COMO VOCÊ
INTERPRETA?! – LI
Na sequência do capítulo 47, de “Nosso Lar”, Dona Laura
confidencia ao Ministro Genésio o teor de seus outros dois receios em sua
intenção de reencarnar, acompanhando a Ricardo, o esposo, que já se encontrava
reencarnado.
O 1º receio, conforme vimos, era alusivo ao esquecimento do
passado, alegando que tinha medo de reincidir em velhos erros, que ela
considerava na condição de úlceras mal cicatrizadas. Em resposta, o Ministro,
que estava representando o Governador, lhe diz: “Não ignoro o que representam as sombras do campo inferior, mas é
indispensável coragem, e caminhar para diante. Ajudá-la-emos a trabalhar muito
mais no bem dos outros, que na satisfação de si mesma. o grande perigo, ainda e
sempre, é a demora nas tentações complexas do egoísmo.”
O trabalho em favor do próximo é poderoso auxílio para que o
espírito reencarnado supere o esquecimento específico de seus compromissos
espirituais, de vez que, procurando ser útil aos semelhantes, ele estará
estabelecendo defesas naturais contra o olvido de seus deveres.
*
Em seguida, continuando a dialogar com o Ministro, ela se
refere ao seu 2º receio: a influência do meio. O seu 2º receio, evidentemente,
seria consequência do 1º, pois, a influência do meio é que nos facilita o esquecimento
de nossas obrigações espirituais com a Vida. E, sem dúvida, a influência do
meio, chega a ser mais difícil a ser superada que o esquecimento do passado – o
olvido temporário, não raro, chega a ser benéfico para o espírito, mas, em um
orbe de provas e expiações, a influência do meio é muito difícil de ser vida:
as tentações, os arrastamentos, as oportunidades de cair, os atalhos que a
estrada oferece, a formação educacional que, por vezes, não concorre para a
espiritualização da criatura...
*
E, por fim, Dona Laura expõe ao Ministro Genésio, o seu 3º
receio, ou medo, na reencarnação: a questão dos ascendentes biológicos, ou da
herança genética que lhe tocaria na formação de seu novo corpo...
Realmente, nem sempre, ao reencarnar, o espírito logra sobrepor-se
à matéria – na maioria das vezes, ele se sujeita, integralmente, às leis da
hereditariedade. E sabemos, sem nenhuma ideia de eugenia, que existem corpos
que não facilitam o aprendizado do espírito – ele pode reencarnar debaixo de
limitações físicas imperceptíveis, que, inclusive, podem interferir em seu
estado de ânimo nas atividades que deve exercer. Existem organismos, por
exemplo, mais predispostos a desenvolverem determinados vícios...
*
Veja-se caro (a) internauta, como a questão da reencarnação é
complexa, e não se trata, simplesmente, de “entrar em um novo corpo
formação”... O espírito consciente de que a reencarnação é uma “tentativa de magna importância”,
preocupa-se com os detalhes de sua volta ao corpo. Falando a respeito do
assunto com o Ministro, Dona Laura lhe diz: -
“Ah, é verdade (...), pedi essa providência para que não me encontre
demasiadamente sujeita à lei da hereditariedade. Tenho tido grande preocupação,
relativamente ao sangue.”.
Dona Laura, mãe de Lísias, era uma das benfeitoras da
comunidade de “Nosso Lar”, e certos cuidados, por méritos seus, estavam sendo
tomados em seu processo reencarnatório. Imaginemos, no entanto, o espírito que
volta a Terra sem contar com nenhum mérito de sua parte, e que, portanto, deve
se sujeitar às condições disponíveis – certamente, para ele, a partir de seu
próprio corpo, torna-se muito mais difícil lidar com as adversidades.
Veja-se quanto é complexo o problema da reencarnação, no
sentido de que o espírito supere os embaraços que lhe têm sido impostos pela
sua própria imperfeição.
INÁCIO FERREIRA
Uberaba – MG, 2 de abril (*) de 2018
(*) Data de Nascimento do Médium Chico Xavier – a ele o nosso
carinho e a nossa gratidão.