domingo, 9 de maio de 2021

 

“Olho Gordo”

 

Há pouco tempo, estando já daqui deste Outro Lado, me encontrei com uma amiga que, em rápidas palavras, apenas com o propósito de espairecer, traduzirei o que ela, então, me disse:

- Doutor, tome muito cuidado com “olho gordo”...

- Eu sempre ouvi essa expressão, mas... – retruquei algo reticente.

- Doutor, existe sim...

- ?!...

- Vibrações de inveja... Convém tomar muito cuidado sempre...

E deu-me uma receita de sua avó:

- A gente precisa ter uma planta em casa, nem que seja num vaso...

- O que uma planta tem a ver com essa estória de “olho gordo”?! – inquiri, curioso.

- Tendo uma planta em casa, o “olho gordo” pega na planta e... não pega na gente!...

- Verdade?! Coitada da pobre!...

- Ah, eu sempre pude comprovar... O tal de “olho gordo”...

- Minha irmã – redargui –, mas se é assim eu vou ter que plantar um “Jardim Botânico” em casa, ou, pensando melhor, o que restou da Mata Atlântica...

Ela sorriu e, despedindo-se, arrematou:

- Não descreia, Doutor, não descreia! A conselho de minha avó, eu sempre tive um vaso de arruda, ou um de comigo-ninguém-pode, ou ainda um de guiné...

Com todo respeito, sorri da crença da amiga que se afastou, que, mesmo estando “morta”, não esquecia a recomendação de sua querida avoenga.

Quanto a mim, fiquei a pensar que, de fato, o problema da vibração de inveja, ou seja lá qual for, não pode ser tão menosprezado, pois, realmente, eu não acredito no tal de “olho gordo”, mas creio no chamado olhar de “secar pimenteira”...

Vocês devem estar sorrindo, não é?! Pois eu também estou, e muito, dando gostosas gargalhadas, porque desde cedo aprendi que a alegria é um dos melhores antídotos contra o veneno da inveja.

A alegria é um “anticorpo” de ação comprovada, até mesmo contra certos vírus que podem levar os encarnados, e até os desencarnados, a um desenlace.

- Desenlace de desencarnado?!...

Ah, outra hora falamos deste assunto, que vai consumir muito espaço no Blog.

Continuemos a falar sobre a questão filosófica do “olho gordo”, que tanto pode ser de gente magra, magérrima, quanto de gente obesa...

No entanto, sendo como a avó de minha amiga disse, o “olho gordo” quando parte de espírita deve possuir uma obesidade mórbida – “olho gordo” de espírita, talvez, apenas a nossa Dona Cherubina, com os seus muitos santos... (Vocês se recordam dela, de o “Sob as Cinzas do Tempo”?! Ela reencarnou... Pude visitá-la não faz muito: uma garota linda!...)

Contra “olho gordo” de espírita é preciso muito benzição (ops), muito passe e... muita alegria, alegria na alma por estar cumprindo com o dever, sem dever nada a ninguém...  

Todavia, antes que, pela milionésima vez, eu seja rotulado de antidoutrinário (e por esses “doutrinadores” que andam por aí, eu sou mesmo, porque discordo deles quase que 99,9%...), devo esclarecer que aqui no “Hospital dos Médiuns” não temos nenhum pé de arruda, ou de comigo-ninguém-pode, nem de guiné... Confesso a vocês que não! Só tenham aguado, de quando em quando, por via das dúvidas, um pequeno vaso de Espada de São Jorge, humilde vegetal com que, um dia, a nossa desencarnada irmã Alcina deu uma surra numa pessoa, alegando que precisava tirar dele o diabo do corpo!...

- Se o diabo saiu?!...

- Ah, deve ter saído, porque foi muita lambada até mesmo para o diabo aguentar!...

 

INÁCIO FERREIRA

 

Uberaba – MG, 9 de Maio de 2021.