domingo, 20 de abril de 2025

 

18 de Abril de 1857/2005

 

168 anos da publicação de “O Livro dos Espíritos”!...

Sem dúvida, um livro que, desde o seu lançamento, esteve à frente de seu tempo.

O seu conteúdo de Tríplice Aspecto – Ciência, Filosofia e Religião –, ainda está a ser, vagarosamente, assimilado, mesmo pelos espíritas mais estudiosos.

Acontece que não é fácil aos espíritos, em geral, a mudança mental de Paradigmas em torno da própria imortalidade.

Poucos são os espíritos, encarnados e desencarnados, que se encontram preparados para viverem a sua imortalidade!...

Deste Outro Lado da Vida, podemos constatar a realidade do que acima afirmamos, de vez que, os que não estão a dormir, aguardando, sem saber, por um novo corpo na Terra, têm dificuldade para admitir a possibilidade do próprio desenlace...

O espírito insiste em continuar sendo a casca, e não a castanha que a casca contém...

Continua insistindo em ser a ostra, e não a pérola...

Em ser a árvore, e não a seiva...

De fato, “O Livro dos Espíritos” é um livro “inconscientemente” ignorado, porque os homens têm medo da efetuar a mudança de Paradigmas que ele, desde o século XIX, anunciou.

O “inconsciente” lhes diz que é melhor prosseguirem aspirando ao Céu, ou à ressureição no Dia do Juízo Final – será muito menos trabalhoso...

Os próprios espíritas – não todos! – tremem quando cogitamos da Reencarnação no Mundo Espiritual, e dizem, quando não ironizam:

- Doutor, morrer uma vez já é difícil, morrer outra vez?!...

Sim, e sempre, a fim de viver mais e infinitamente – respondo-lhes.

- “Nascer, viver, morrer, renascer e progredir sempre, tal é a Lei.” – Tornar a nascer, tornar a viver, tornar a morrer e tornar a renascer, nas muitas Moradas da Casa do Pai, para progredir sempre – eis a Lei em espírito e verdade.

Muitos irmãos de Ideal espírita-cristão preferem desfrutar à guisa de céu, que desfrutavam em suas convicções infantis, do Mundo Espiritual que é apenas e tão somente a outra metade da “cebola” em que vivemos – da “nossa cebola”, perdida em meio a imenso “cebolal”...

Como dizia Chico Xavier, Deus é “um plantador de cebolas”!...

Por agora, cada espírito está estagiando em uma das camadas concêntricas da “cebola” – claro existem cebolas “comuns”, morada de “ceboleiros” comuns e cebolas de “qualidade”, como a Cipolla Ramato de Montoro, onde residem os “ceboleiros” mais aperfeiçoados, semelhantemente aos que habitam o Metaverso, e outros o Omniverso...

A vida é um Matrix Divino!...

Por isto, e mais, “O Livro dos Espíritos” é um livro temido pelos teólogos, cristalizados em suas crenças de vida, e filósofos que se encantam de seu próprio pobre saber.

Temido, sim, pelos que querem continuar vivendo após a morte, desde que seja em uma espécie de oásis imperturbável, donde emana leite e mel.

Temido, ainda, pelos que, crendo ser coragem, e não ignorância, admitem na morte o ponto final da existência – certamente, mais saberetas que Sócrates, o mais sábio dentre todos os homens.

Salve “O Livro dos Espíritos”! Salve Allan Kardec, três vezes salve! Salve Chico Xavier, para sempre salve!...

 

INÁCIO FERREIRA

Uberaba – MG, 20 de abril de 2025.

 

 

 

 

domingo, 13 de abril de 2025

 

“Instrumento” de Obsessor

 

Joaquim Cassiano, médium espírita uberabense já desencarnado, costumava dizer que o obsessor, por vezes, a fim de alcançar o seu objetivo contra quem desejava prejudicar, buscava o seu “instrumento” longe...

No entanto, o “instrumento” de que o obsessor se vale para atingir o alvo que elegeu, pode estar vivendo ao seu lado, ou à frente de seus olhos.

Hoje em dia, inclusive, o obsessor pode lançar mão até mesmo da Internet para molestar, moral e intelectualmente, a quem, porventura, esteja querendo fazer o mal.

Existem pessoas, quase sempre desocupadas, e já perturbadas pelos seus obsessores, que ocupam a Internet postando imagens, textos, diminutos filmes, etc, que terminam, pela sua repetição, fazendo quem com eles se comprazem terminem permitindo que os seus pensamentos sejam poluídos...

Sim, atualmente, as obsessões, via Internet, são numerosíssimas, através dos “instrumentos” encarnados que espalham notícias inverídicas e fomentam boatos, fornecendo, diuturnamente, alimento mental deletério, através da imagem e do som, provindos de longa distância e que, infelizmente, “possuem” os mais frágeis.

Eu sou do tempo que o espírito obsessor, quase sempre, tinha um trabalho danado para, como diz Kardec, exercer o seu império sobre quem almejasse obsedar... Hoje em dia, porém, a obsessão, igualmente, vem se valendo da tecnologia, e atua sobre milhares de pessoas ao mesmo tempo, no mundo todo – trata-se de obsessão do mundo todo para todo mundo que com ela entra em sintonia.

