalho que realizam.
Chico Xavier, em 1958, chegou a sofrer o aludido problema com um seu sobrinho, que, infelizmente, veio acabar alcoólatra, depois de ter acusado o tio de mistificador, com o assunto ganhando as páginas dos principais periódicos da época.
O próprio Kardec não escapou à semelhante artimanha das trevas, pois, mal tendo lançado “O Livro dos Espíritos”, dando início ao trabalho da Terceira Revelação, um advogado francês de nome Roustaing, já se atrevia a ser o mentor da “Revelação da Revelação”, provocando uma cisão que persiste até hoje, mesmo nos quadros diretivos da Federação Espírita Brasileira.
Acreditamos que a questão do plágio espírita, cometido por médiuns e não médiuns, haverá de continuar e, no futuro, causará grave problema para a Doutrina.
Não sabemos, ao certo, o que a move, mas há um misto de admiração e inveja, de mistificação e insanidade, em sua base, sendo lamentável ver tantos medianeiros promissores sem coragem para desbravar o seu próprio caminho no intercâmbio com o Mais Além.
Note-se, por exemplo, que no delicado campo da cura são inúmeros os médiuns que dizem “receber” o Dr. Fritz, quando sabemos que a tarefa do médico alemão desencarnado se encerrou com a desencarnação de José Arigó, o seu único intérprete.
Pode acontecer, sim, que muitos outros espíritos ajam em seu nome, todavia não temos observado os seus instrumentos mediúnicos, em nome da honestidade, fazendo semelhante esclarecimento. Em Uberaba, nesta última eleição, um candidato a vereador, que se diz médium de cura, espalhou cartazes pela cidade pedindo à população que votasse no “Dr. Fritz”... Ridiculíssimo!... Felizmente, foi derrotado fragorosamente.
De fato, muitos médiuns incipientes, à procura de promoção pessoal, estão à procura de picadeiro, o que, na atualidade, não é difícil encontrar, pois existem até aqueles que estão pagando para vê-los em ação com as suas acrobacias.
Em Portugal, inúmeros médiuns brasileiros que lá têm ido, desde muito tempo, estão ganhando dinheiro – era em escudos, agora é em euro –, com um desses médiuns de cura do Brasil tendo, inclusive, feito que o seu anfitrião se levantasse de madrugada e fosse até ao Banco sacar determinada importância – o depoimento é do próprio anfitrião.
Enfim, como disse Denis, o Espiritismo será o que dele fizerem os espíritas... – na atualidade, estão estendendo uma grande lona e fazendo um circo!
Façamos o que quisermos, só não nos esquecendo de que, em breve tempo, por tudo haveremos de responder, e a coisa há de ser mais feia do que muita gente que brinca de Espiritismo possa imaginar!...
INÁCIO FERREIRA
Uberaba – MG, 27 de outubro de 2024.