SUBLIME APELO
“Corria já em meio a festa, e Jesus subiu ao templo e ensinava.” – João, cap. 7. – v. 14
Em meio à tradicional festa dos tabernáculos, que se realizava em Jerusalém, evidenciando que não tinha tempo a perder, enquanto os homens, distraídos, se regalavam, Jesus subiu ao templo e começou a ensinar.
A Humanidade, desde sempre, como quem procura afogar a própria mágoa numa taça de vinho, na ilusão de que, assim agindo, fugirá à realidade, em meio à grande algazarra que promove, vive alheia à palavra do Senhor.
É que, de prazer em prazer, embriagando-se na carne, o espírito não se concede qualquer pausa para refletir em suas necessidades essenciais; todavia, incansavelmente subindo ao templo de sua consciência, no intuito de chamá-lo de volta à lucidez, a voz do Divino Amigo, alteando-se quanto possível, não se cala...
Raros, certamente, são os que, atordoados pela balbúrdia reinante em torno, têm a sua atenção despertada para a solitária preleção de quem, insistentemente, há quase dois mil anos, os convida para a festa que nada tem em comum com as festas do mundo.
Jesus que, no recinto das sinagogas ou na via pública, não perdia oportunidade alguma para ensinar a Verdade, ainda hoje se prevalece da menor chance que entrevê para difundi-la entre as criaturas que prosseguem tentando não ouvi-lo.
Mas ao ruído estrondoso do progresso material, brindando aos sucessos efêmeros que haverão de passar, o ser humano insiste na tática do entorpecimento dos sentidos, para não assumir, perante as Leis da Vida, a sua condição de espírito imortal e autor do próprio destino.
Não há, porém, festa na carne que dure para sempre... Um dia, triste e enfastiado de sua condição, o homem lançará fora a taça vazia e, esquivando-se ao vozerio da multidão que, sem saber, celebra a própria miséria, atenderá o Sublime Apelo que, seja na consciência de quem for, não ecoa inutilmente.
INÁCIO FERREIRA
(Página extraída do livro “Saúde Mental à Luz do Evangelho”, psicografado pelo médium Carlos A. Baccelli – edição LEEPP, Uberaba – MG)