Feliz daquele que, manejando o computador, assim que percebe o tentame do “instrumento” obsessivo, trata de deletá-lo de maneira imediata, não se dando ao trabalho de vasculhar o “lixo mental” que, pela mídia social, venha, gratuitamente, parar diante de seus olhos e ouvidos.

É Joaquim... Você, embora sem saber como, também tinha razão, quando dizia que o obsessor buscava longe o seu “instrumento” – apenas, àquela época – não podia imaginar que, mais que motorizada, fosse computadorizada... Antigamente, o “instrumento” chegava de ônibus, “Maria Fumaça”, avião, e até de bicicleta, vencendo quilômetros e quilômetros de distância... Hoje, num átimo, em um abrir e fechar d’olhos, o “instrumento”, representando o obsessor desencarnado ou encarnado, entra em sua casa sem precisar bater na porta.

Por este motivo, meu caro Joaquim Cassiano, a obsessão campeia entre os encarnados com extrema facilidade, e o que é pior: tanto os “instrumentos” quanto os obsessores passam por pessoas normais, difíceis de diagnosticar e, quando necessário, “trancar” em Sanatório.

Os obsessores autênticos, aqueles que do Mais Além, incomodavam os homens na Terra, estão desempregados – refiro-me àquela obsessão clássica, do obsessor acompanhando o obsidiado dia e noite, e, indiretamente, sendo obsidiado também...

Os tempos mudaram, Joaquim, e precisamos nos adequar a eles, promovendo a “desobsessão via Internet”, incentivando os nossos companheiros a postarem apenas e tão somente notícias que consolem os que sofrem e esclareçam os que ignoram.

E, para tornar o nosso trabalho ainda mais complexo e difícil, surgiu na Terra o tal de celular, de forma que a gente nunca sabe se o obsessor tem o obsidiado na mão ou se é o obsidiado que carrega o obsessor no bolso.

 

INÁCIO FERREIRA

 

Uberaba – MG, 13 de abril de 2025.

 

domingo, 6 de abril de 2025

 

Resposta à Uma Amiga

 

Faz tempo que uma amigo escreveu-me, perguntando qual era a minha tática para continuar trabalhando diante dos ataques recebidos...

Hoje, respondo à ela que não emprego nenhuma tática para tanto – apenas dou à conta de nada as palavras e atitudes menos fraternas dos que nos apreciam o esforço de humilde serviçal na seara espírita-cristã.

Mesmo quando encarnado, diante das perseguições, que não eram menores, pela nossa condição de espírita, aprendi a dar à conta de nada os escarnecimentos que nos eram dirigidos, e, por vezes, através de um certo periódico que circulava em Uberaba, mantido por adeptos de outra crença religiosa.

Um dia, naturalmente aborrecido com as ironias que nos eram dirigidas, vali-me da mediunidade de Modesta, e, em nossa reunião mediúnica das quartas-feiras, no Sanatório, ousei inquirir ao Dr. Bezerra de Menezes como deveria reagir aos ataques... Então, o nosso Dr. Bezerra, respondeu-me sucinto: - Meu filho, dê tudo isso à conta de nada, porque, à exceção do Bem, todo o resto, de fato, é nada...

Não foi preciso que ele me dissesse mais, porque aquelas poucas palavras me alcançaram o espírito à semelhança de um banho de serenidade.

Todos os miasmas que, possivelmente, pairavam sobre mim, foram se desfazendo como que por encanto – aquelas nuvens escuras e tempestuosas foram se dissipando qual se tocadas pelo vento...

De lá para cá, sempre que uma pedra qualquer me fosse atirada – e ninguém me atirava pedras de diamante! –, dava o episódio à conta de nada, e, então, sem a reação que, talvez, de mim esperasse, o apedrejador ficava sem graça e terminava por exaurir-se.

A diferença entre o Bem e o Mal é a seguinte: o Mal sempre se fadiga mas o Bem é infatigável.

Quando, porventura, querida amiga, você se sentir alvo de calúnias e difamações, aprenda a dar tudo isso à conta de nada, porque, em verdade, não representam mais do que nada – absolutamente nada.

No final, o que há de ficar é tão somente o seu empenho em procurar fazer o melhor ao seu alcance.

Sofra, em silêncio, o escândalo, mas não seja o seu causador – não foi o que Jesus nos ensinou?! Sobre a Terra, e, ainda, além dela, carecemos de continuar a ser joeirados pela ação daqueles que, sem saber, estão sendo joeirados também.

É o que, em poucas palavras, eu posso lhe dizer... Tenho muita consideração por todos os nossos irmãos maledicentes, mas busco conservar os meus ouvidos longe, muito longe, de suas bocas, pois, infelizmente, eu sei o que escorre da maioria delas – matéria fecal!...

 

INÁCIO FERREIRA

 

Uberaba – MG, 7 de abril de 2025.