A Mediunidade
E o
Mito de Prometeu
O assunto é complexo, e demanda continuados estudos.
Tema delicado que, no entanto, necessita ser abordado.
A mediunidade, sem dúvida, é o “canal” de comunicação com o
qual os espíritos desencarnados nos deparamos para entrar em contato com os
encarnados, e vice-versa.
No entanto, quanto mais a faculdade mediúnica se caracteriza
pela sua intelectualidade, maiores os entraves intelectuais que carecem ser
superados.
Neste sentido, a faculdade de efeitos físicos exprime-se com
maior espontaneidade na produção dos fenômenos que lhe são pertinentes.
Contudo, nem mesmo, por exemplo, na materialização, os
espíritos que se tangibilizam, através das emanações do ectoplasma, conseguem
fazê-lo sem que sofram alguma intercorrência anímica de seu principal doador.
Detendo-nos, porém, na apreciação dos fenômenos de ordem
intelectual, não raro, o “canal” de que nos valemos, à semelhança do leito de
uma fonte a jorrar, se nos apresenta com determinados obstáculos a serem
vencidos.
Imaginemos uma pedra colocada sobre o leito da fonte que
pretende alcançar o rio, sentindo-se ela constrangida a contorná-la por seus
lados, ou a transpô-la em pequena cascata, ou ainda estancar-se para que,
elevando a suas águas de nível, consiga, assim, suplantá-la...
Por mais nos esforcemos, do ponto de vista intelectual, em
qualquer contato que busquemos estabelecer com os encarnados, carecemos de nos
sujeitar às condições, muitas vezes precárias, que se nos oferece ao referido
mister.
É da Lei que não consigamos, nós, os desencarnados, refletir
para a Terra a claridade da luz da revelação que os olhos humanos não logram
suportar.
Situação idêntica é a nossa, deste Outro Lado, que não
estamos em condições de receber, advindas do Plano Superior, reflexos mais potentes
da luz da Verdade, sem que esses mesmos reflexos sejam filtrados com o propósito
de não nos afetarem.
Por este motivo, por mais nos esforcemos, junto a esse ou
àquele medianeiro, sempre nos submetemos, na esfera do pensamento, a certos
limites que não podem ser ultrapassados.
O próprio cérebro humano ainda não contém todas as sinapses
pelas quais, mais tarde, poderão transitar informações mais detalhadas que os
homens almejam a respeito da Vida de além-túmulo.
Até que a evolução, mutuamente, nos favoreça, continuemos
trabalhando e tentando seguir o exemplo de Prometeu que, pela sua ousadia de
levar à Terra o fogo dos deuses que habitavam o Olimpo, pagou alto preço ao ser
acorrentando a um rochedo, onde, todos os dias, padecia o escárnio dos abutres
que lhe vinham devorar o fígado.
INÁCIO FERREIRA
Uberaba – MG, 4 de Julho de 2021.
Nota: Este Blog voltará com as suas
publicações no dia 25 de Julho.