A FIGUEIRA
EXUBERANTE
A figueira que, segundo os Evangelistas, Jesus ordenou
secasse até à raiz, por certo:
Era exuberante...
Tronco vetusto...
Galhosa...
Folhas saudáveis...
Porém, sem frutos!...
O Senhor disse a ela que secasse até à raiz, para que não
tornasse a brotar estéril...
Enganando a quem, faminto, dela se aproximasse, na esperança
de colher algum figo...
Que ela, a figueira exuberante, já que não produzia frutos,
servisse, pelo menos, de adubo orgânico para a terra de que apenas estava
sugando vitalidade...
Sim, a figueira exuberante vivia de sugar nutrientes da terra
e do ar...
Para ela, com certeza, nunca seria tempo de produzir – em
qualquer estação queria apenas ser admirada pela sua beleza, contrastando com
as demais figueiras, mirradas, que tinham os seus frutos arrancados por mãos
necessitadas.
Infelizmente, há muita gente assim:
Possui exuberante cultura...
Exuberante inteligência...
Saúde exuberante...
Exuberante capacidade...
Todavia, em sua exuberância, nada produz –
Figueira exuberante destinada a secar até à raiz –
Sem frutos, sem sementes, sem prole...
Inútil, ocupando espaço...
A figueira exuberante que Jesus “amaldiçoou”, “renasceria”
outra figueira, talvez, não com tanta exuberância, mas, por certo, mais
produtiva.
Aprenderia que ser estéril pode lhe custar muito.
Inclusive, a perda da exuberância, ou, em outras palavras, da
vaidade.
Resta-nos indagar:
O que estamos sendo na vida:
Figueira exuberante, ou figueira mirrada, feia, dilapidada,
mas que não hesita produzir segundo a sua capacidade de se oferecer, em
qualquer época da existência, ao faminto que lhe apanha os frutos?!...
INÁCIO FERREIRA
Uberaba – MG, 27 de Setembro de 2020.