domingo, 18 de outubro de 2020

 

OBSESSÃO NÃO DECLARADA

 

“E veio ali uma mulher possessa de um espírito que a mantinha na enfermidade, havia já dezoito anos; andava ela encurvada, sem de modo algum poder endireitar-se.” – Lucas, cap. 13 – v. 11

 

A questão da obsessão, em seus extremos, é claramente tratada por Jesus no Evangelho. Negar-lhe a evidência, seria negar a autenticidade do testemunho dos Evangelistas.

Na citação acima, Lucas, que era médico, refere-se a um clássico caso de subjugação obsessiva de natureza moral e física: a mulher era possuída por um espírito há dezoito anos!

Obsessor e obsidiada viviam em tal processo de simbiose que, sem a intervenção do Cristo, que ordenou a retirada do espírito que a vampirizava, a mulher provavelmente desencarnaria de maneira precoce.

Existem, assim, casos de obsessão complexa que, induzindo as suas vítimas a estranhos padecimentos, chegam a ser confundidos com loucura.

Antes do surgimento do Espiritismo e dos notáveis estudos realizados de Allan Kardec, que distinguiu mediunidade de obsessão, quase todos os problemas de natureza psíquica eram catalogados por enfermidade da mente, com os portadores de semelhantes estados patológicos sendo sentenciados aos hospícios.

Hoje, felizmente, embora ainda o preconceito religioso dominante, a própria Ciência começa a se inclinar para a realidade da influência espiritual de ordem nociva, admitindo a hipótese da chamada “personalidade intrusa” atuando sobre o encarnado.

Todavia, é mister considerar que nem sempre a interferência obsessiva da parte do desencarnado é de fácil constatação, pela sutileza com que age o seu agente causador em prejuízo da vítima e de terceiros.

Em situação, com certeza, mais deplorável que a da pobre possessa, estava o chefe da sinagoga e os adversários do Senhor que O perseguiam sem trégua, pela Sua insistência em realizar curas no dia de sábado.

Os que costumamos, pois, rotular de obsidiados são os doentes declarados reclamando tratamento e comiseração pela ostensividade de seu estado de desequilíbrio. Mas, em situação pior que a deles estão todos aqueles que, aparentando lógica de raciocínio e atitudes estudadas, fazem-se de si mesmos agentes sutis das trevas no combate à expansão da luz.

 

INÁCIO FERREIRA

 

Página extraída do livro “Bem-Aventurados os Aflitos” – Editora Didier – Votuporanga – SP.