VISITANDO UMA IRMÃ
QUE DESENCARNOU PELO
“CORONA”
Por solicitação de um amigo de um amigo, amigo de um amigo
meu, fui visitar, em São Paulo, uma irmã que, com a filha, desencarnou vitimada
pela ação do “Corona”.
Entre nós desdobrou-se, então, na UTI, o seguinte diálogo:
- Licinha, minha irmã, como você está passando?! Vejo que
melhor, não é?!...
- Graças a Deus! – respondeu com voz pausada. – Imaginei que
fosse desencarnar... Os médicos aqui do hospital são muito competentes e
educados... Sinto que, a cada dia, estou melhorando...
- E os enfermeiros também – acrescentei. – São muito
solícitos... Ainda há pouco tive oportunidade de vê-los em ação – são uns
heróis e umas heroínas...
- Sim, eu não posso me esquecer deles – trabalham tanto! A
toda hora estão aqui, medindo a minha temperatura, a pressão... O hospital é
muito grande...
- Logo você terá alta – disse-lhe. – Andei dando uma olhada
em seu prontuário... Você já está ótima...
- Tive uma falta de ar muito grande... Realmente, pensei que
fosse desencarnar... Cheguei até a ver o Carlos Alberto...
- O Carlos Alberto?!...
- Sim, o meu esposo... Eu vi na beirada da cama – vi a ele e
a uma jovem que desconfio ser a minha mãe... Não sei se foi a D. Rosa, que
desencarnou com quase cem de idade – ela estava diferente...
- Ah, os espíritos, muitos, rejuvenescem quando deixam o
corpo – depois de algum tempo...
- Ela era muito parecida com a minha mãe... Não disse nada,
não! – apenas ficou me olhando, sorrindo, e o sorriso dela me transmitia
calma... Talvez, num momento de febre, eu estivesse delirando...
- Talvez – respondi. – Febre alta, muitos medicamentos, o
oxigênio...
- Não sei... Quando eu a via – a jovem apareceu para mim duas
vezes –, a minha respiração normalizava, e eu me acalmava... Nossa, esses dias
aqui têm sido muito difíceis – deve fazer parte da prova que tenho que
passar...
- Sem dúvida...
- Ainda não sei da Lívia, minha filha – ela também estava com
“Corona”... O irmão dela, que é médico, pediu a um amigo dele que me dissesse
que ela já estava de alta e que me esperaria em casa...
- Você é de Uberaba, não é, Licinha?!...
- Sim, sou de Uberaba, a terra de Chico Xavier...
- A cidade em que ele viveu por quase cinquenta anos... O Chico
nasceu em Pedro Leopoldo, perto de Belo Horizonte...
- Isso mesmo – concordou. – Ele é de Pedro Leopoldo, mas eu
me lembro de quando o Chico foi morar em Uberaba... Estive lá muitas vezes... A
minha mãe era espírita...
- Que bom que você está bem...
- O senhor não tem medo do contágio do vírus, não?! –
indagou-me. – Está sem máscara...
- Não, não tenho – redargui. – Esse vírus não pode mais me
pegar – estou imunizado...
- O senhor já tomou vacina?! Dizem que a vacina ainda não
saiu, ou já?! Nem sei... Faz muitos dias que estou aqui...
- Não, não tomei vacina – respondi. – Mas, desde algum tempo,
eu estou imune – esse vírus não me contamina... Outros, talvez, mas não o
“Corona”...
- Eu, se fosse o senhor, tomaria cuidado, porque aqui neste
hospital dizem que muita gente já desencarnou...
- Eu sei... Aqui e em muitos outros hospitais do Brasil
inteiro, e do mundo...
- Mas, estamos conversando, o senhor me chamou pelo nome, e
eu não sei o nome do senhor... Desculpe a minha grosseria. Quem é o senhor?!...
- Um irmão...
- Sim, mas... o seu nome?! Gostaria de dizer ao meu filho e
às meninas que o senhor me visitou...
- Inácio... O meu nome é Inácio Ferreira...
- Inácio Ferreira?! – questionou, intrigada. – O médico
psiquiatra, do Sanatório Espírita de Uberaba?!...
- Eu mesmo...
- Mas, que estranho... O Dr. Inácio Ferreira já desencarnou
faz um tempão...
- Precisamente, minha irmã, no dia 27 de setembro de 1988...
- Espera aí... Estamos em 2020, não?!...
- Até o próximo dia 31 de dezembro, sim...
- Então?!...
- Você está de alta, Licinha, livre do “Corona”!...
INÁCIO FERREIRA
Uberaba – MG, 21 de Março de 2021.