Comando Interior (*)
Os que, interiormente, sentem-se comprometidos com a Causa do Evangelho, não recuam diante dos obstáculos encontrados para continuarem servindo ao Ideal abraçado.
Chico Xavier costumava dizer que, graças à uma força que vem de Cima, ele perseverava na tarefa que abraçara desde os 17 de idade...
Acreditamos que os irmãos e irmãs espíritas que não recuam em suas atividades doutrinárias, enfrentando os desafios com os quais se deparam, são, igualmente, sustentados por essa força que os impele a continuar.
Hoje em dia, ao que nos parece, os espíritas, em geral, se defrontam com dificuldades mais dentro do que fora do Movimento para prosseguirem cumprindo com os seus deveres.
Infelizmente, estabeleceu-se entre vários confrades um espírito de competição para estar com a Verdade, ou com a razão em determinado ponto de vista, que vem levando ao enfraquecimento do Movimento.
Os espíritas, dizíamos dias atrás a um amigo que nos interpelou a respeito, não estão perdendo espaço para os integrantes de outras religiões, mas, sim, para si mesmos, porquanto o personalismo e a vaidade estão nos vencendo, espalhando o desalento entre os adeptos que nos flagram em nossas imperfeições que, de repente, ficaram tão à mostra.
Antigamente, os espíritas, embora pensassem de maneira diferente em certos aspectos doutrinários, eram mais unidos, fraternos, porquanto reconhecíamos que o adversário comum era o fanatismo religioso, oriundo de outros credos contra os nossos Princípios.
Hoje, porém, em vez de continuarmos abraçados no enfrentamento da luta, dando a impressão de que nos abraçamos, apenas e tão somente nos atracamos, procurando nos impor uns aos outros, chegando ao cúmulo de querer lhes cassar a liberdade de expressão.
Inútil esforço esse, de vez que os que chegaram a conhecer a liberdade de ser, de pensar, enfim, de ir e vir, jamais voltarão a aceitar a canga.
Dizem na atualidade que a Liberdade é sim mais importante que a Vida, e concordamos completamente com o enunciado popular, porquanto nada pior do que a escravidão do pensamento do homem pelo próprio homem.
Por não aceitar que Lhe escravizassem a maneira de pensar, o Cristo abraçou-se à cruz, ensinando-nos que, no tempo, o Amor e a Verdade, aliás, como, igualmente, dizia Mahatma Gandhi, sempre prevalecessem no fim – Gandhi dizia que era essa certeza que lhe dava forças para continuar, embora lhe tivesse sido muito mais fácil lograr a independência política da Índia, do que pacificar, internamente, hindus e muçulmanos.
Não desistamos de nossos compromissos espirituais, fazendo ouvidos moucos aos que nos queiram condenar ao silêncio, condenados que já encontram pela própria consciência.
Quem busca atender ao seu “comando” interior, nem ele sabe explicar como seja capaz de toda escuridão ir deixando para trás, seguindo, a passos ainda lerdos, sem dúvida, porém seguindo na direção da luz.
INÁCIO FERREIRA
Uberaba – MG, 27 de fevereiro de 2025.
(*) Publicado antecipadamente por motivo de viagem doutrinária. Estaremos de volta assim que possível.