COMO VOCÊ
INTERPRETA?! – XV
Retomando as nossas reflexões em torno do capítulo 26 de
“Nosso Lar”, André Luiz escuta de Genésio a célebre sentença, por mais pura
expressão da realidade: “Quando o
servidor está pronto, o serviço aparece.” André desejava, ardentemente,
retomar a possibilidade de ser útil além da morte – ele havia desencarnado há
cerca de dez anos – e, até então, não redescobrira a alegria de servir.
Visitando as “Câmaras de Retificação”, destinada a acolher os
recém-desencarnados em estado de maior penúria – perispiritual quanto
psicologicamente –, ele, o grande sanitarista, teria, finalmente, oportunidade
de recomeçar, dando-nos preciosa lição – altamente diplomado, recomeçaria na
condição de anônimo serviçal! Infelizmente, muitos são os que chegam à Casa
Espírita e já querem ir logo frequentar reuniões mediúnicas, ou ocupar a
tribuna.
Tobias, o novo amigo que ele conhecera, encarregado de
levá-lo até às “Câmaras”, constituídas por vários edifícios, que foram
construídos como, naturalmente, são levantadas as construções na Terra – com o
material de construção pertinente ao Mundo Espiritual. Não são meras
“construções mentais” – são edifícios concretos, e não abstratos!
Depois de atravessarem “largos
quarteirões”, observando os numerosos edifícios que se erguiam, André ouve
de Tobias a explicação: “Temos aqui as
grandes fábricas de “Nosso Lar”. A preparação de sucos, de tecidos e artefatos
em geral, dá trabalho a mais de cem mil criaturas, que se regeneram e se
iluminam ao mesmo tempo.”
Como você interpreta a informação?!
Fábricas de sucos, em “Nosso Lar”?! Que espécie de sucos?! Para quê são
fabricados?! De onde é extraída a sua matéria prima?! Então, na referida cidade
espiritual existem pomares?! Os desencarnados continuam tendo necessidade de se
alimentarem – de alimentarem o seu corpo espiritual, ou perispírito?! Ou, para
você, trata-se apenas de uma imagem literária de ficção, criada pelo autor do
livro?!
E o que pode dizer a respeito da preparação de “tecidos e artefatos”?!
Tecidos, para quê?! Então os “mortos” ainda sentem necessidade de cobrirem o seu
corpo, escondendo as partes mais íntimas?! Sim, porquanto, sobre a Terra, os
homens, em geral, apenas andam vestidos para ocultarem as suas partes íntimas,
ou seja, genitália e nádegas, e, no caso das mulheres, os seios. Quer dizer que
o perispírito continua dotado desses implementos que, de maneira equivocada,
muitos consideram “órgãos do pecado”?!
E mais: Tecidos feitos de que material?! Serão
sintéticos ou ainda oriundos da plantação, por exemplo, de algodão?! Ou, ainda
da lagarta das mariposas asiáticas, e seus cruzamentos genéticos?!
Mais ainda: o que você tem a nos dizer sobre a referência aos
artefatos?! Qual seria a sua necessidade no Mundo Espiritual?! Artefatos
manuais ou industrializados, ou os dois ao mesmo tempo?! Artefato é
sinônimo de artigo, objeto, peça, etc. Um vaso é um artefato, uma cadeira, um
mesa, uma cama, um tapete, um aparelho, uma máquina, etc.
Interessante a explicação de Tobias dizendo que, à época,
tais atividades davam “trabalho a mais de
cem mil criaturas...” Não nos esqueçamos que, na década de 30, “Nosso Lar”
contava com cerca de um milhão de habitantes! Outra constatação curiosa: Tobias
não se refere a espíritos, mas, sim, a criaturas. No Dicionário,
a palavra “criatura” possui por sinônimo, dentre outras, as palavras pessoa
e indivíduo.
Realmente, então, pode-se concluir de que espírito é pessoa,
gente?! Ou não?! Como é que você interpreta?! O espírito é um “Gasparzinho”, ou
um “Brasinha”, das estórias em quadrinhos?! Quando deixar a carcaça, você será
um “Gasparzinho”, um “Brasinha”, ou você mesmo?!...
Não podemos deixar de destacar, na palavra de Tobias, que,
mesmo no Mundo Espiritual, o trabalho regenera e ilumina! Alguns espíritos estariam
trabalhando nas fábricas e indústrias de “Nosso Lar”, cumprindo, digamos assim,
alguma espécie de sentença, objetivando a sua regeneração?! Ou a o termo
“regeneração” foi tão somente empregado em seu sentido geral?!...
Já são perguntas demais para a semana, não é?!
OBS: Estamos, ansiosamente, aguardando de nossos irmãos
encarnados, que rotulam as obras de “André Luiz”, pela lavra de Chico Xavier,
de ficção, ou mesmo de alucinação da mente mediúnica, que apresentem as suas
teorias a respeito da Vida além da vida. Por uma questão de lógica e
inteligência, não aceitaremos apenas o “não é assim, porque eu não creio”. Ora,
vocês que dizem assim, tão catar coquinho no meio do asfalto, tá?! Vocês cansam
a minha beleza! E como são desprovidos de qualquer espírito de autocrítica!
Vocês não acham?!...
INÁCIO FERREIRA
Uberaba – MG, 3 de julho de 2017.