segunda-feira, 19 de junho de 2017

COMO VOCÊ INTERPRETA?! – XIII

Ainda no capítulo 24, do livro “Nosso Lar”, André Luiz registra o apelo do locutor de “Moradia”, ante a iminência da guerra que estava prestes a estourar (a Segunda Grande Guerra Mundial):
“Emissora do Posto Dois, de Moradia. Continuamos a irradiar o apelo da colônia em benefício da paz na Terra. Companheiros e irmãos, invoquemos o amparo das poderosas Fraternidades da Luz, que presidem aos destinos da América! Cooperai conosco na salvação de milenários patrimônios da evolução terrestre. (...)
Vejamos que os espíritos, vinculados à evolução da Humanidade, contavam com a participação decisiva da América do Norte, no sentido de que a guerra fosse evitada – infelizmente, tal não aconteceu, porque a Alemanha, no dia 1 de setembro de 1939, invadiu a Polônia. Mesmo assim, com as bombas atômicas que foram lançadas, respectivamente, sobre Hiroshima e Nagasaki, no Japão, a 6 e 9 de agosto de 1945, – a guerra que não cessara no Pacífico –, os EEUU, provocando a rendição do Japão, interferiram para que a Grande Guerra cessasse. No entanto, segundo dados estatísticos, cerca de 47 milhões de pessoas foram mortas no confronto, que arrasou diversas cidades: Londres, Varsóvia, Roterdã, Tókio, Osaka, Hambugo, Dresden, Berlin.
Com a guerra, segundo a palavra preocupada do locutor de “Moradia”, e qual não se é difícil inferir, vastos patrimônios culturais da Humanidade foram destruídos. Fato semelhante ao que foi praticado, no século XVIII, quando aconteceu a destruição da Biblioteca de Alexandria, considerado o maior patrimônio perdido da História, por ordem do governador provincial do Egito, Amir Ibne Alas.
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No final do capítulo 24, podem-se ler as palavras de Lísias, no diálogo mantido com André Luiz:
“... o Ministério da União Divina esclareceu que a humanidade carnal, como personalidade coletiva, está nas condições do homem insaciável que devorou excesso de substâncias no banquete comum. A crise orgânica é inevitável. Nutriram-se várias nações de orgulho criminoso, vaidade e egoísmo feroz. Experimentam, agora, a necessidade de expelir os venenos letais.”
Não estaria a Humanidade atual, quase oitenta anos depois, vivenciando a mesma situação, de vez que, infelizmente, a lição “estomacal” não tendo sendo aprendida, continuou ela a se alimentar do que, agora, parece ter necessidade de voltar a expelir?!
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No capítulo seguinte, o de número 25 de “Nosso Lar” – intitulado “Generoso Alvitre” –, André Luiz transcreve orientações transmitidas por D. Laura, que, então, o aconselha a agarrar a primeira oportunidade de trabalho que se lhe oferecesse:
“Ao invés de albergar a curiosidade, medite no trabalho e atire-se a ele na primeira ocasião que se ofereça. (...) não olvide que o espírito de investigação deve manifestar-se após o espírito de serviço. Pesquisar atividades alheias, sem testemunhos no bem, pode ser criminoso atrevimento.”
Têm-se a impressão de que a sábia advertência da genitora de Lísias aplica-se, claramente, a atitude de muitos, inclusive de muitos companheiros de Ideal, que vivem de pesquisar as atividades alheias... Incapazes de produzirem por si mesmos criticam os que estão produzindo. Nada escrevem eles de substancioso, sequer uma brochura, e, no entanto, querem atear fogo à “Biblioteca de Alexandria”, acreditando estarem prestando um grande serviço à Doutrina.
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Prosseguindo a incentivar André Luiz ao trabalho, a ele que fora sobre a Terra o célebre cientista brasileiro Dr. Carlos Chagas – Carlos Justiniano Ribeiro Chagas –, Dona Laura pontifica:
“A ciência de recomeçar é das mais nobres que nosso espírito pode aprender.”
O diálogo entre ambos, porém, necessitou ser interrompido, porque alguém batera à porta da residência. Tratava-se de Rafael, o amigo que fora buscar André Luiz – ele, simplesmente, bateu à porta, e não a atravessou como se fosse uma fumacinha que se esgueira pelo buraco da fechadura...

INÁCIO FERREIRA

Uberaba – MG, 19 de junho de 2017.