domingo, 27 de setembro de 2020

 

A FIGUEIRA EXUBERANTE

 

A figueira que, segundo os Evangelistas, Jesus ordenou secasse até à raiz, por certo:

Era exuberante...

Tronco vetusto...

Galhosa...

Folhas saudáveis...

Porém, sem frutos!...

O Senhor disse a ela que secasse até à raiz, para que não tornasse a brotar estéril...

Enganando a quem, faminto, dela se aproximasse, na esperança de colher algum figo...

Que ela, a figueira exuberante, já que não produzia frutos, servisse, pelo menos, de adubo orgânico para a terra de que apenas estava sugando vitalidade...

Sim, a figueira exuberante vivia de sugar nutrientes da terra e do ar...

Para ela, com certeza, nunca seria tempo de produzir – em qualquer estação queria apenas ser admirada pela sua beleza, contrastando com as demais figueiras, mirradas, que tinham os seus frutos arrancados por mãos necessitadas.

Infelizmente, há muita gente assim:

Possui exuberante cultura...

Exuberante inteligência...

Saúde exuberante...

Exuberante capacidade...

Todavia, em sua exuberância, nada produz –

Figueira exuberante destinada a secar até à raiz –

Sem frutos, sem sementes, sem prole...

Inútil, ocupando espaço...

A figueira exuberante que Jesus “amaldiçoou”, “renasceria” outra figueira, talvez, não com tanta exuberância, mas, por certo, mais produtiva.

Aprenderia que ser estéril pode lhe custar muito.

Inclusive, a perda da exuberância, ou, em outras palavras, da vaidade.

Resta-nos indagar:

O que estamos sendo na vida:

Figueira exuberante, ou figueira mirrada, feia, dilapidada, mas que não hesita produzir segundo a sua capacidade de se oferecer, em qualquer época da existência, ao faminto que lhe apanha os frutos?!...

 

INÁCIO FERREIRA

 

Uberaba – MG, 27 de Setembro de 2020.