domingo, 21 de fevereiro de 2021

 

Escolhas

 

Sem a intenção de pessimismo em nossa palavra, as escolhas que a Humanidade vem fazendo em relação ao seu futuro, infelizmente, não são nada otimistas.

Salvo exceções, e elas não são poucas, os espíritos atualmente encarnados no orbe terrestre vêm revelando grande desinteresse pelas coisas que lhes dizem respeito à essência do ser – do ser imortal, com a tarefa de cuidar do próprio destino, arcando com as consequências de seus atos.

Há, sim, um grande descaso em relação aos temas dos quais as religiões, ao longo do tempo, têm se apropriado, mas que transcendem o seu domínio – as religiões, como um todo, quando não ficaram ultrapassadas em seus postulados, desvirtuaram-se dos Princípios nos quais se alicerçaram.

O mundo, na atualidade, não sente falta de religiões, que contam-se às centenas, para todos os gostos e interesses, mas se ressente, profundamente, da ausência de religiosidade, ou, em outras palavras, de espiritualidade.

Emmanuel, o prefácio do livro “Nosso Lar”, de André Luiz, grafou em 3 de Outubro de 1943, portanto há quase 80 anos atrás: “...precisamos, em verdade, do ESPIRITISMO e do ESPIRITUALISMO, mas muito mais de ESPIRITUALIDADE.”

O que temos assistido, pois, em matéria de escolhas que os homens, em geral, estão efetuando, não nos autoriza a prognósticos que não nos induzam a receios de que as provas coletivas, doravante, venham a se multiplicar e a se diversificarem.

O homem, no que tange ao respeito e à ética, está chegando ao limite do “tolerável”, e não falta muito para que, de livre escolha, faça transbordar o fel da taça.

Infelizmente, imensas legiões de espíritos, em todo o mundo, que estão despertando para as realidades mais altas da Vida, não terão como serem poupadas das tempestades que hão de se abater sobre a Humanidade, e muitos haverão de sofrer as consequências do naufrágio em alto mar, sendo, porém, pela Lei Divina, recompensados pelos seus testemunhos de fé.

Quando o próprio Senhor não se eximiu, em favor das criaturas humanas, do martírio na cruz, não há um só espírito, por mais justo, que possa se considerar em situação de privilégio.

A Espiritualidade Maior, desde muito tempo, tem envidado esforços no sentido de que o homem, pelo menos, faça jus à sua condição humana, mas o lamentável espetáculo que assistimos nos leva a duvidar de que já tenhamos nos distanciado o suficiente de nossa condição primitiva.

Portanto, continuemos a orar e a vigiar, procurando, os que assim o desejarem, a perseverar nos caminhos do Bem, não contemporizando com o mal, nem que, para tanto, venhamos a conhecer o menosprezo da maioria.

Nada parece conseguir deter a marcha dos acontecimentos infelizes que estão se desencadeando, a curto e a médio espaço de tempo, que farão com que muitas lágrimas sejam vertidas, sob a insensibilidade daqueles que se julgam inatingíveis pelas provações que irão bater às portas de seus bunkers e de suas fortalezas palacianas, nivelando-os ao mais comum dos mortais que sempre abjuraram em sua condição social.

Que o Cristo nos auxilie a não tergiversar na hora do testemunho pessoal e, resignados, aceitemos a parte que nos compete, qual, outrora, os cristãos, de todas as idades, aceitavam o sacrifício nos circos de martírio, faceando, a cantar, a morte com que se deparavam nas fogueiras, nas câmaras de tortura e na boca das feras famintas que as devoravam vivas.

 

INÁCIO FERREIRA

 

Uberaba – MG, 21 de Fevereiro de 2021.