Escolhas
Sem a intenção de pessimismo em nossa palavra, as escolhas
que a Humanidade vem fazendo em relação ao seu futuro, infelizmente, não são
nada otimistas.
Salvo exceções, e elas não são poucas, os espíritos
atualmente encarnados no orbe terrestre vêm revelando grande desinteresse pelas
coisas que lhes dizem respeito à essência do ser – do ser imortal, com a tarefa
de cuidar do próprio destino, arcando com as consequências de seus atos.
Há, sim, um grande descaso em relação aos temas dos quais as
religiões, ao longo do tempo, têm se apropriado, mas que transcendem o seu
domínio – as religiões, como um todo, quando não ficaram ultrapassadas em seus
postulados, desvirtuaram-se dos Princípios nos quais se alicerçaram.
O mundo, na atualidade, não sente falta de religiões, que
contam-se às centenas, para todos os gostos e interesses, mas se ressente,
profundamente, da ausência de religiosidade, ou, em outras palavras, de
espiritualidade.
Emmanuel, o prefácio do livro “Nosso Lar”, de André Luiz,
grafou em 3 de Outubro de 1943, portanto há quase 80 anos atrás: “...precisamos,
em verdade, do ESPIRITISMO e do ESPIRITUALISMO, mas muito mais de
ESPIRITUALIDADE.”
O que temos assistido, pois, em matéria de escolhas que os
homens, em geral, estão efetuando, não nos autoriza a prognósticos que não nos
induzam a receios de que as provas coletivas, doravante, venham a se
multiplicar e a se diversificarem.
O homem, no que tange ao respeito e à ética, está chegando ao
limite do “tolerável”, e não falta muito para que, de livre escolha, faça
transbordar o fel da taça.
Infelizmente, imensas legiões de espíritos, em todo o mundo,
que estão despertando para as realidades mais altas da Vida, não terão como
serem poupadas das tempestades que hão de se abater sobre a Humanidade, e muitos
haverão de sofrer as consequências do naufrágio em alto mar, sendo, porém, pela
Lei Divina, recompensados pelos seus testemunhos de fé.
Quando o próprio Senhor não se eximiu, em favor das criaturas
humanas, do martírio na cruz, não há um só espírito, por mais justo, que possa
se considerar em situação de privilégio.
A Espiritualidade Maior, desde muito tempo, tem envidado
esforços no sentido de que o homem, pelo menos, faça jus à sua condição humana,
mas o lamentável espetáculo que assistimos nos leva a duvidar de que já
tenhamos nos distanciado o suficiente de nossa condição primitiva.
Portanto, continuemos a orar e a vigiar, procurando, os que
assim o desejarem, a perseverar nos caminhos do Bem, não contemporizando com o
mal, nem que, para tanto, venhamos a conhecer o menosprezo da maioria.
Nada parece conseguir deter a marcha dos acontecimentos
infelizes que estão se desencadeando, a curto e a médio espaço de tempo, que
farão com que muitas lágrimas sejam vertidas, sob a insensibilidade daqueles que
se julgam inatingíveis pelas provações que irão bater às portas de seus bunkers
e de suas fortalezas palacianas, nivelando-os ao mais comum dos mortais que
sempre abjuraram em sua condição social.
Que o Cristo nos auxilie a não tergiversar na hora do testemunho
pessoal e, resignados, aceitemos a parte que nos compete, qual, outrora, os
cristãos, de todas as idades, aceitavam o sacrifício nos circos de martírio,
faceando, a cantar, a morte com que se deparavam nas fogueiras, nas câmaras de
tortura e na boca das feras famintas que as devoravam vivas.
INÁCIO FERREIRA
Uberaba – MG, 21 de Fevereiro de 2021.