Pactos Entre Encarnados
549. Há alguma coisa de verdadeiro nos pactos com os maus espíritos?
- Não, não há pactos, mas uma natureza má simpatiza com espíritos maus. Por exemplo: queres atormentar o teu vizinho, e não sabes como fazê-lo; chamas então a ti os espíritos inferiores, que, como tu, não querem senão o mal, e para te ajudar querem também os sirvas nos seus maus desígnios. Mas disto não se segue que o teu vizinho não possa se livrar deles, por uma conjuração contrária ou pela sua própria vontade. Aquele que deseja cometer uma ação má, pelo simples fato de o querer, chama em seu auxílio os maus espíritos, ficando obrigado a servi-los como eles o auxiliam, pois eles também necessitam dele para o mal que desejam fazer. É nisso somente que consiste o pacto. (De “O Livro dos Espíritos”)
Os espíritos encarnados, com as mesmas inclinações e intenções, buscam-se uns aos outros, e, mesmo não tendo qualquer simpatia entre si, unem-se contra o adversário que lhes é comum.
Não levemos em consideração aqui, neste pequeno comentário, a influência que os desencarnados possam ter sobre os encarnados, e vice-versa.
Sim, porquanto, não raro, os mais ferrenhos obsessores estão entre os encarnados, e não entre os espíritos libertos do corpo carnal – muitas vezes, em uma influência às avessas, são os encarnados que submetem os desencarnados aos seus caprichos e desejos.
As criaturas humanas que possuem propósitos semelhantes, sejam eles de natureza negativa ou positiva, atraem-se, e, para tanto, sequer necessitam que falem o mesmo idioma – basta que os interesses que comunguem se identifiquem, parcial ou totalmente.
Sentindo-se atraídos uns para os outros, formam grupos, bandos, facções, quadrilhas, corporações, coletividades, enfim, organizações as mais variadas, criminosas ou não, com o fito a que se propõem.
Tais espíritos costumam se congregar até mesmo dentro de uma instituição religiosa, como, por exemplo, um Centro Espírita, ou um outro órgão qualquer do Movimento Espírita, e, anulando as possíveis disposições em contrário, fazem-se prevalecer pela “força” de suas opiniões pessoais, que chegam, por vaidade ou personalismo, sobrepor aos interesses da Doutrina.
Investidos de um poder que não possuem, valem-se dos cargos para os quais foram indicados na condição de aparentes cordeiros, para, em seguida, revelarem-se como lobos à frente da matilha – chegam eles, inclusive, a falarem em nome dos Espíritos Benfeitores que mistificam a seu talante, e, segundo a palavra do Cristo, caso possível, chegariam a enganar até os próprios escolhidos...
Infelizmente, o que se vê hoje no Espiritismo na Terra, é um pacto, consciente e/ou inconsciente, feito entre certos espíritos que se encontram encarnados e que se lhe fazem adeptos com a única intenção de impedir que ele venha a cumprir com a sua tarefa de Consolador Prometido.
INÁCIO FERREIRA
Uberaba – MG, 25 de Abril de 2022