ALGUNS POUCOS MUITOS
O Mundo Espiritual não existe em função da Terra – é o
contrário: o material se submete ao espiritual.
A Vida Verdadeira é a do espírito, que, nos diferente Mundos,
cumpre diversos estágios reencarnatórios.
Certos espíritos, quando deixam o corpo, pela desencarnação,
simplesmente, seguem o seu caminho.
Não é que se esqueçam dos que ficam à retaguarda.
O amor não olvida a quem seja – é um laço que se estreita
para sempre.
Todavia, alcançando a compreensão da Vida Imortal, eles não
permanecem debruçados sobre o passado.
Nem sobre o passado recente.
Compreendem que necessitam caminhar.
Sabem que o reencontro com os que amam, aqui, além ou
alhures, é mera questão de tempo.
Lamentam as provas em que muitos encarnados se debatem, não
obstante, as veem agora com outros olhos.
Claro, imensa legião continua apegada, inconformada com o
desenlace.
O tempo passa para eles sem que tenham noção do tempo que
está passando.
Não conseguem se desapegar – quando o apego é apenas de ordem
afetiva, tudo bem. Acontece, no entanto, que os apegos mais doentios e difíceis
são motivados pela situação social que foram constrangidos a deixar.
“Suas” propriedade, “seu” dinheiro, “seu” nome, “sua” posição
social, “suas” ilusões e... até “seu” corpo...
Doença mental que, no Além, acomete milhões e milhões de
espíritos.
Seu único ponto de referência é a Terra – seu único ponto de
referência de Vida é o berço, que, não raro, buscam de maneira inconsciente.
Mas, realmente, certos espíritos, talvez um pouco mais
lúcidos, ao se verem dentro de nova realidade, seguem adiante.
São “absorvidos” pela Nova Vida.
Não dispõem de tempo para estarem se comunicando, escrevendo
cartas ou... aparecendo em sonhos.
Reencontram-se com antigos amigos e compromissos que os
requisitam.
E devagar, quanto mais o tempo passa, vão como que se
desligando da Terra...
Assim como os encarnados vão se desligando do Mundo
Espiritual.
Existe, sim, o esquecimento às avessas.
Esses espíritos, deste Outro Lado, nem sempre compreendem que
estão deste Outro Lado – aceitam, pacificamente, que estavam vivendo um sonho
do qual, finalmente, acordaram, sem saber que continuam sonhando,.
Sim, sonhavam que estavam encarnados, vivendo num planeta
distante...
A mente é uma caixa de surpresas – infinitas!
Daí, na maioria das vezes, a ausência de notícias para os
encarnados daqueles que partiram – eles, os que partiram, sequer sabem da
Mediunidade, sequer sabem utilizá-la, sequer creem na possibilidade do contato
interdimensional...
Assim como os espíritos deixam o Mundo Espiritual para
construir uma nova vida na Terra, os homens devem deixar a Terra para construir
uma nova vida no Mundo Espiritual – ou, então, retomar, conforme dissemos,
antigos compromissos que ficaram à sua espera.
A reencarnação é uma viagem mais longa, mais duradoura –
apenas e tão somente isto.
Alguns poucos muitos espíritos, ao desencarnarem, afastam-se,
e, passam a considerar que nada de mais significativo lhes sucedeu – um tropeço
na caminhada.
Não têm noção de Vida Eterna – não sabem que uma Vida se
continua à outra e... não sabem costurar as Duas Realidades.
Alguns poucos muitos, pela vez primeira, estão ouvindo falar
em Reencarnação – em Vidas Sucessivas.
Morrem e prosseguem vivendo com naturalidade
– estão dentro da cena de um filme, que, essência, é uma minissérie de
inesgotáveis capítulos.
INÁCIO FERREIRA
Uberaba – MG, 15 de Novembro de 2020.