domingo, 5 de novembro de 2017

COMO VOCÊ INTERPRETA?! – XXXII

Dando sequência às nossas reflexões sobre o capítulo 37, de “Nosso Lar” – “A Preleção da Ministra”, Narcisa explica a André Luiz que apenas os companheiros mais “adiantados na matéria”, que seria objeto da exposição de Veneranda, poderiam interpelá-la – eles haviam adquirido tal direito “pela aplicação ao assunto”. E é Narcisa quem ainda esclarece: “O Governador determinou essa medida, nas aulas e palestras de todos os Ministros, a fim de que os trabalhos não se convertessem em desregramento da opinião pessoal, sem base justa, com grave perda de tempo para o conjunto.”. Notem os internautas que nos acompanham o quanto a questão do tempo é levada a sério nas Dimensões Espirituais mais altas, principalmente em respeito àqueles aos quais cabe a tarefa de instruir, que não devem, em suas exposições, serem interrogados por questões de caráter pessoal, nas quais muitos, em momento impróprio, costumam se estender desnecessariamente.
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Veneranda não se fez anunciar à assembleia por nenhum de seus títulos, sequer sendo anunciada por um locutor, qual, infelizmente, anda na moda nos Congressos Espíritas, com os oradores sempre apresentados pela leitura de extenso e enfadonho currículo, que nada tem a ver com a simplicidade que deve caracterizar o nosso Movimento.
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A preleção da Ministra, que logo tomou a palavra, sem qualquer formalidade, girou em torno do pensamento, justificando a escolha do tema: “Encontram-se, entre nós, no momento, algumas centenas de ouvintes que se surpreendem com a nossa esfera cheia de formas análogas às do planeta. Não haviam aprendido que o pensamento é a linguagem universal? Não foram informados de que a criação mental é quase tudo em nossa vida?” Com base, talvez, em tais palavras, ainda nos deparamos com aqueles que insistem em dizer que tudo o existente em o Mundo Espiritual é criação da mente – sim, tanto quanto são criação da mente encarnada todos os engenhos existentes na Terra, desde a invenção da roda!
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Pedimos licença para efetuar pequena digressão, que nos fornece, porém, importante material de reflexão para que melhor possam os nossos irmãos encarnados entender a vida que os espera deste Outro Lado. Transcreveremos do livro “Chico Xavier, à Sombra do Abacateiro”, a lúcida palavra de Emmanuel, na tarde de 20 de novembro de 1982:
“Imaginem que nós todos perdemos o corpo físico ontem... Mas não perdemos o nosso sentido de viver, porque somos eternos. Então o nosso instinto funcionaria procurando a companhia de outras pessoas... Estaríamos aqui à procura de fazer alguma coisa, a sermos aproveitados nisso ou naquilo...
Não temos méritos para subir aos Céus, mas também nos acreditamos filhos de Deus e não seríamos enviados a regiões inferiores... Não deixaríamos de ser nós mesmos; cada qual com aquilo que fez, com as imperfeições de cada um de nós, especialmente eu, trazemos de vidas passadas... Todos estaríamos ajustando os nossos pensamentos para saber aqui quem é que poderia ensinar, encaminhar, maternar crianças abandonadas... Procuraríamos, enfim, um meio de trabalhar e de servir.
Uma reunião como esta nos lembra reuniões que faremos futuramente; quando chegarmos ao Mundo Espiritual, procuraremos os que pensam de um modo semelhante ao nosso para sabermos o que vamos fazer. Procuremos fazê-los, então, desde agora...
Estamos numa reunião, em que o acesso é dado a todos, para que não haja nenhuma desculpa; estamos no mesmo chão, debaixo do mesmo teto... Não temos diferenças do ponto de vista social, senão o respeito que devemos a cada um. Sermos como somos, vestirmos o que pudermos... (O Chico, aqui, alude à liberdade que impera numa reunião espírita, onde cada qual comparece como pode e como é, sem recear críticas, sem ter que prestar obediências a protocolo, etc.) Essas reuniões precedem as reuniões que virão depois... Partiremos ao encontro de uma vida, e todos sentiremos necessidade de ser úteis, de ajudarmos uns aos outros; buscaremos o auxílio de alguém e alguém buscará auxílio em nós... Va os pensar nisto. Não é filosofia de morte, não é pessimismo... De quando em vez, vamos pensar que estamos desencarnados. Como vamos ajudar um filho que ficou à distância, uma mãe, um irmão? Reuniões como esta têm a função de repartirmos com os nossos irmãos o pouco que temos (...). Se realizam, em nome do Cristo, ao ar livre, onde todos puderam estar com todos e ser como são, sem nenhuma pergunta. Estamos livres para pensar que somos eternos e que vamos facear esta situação em outros Planos... Isto pode, de certo modo, ativar a nossa marcha para a frente e a nossa melhoria dentro de nós mesmos.
É o que diz o nosso Emmanuel.”
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Realmente, cremos que nós, os espíritas, estamos necessitando de estudar e refletir um pouco mais! Não acham os nossos irmãos e irmãs internautas?!
Estaríamos, depois da morte do corpo carnal, mentalmente habilitados a construir uma vida muito diversa da vida que vivemos enquanto encarnados?!...

INÁCIO FERREIRA


Uberaba – MG, 6 de novembro de 2017.