domingo, 4 de julho de 2021

 

A Mediunidade

E o

Mito de Prometeu

 

O assunto é complexo, e demanda continuados estudos.

Tema delicado que, no entanto, necessita ser abordado.

A mediunidade, sem dúvida, é o “canal” de comunicação com o qual os espíritos desencarnados nos deparamos para entrar em contato com os encarnados, e vice-versa.

No entanto, quanto mais a faculdade mediúnica se caracteriza pela sua intelectualidade, maiores os entraves intelectuais que carecem ser superados.

Neste sentido, a faculdade de efeitos físicos exprime-se com maior espontaneidade na produção dos fenômenos que lhe são pertinentes.

Contudo, nem mesmo, por exemplo, na materialização, os espíritos que se tangibilizam, através das emanações do ectoplasma, conseguem fazê-lo sem que sofram alguma intercorrência anímica de seu principal doador.

Detendo-nos, porém, na apreciação dos fenômenos de ordem intelectual, não raro, o “canal” de que nos valemos, à semelhança do leito de uma fonte a jorrar, se nos apresenta com determinados obstáculos a serem vencidos.

Imaginemos uma pedra colocada sobre o leito da fonte que pretende alcançar o rio, sentindo-se ela constrangida a contorná-la por seus lados, ou a transpô-la em pequena cascata, ou ainda estancar-se para que, elevando a suas águas de nível, consiga, assim, suplantá-la...

Por mais nos esforcemos, do ponto de vista intelectual, em qualquer contato que busquemos estabelecer com os encarnados, carecemos de nos sujeitar às condições, muitas vezes precárias, que se nos oferece ao referido mister.

É da Lei que não consigamos, nós, os desencarnados, refletir para a Terra a claridade da luz da revelação que os olhos humanos não logram suportar.

Situação idêntica é a nossa, deste Outro Lado, que não estamos em condições de receber, advindas do Plano Superior, reflexos mais potentes da luz da Verdade, sem que esses mesmos reflexos sejam filtrados com o propósito de não nos afetarem.

Por este motivo, por mais nos esforcemos, junto a esse ou àquele medianeiro, sempre nos submetemos, na esfera do pensamento, a certos limites que não podem ser ultrapassados.

O próprio cérebro humano ainda não contém todas as sinapses pelas quais, mais tarde, poderão transitar informações mais detalhadas que os homens almejam a respeito da Vida de além-túmulo.

Até que a evolução, mutuamente, nos favoreça, continuemos trabalhando e tentando seguir o exemplo de Prometeu que, pela sua ousadia de levar à Terra o fogo dos deuses que habitavam o Olimpo, pagou alto preço ao ser acorrentando a um rochedo, onde, todos os dias, padecia o escárnio dos abutres que lhe vinham devorar o fígado.

 

INÁCIO FERREIRA

 

Uberaba – MG, 4 de Julho de 2021.

 

Nota: Este Blog voltará com as suas publicações no dia 25 de Julho.