domingo, 21 de março de 2021

 

VISITANDO UMA IRMÃ

QUE DESENCARNOU PELO “CORONA”

 

Por solicitação de um amigo de um amigo, amigo de um amigo meu, fui visitar, em São Paulo, uma irmã que, com a filha, desencarnou vitimada pela ação do “Corona”.

Entre nós desdobrou-se, então, na UTI, o seguinte diálogo:

- Licinha, minha irmã, como você está passando?! Vejo que melhor, não é?!...

- Graças a Deus! – respondeu com voz pausada. – Imaginei que fosse desencarnar... Os médicos aqui do hospital são muito competentes e educados... Sinto que, a cada dia, estou melhorando...

- E os enfermeiros também – acrescentei. – São muito solícitos... Ainda há pouco tive oportunidade de vê-los em ação – são uns heróis e umas heroínas...

- Sim, eu não posso me esquecer deles – trabalham tanto! A toda hora estão aqui, medindo a minha temperatura, a pressão... O hospital é muito grande...

- Logo você terá alta – disse-lhe. – Andei dando uma olhada em seu prontuário... Você já está ótima...

- Tive uma falta de ar muito grande... Realmente, pensei que fosse desencarnar... Cheguei até a ver o Carlos Alberto...

- O Carlos Alberto?!...

- Sim, o meu esposo... Eu vi na beirada da cama – vi a ele e a uma jovem que desconfio ser a minha mãe... Não sei se foi a D. Rosa, que desencarnou com quase cem de idade – ela estava diferente...

- Ah, os espíritos, muitos, rejuvenescem quando deixam o corpo – depois de algum tempo...

- Ela era muito parecida com a minha mãe... Não disse nada, não! – apenas ficou me olhando, sorrindo, e o sorriso dela me transmitia calma... Talvez, num momento de febre, eu estivesse delirando...

- Talvez – respondi. – Febre alta, muitos medicamentos, o oxigênio...

- Não sei... Quando eu a via – a jovem apareceu para mim duas vezes –, a minha respiração normalizava, e eu me acalmava... Nossa, esses dias aqui têm sido muito difíceis – deve fazer parte da prova que tenho que passar...

- Sem dúvida...

- Ainda não sei da Lívia, minha filha – ela também estava com “Corona”... O irmão dela, que é médico, pediu a um amigo dele que me dissesse que ela já estava de alta e que me esperaria em casa...

- Você é de Uberaba, não é, Licinha?!...

- Sim, sou de Uberaba, a terra de Chico Xavier...

- A cidade em que ele viveu por quase cinquenta anos... O Chico nasceu em Pedro Leopoldo, perto de Belo Horizonte...

- Isso mesmo – concordou. – Ele é de Pedro Leopoldo, mas eu me lembro de quando o Chico foi morar em Uberaba... Estive lá muitas vezes... A minha mãe era espírita...

- Que bom que você está bem...

- O senhor não tem medo do contágio do vírus, não?! – indagou-me. – Está sem máscara...

- Não, não tenho – redargui. – Esse vírus não pode mais me pegar – estou imunizado...

- O senhor já tomou vacina?! Dizem que a vacina ainda não saiu, ou já?! Nem sei... Faz muitos dias que estou aqui...

- Não, não tomei vacina – respondi. – Mas, desde algum tempo, eu estou imune – esse vírus não me contamina... Outros, talvez, mas não o “Corona”...

- Eu, se fosse o senhor, tomaria cuidado, porque aqui neste hospital dizem que muita gente já desencarnou...

- Eu sei... Aqui e em muitos outros hospitais do Brasil inteiro, e do mundo...

- Mas, estamos conversando, o senhor me chamou pelo nome, e eu não sei o nome do senhor... Desculpe a minha grosseria. Quem é o senhor?!...

- Um irmão...

- Sim, mas... o seu nome?! Gostaria de dizer ao meu filho e às meninas que o senhor me visitou...

- Inácio... O meu nome é Inácio Ferreira...

- Inácio Ferreira?! – questionou, intrigada. – O médico psiquiatra, do Sanatório Espírita de Uberaba?!...

- Eu mesmo...

- Mas, que estranho... O Dr. Inácio Ferreira já desencarnou faz um tempão...

- Precisamente, minha irmã, no dia 27 de setembro de 1988...

- Espera aí... Estamos em 2020, não?!...

- Até o próximo dia 31 de dezembro, sim...

- Então?!...

- Você está de alta, Licinha, livre do “Corona”!...

 

INÁCIO FERREIRA

 

Uberaba – MG, 21 de Março de 2021.