OBSESSÃO NÃO
DECLARADA
“E veio ali uma mulher
possessa de um espírito que a mantinha na enfermidade, havia já dezoito anos;
andava ela encurvada, sem de modo algum poder endireitar-se.” – Lucas, cap. 13 –
v. 11
A questão da obsessão, em seus extremos, é claramente tratada
por Jesus no Evangelho. Negar-lhe a evidência, seria negar a autenticidade do
testemunho dos Evangelistas.
Na citação acima, Lucas, que era médico, refere-se a um
clássico caso de subjugação obsessiva de natureza moral e física: a mulher era
possuída por um espírito há dezoito anos!
Obsessor e obsidiada viviam em tal processo de simbiose que,
sem a intervenção do Cristo, que ordenou a retirada do espírito que a
vampirizava, a mulher provavelmente desencarnaria de maneira precoce.
Existem, assim, casos de obsessão complexa que, induzindo as
suas vítimas a estranhos padecimentos, chegam a ser confundidos com loucura.
Antes do surgimento do Espiritismo e dos notáveis estudos
realizados de Allan Kardec, que distinguiu mediunidade de obsessão, quase todos
os problemas de natureza psíquica eram catalogados por enfermidade da mente,
com os portadores de semelhantes estados patológicos sendo sentenciados aos
hospícios.
Hoje, felizmente, embora ainda o preconceito religioso
dominante, a própria Ciência começa a se inclinar para a realidade da
influência espiritual de ordem nociva, admitindo a hipótese da chamada “personalidade
intrusa” atuando sobre o encarnado.
Todavia, é mister considerar que nem sempre a interferência
obsessiva da parte do desencarnado é de fácil constatação, pela sutileza com
que age o seu agente causador em prejuízo da vítima e de terceiros.
Em situação, com certeza, mais deplorável que a da pobre
possessa, estava o chefe da sinagoga e os adversários do Senhor que O perseguiam
sem trégua, pela Sua insistência em realizar curas no dia de sábado.
Os que costumamos, pois, rotular de obsidiados são os doentes
declarados reclamando tratamento e comiseração pela ostensividade de seu estado
de desequilíbrio. Mas, em situação pior que a deles estão todos aqueles que,
aparentando lógica de raciocínio e atitudes estudadas, fazem-se de si mesmos
agentes sutis das trevas no combate à expansão da luz.
INÁCIO FERREIRA
Página extraída do livro “Bem-Aventurados os Aflitos” –
Editora Didier – Votuporanga – SP.