sábado, 24 de maio de 2025

 Choque Anímico?!

 
 
 
Um amigo, que solicitou lhe fosse omitido o nome, escreveu-me perguntando se eu sei o que é “choque anímico”... É que eles, no Centro Espírita onde têm tarefas mediúnicas com os chamados obsessores, foram orientados a utilizar o referido “choque”, quando, por exemplo, o espírito comunicante oferece resistência para deixar o corpo do médium...
 
Pedindo a ele me desculpe pela ignorância, respondo que não sei – não sei do que se trata!... Conheço choque elétrico – já levei alguns –, e, na condição de médico, conheço também o denominado choque cardiogênico...
 
Ah, temos também o choque entre veículos, que, popularmente, o povo chama de batida, ou abalroamento – no meu tempo de pessoa encarnada, a gente dizia “trombada” – “trombada” entre dois carros, dois caminhões, ou mais, entre carros-de-boi, etecetera...
 
Uma vez, apareceu lá no Sanatório um sujeito que mentia prá burro – ia pedir uns trocados, um cigarro, ou dois... Recordo-me de que, certo dia, ele chegou lá com uma história de que viu dois urubus trombando, e que um deles tinha caído não sei se no quintal da casa dele, ou do vizinho...
 
Mas, meu irmão, “choque anímico”, não, eu nunca ouvi falar, e, confesso a você, jamais li a respeito nos livros de Kardec e de Chico Xavier.
 
Se o assunto é tratado por alguma autoridade doutrinária competente, sinceramente, eu desconheço.
 
Em nossas reuniões de desobsessão, sempre às quartas-feiras no Sanatório, o único “choque anímico”, se assim podemos chamar, era o da prece – quando o espírito encasquetava no médium a gente procurava orar com maior fervor, chegando, por vezes, até a transpirar, rogando o socorro do Alto naquele impasse que se estabelecia.
 
“Choque anímico” seria choque de almas?! – choque de psiquismos?!...
 
Penso que caso o referido choque exista, ou alguém a ele recorra, não deixa de ser uma violência contra o espírito comunicante...
 
Teria Jesus Cristo se valido desse “choque” para afastar aquele endurecido espírito do menino considerado lunático?!... Não sei... Se esse foi o caso, os Apóstolos não sabiam dar semelhante “choque”, porque eles nada puderam fazer em favor do menino que ora caía no fogo, ora na água...
 
Seria o passe um “choque anímico”, ou “mediúnico”?!...
 
A sua pergunta criou certo estado de confusão na minha cabeça, e, sendo assim, aproveito para dizer a você que a gente, lá no Sanatório, quando ainda envergando a carcaça que você enverga, recorria, em nossas reuniões mediúnicas, aos préstimos doutrinários de “O Livro dos Médiuns”, de Allan Kardec; de “No Invisível”, de León Denis”; e, um pouco mais tarde, de “Desobsessão”, de André Luiz.
 
Espírita antiquado que me considero, penso que o Movimento Espírita anda muito cheio de modismos, oriundos de muita gente boa, mas cuja cabeça não é boa.
 
Então, meu amigo, eu sinto em não poder enviar a você os esclarecimentos solicitados.
 
Quem sabe algum de nossos internautas possa dizer em que livro eu e você poderemos encontrar estudos sérios a respeito do “choque anímico” (segundo a Concordância Universal do Ensino dos Espíritos), que, para mim, seria aqui onde vivo de grande valia porque eu poderia, a qualquer hora, testá-lo em nosso Manoel Roberto.
 
Abraços.
 
 
 
INÁCIO FERREIRA
 
Uberaba – MG, 24 de maio de 2025.
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
      

domingo, 18 de maio de 2025

 

Ao Ilustre “Desconhecido”

 

 

 

Caro irmão: Jesus nos abençoe.

 

Recebi a sua carta e agradeço a confiança que, com as suas palavras, você em mim deposita.

 

Eu vou lhe dizer algo: grande parte das doenças consideradas, na atualidade, psiquiátricas, lograria a cura, ou, pelo menos, a possível harmonização de seus portadores, caso eles tomassem a decisão de se devotarem a uma tarefa de ordem assistencial, ou, falando mais claramente, à Caridade.

 

Eu não conheço melhor terapia para quem se sente, psicologicamente, “deslocado”, do que a do trabalho, e, em especial, a do trabalho no Bem, através do qual a pessoa vai conseguindo esquecer-se e facilitar a sintonia com os Planos Superiores da Vida.

 

Não vou dizer a você que, em determinadas circunstâncias, possamos dispensar algum medicamento mais leve que nos auxilie na trégua de que carecemos para, intimamente, nos reorganizarmos.

 

A um médium que, certa vez, relutava em tomar o medicamento que lhe fora prescrito para controlar a pressão arterial, Chico Xavier disse que o medicamento, para nós, é uma “muleta” que nos permite caminhar um pouco mais longe...

 

Compreendo que, com raríssimas exceções, todos temos nos comprometido seriamente com a Lei de Causa e Efeito, que, através do inconsciente, solicita justa reparação.

 

Não obstante, ninguém renasce apenas para expiar o passado de culpas, sem a mínima chance de efetuar conquistas no presente em favor do futuro melhor – entre os que expiam as faltas do pretérito estão também os aflitos, carentes de consolação, que Jesus bem-aventurou.

 

O problema, meu caro, é que, infelizmente, a grande maioria de nós outros se acomoda – até mesmo com a doença – e esperamos que o Mais Alto intervenha em nosso favor sem, nem de leve, lhe acenarmos com algum esforço que nos garanta mérito.

 

Conversando com você de pai para filho, ou de irmão mais velho para um mais jovem que ainda se demora na experiência física, eu o aconselharia a ligar-se a uma atividade de Caridade em um Centro Espírita de periferia – digo de periferia, porque nele as coisas costumam ser mais simples.

 

Quanto aos rótulos psiquiátricos da atualidade, penso, igualmente com raras exceções, que todos os que estão na Terra, e além dele, possuem todas as letras do alfabeto – Tda, Tdah, Tb, Tab, Toc, Tea... e vão aparecer mais, talvez até tenhamos, para tanto, que criar mais letras no alfabeto.

 

Agora, o mais grave de todos os rótulos eu creio que seja: Sdc, ou Síndrome do Comodismo Crônico, e, por enquanto, o único medicamento capaz de curá-lo é a Dr – Dor renitente.

 

Não sou nenhum profeta, mas escute o que eu vou lhe dizer: se você não tomar a decisão de servir ao próximo, você atravessará o túmulo com os problemas que o estão a incomodar presentemente, com tendência de agravamento a cada minuto que você decidir continuar de braços cruzados.

 

Desculpe-me a sinceridade, mas o Inácio aqui desejo vê-lo com saúde e aproveitando cada minuto de sua atual encarnação, a fim de que você não chegue aqui caindo pelas tabelas, requisitando internação e providências outras de que tantos e tantos necessitam.

 

OBS: não espere por melhora rápida, hein, porque, talvez, os espíritos que não querem que você fique de pé, e, sim, deitado, haverão de fazer com que você, quando a quando, sofra uma ou outra recaída.

 

Não desanime. Kardec escreveu que uma das maneiras de nos livrarmos dos espíritos obsessores é lhes cansando a paciência.

 

Abraços afetuosos.

 

 

 

INÁCIO FERREIRA

 

Uberaba –MG, 18 de maio de 2025.