COMO VOCÊ
INTERPRETA?! – XIII
Ainda no capítulo 24, do livro “Nosso Lar”, André Luiz
registra o apelo do locutor de “Moradia”, ante a iminência da guerra que estava
prestes a estourar (a Segunda Grande Guerra Mundial):
“Emissora do Posto
Dois, de Moradia. Continuamos a irradiar o apelo da colônia em benefício da paz
na Terra. Companheiros e irmãos, invoquemos o amparo das poderosas
Fraternidades da Luz, que presidem aos destinos da América! Cooperai conosco na
salvação de milenários patrimônios da evolução terrestre. (...)
Vejamos que os espíritos, vinculados à evolução da
Humanidade, contavam com a participação decisiva da América do Norte, no
sentido de que a guerra fosse evitada – infelizmente, tal não aconteceu, porque
a Alemanha, no dia 1 de setembro de 1939, invadiu a Polônia. Mesmo assim, com
as bombas atômicas que foram lançadas, respectivamente, sobre Hiroshima e
Nagasaki, no Japão, a 6 e 9 de agosto de 1945, – a guerra que não cessara no
Pacífico –, os EEUU, provocando a rendição do Japão, interferiram para que a
Grande Guerra cessasse. No entanto, segundo dados estatísticos, cerca de 47
milhões de pessoas foram mortas no confronto, que arrasou diversas cidades:
Londres, Varsóvia, Roterdã, Tókio, Osaka, Hambugo, Dresden, Berlin.
Com a guerra, segundo a palavra preocupada do locutor de
“Moradia”, e qual não se é difícil inferir, vastos patrimônios culturais da
Humanidade foram destruídos. Fato semelhante ao que foi praticado, no século
XVIII, quando aconteceu a destruição da Biblioteca de Alexandria, considerado o
maior patrimônio perdido da História, por ordem do governador provincial do
Egito, Amir Ibne Alas.
*
No final do capítulo 24, podem-se ler as palavras de Lísias,
no diálogo mantido com André Luiz:
“... o Ministério da
União Divina esclareceu que a humanidade carnal, como
personalidade coletiva, está nas condições do homem insaciável que devorou
excesso de substâncias no banquete comum. A crise orgânica é inevitável.
Nutriram-se várias nações de orgulho criminoso, vaidade e egoísmo feroz.
Experimentam, agora, a necessidade de expelir os venenos letais.”
Não estaria a Humanidade atual, quase oitenta anos depois,
vivenciando a mesma situação, de vez que, infelizmente, a lição “estomacal” não
tendo sendo aprendida, continuou ela a se alimentar do que, agora, parece ter
necessidade de voltar a expelir?!
*
No capítulo seguinte, o de número 25 de “Nosso Lar” –
intitulado “Generoso Alvitre” –, André Luiz transcreve orientações transmitidas
por D. Laura, que, então, o aconselha a agarrar a primeira oportunidade de
trabalho que se lhe oferecesse:
“Ao invés de albergar a
curiosidade, medite no trabalho e atire-se a ele na primeira ocasião que se
ofereça. (...) não olvide que o espírito de investigação deve manifestar-se
após o espírito de serviço. Pesquisar atividades alheias, sem testemunhos no
bem, pode ser criminoso atrevimento.”
Têm-se a impressão de que a sábia advertência da genitora de
Lísias aplica-se, claramente, a atitude de muitos, inclusive de muitos
companheiros de Ideal, que vivem de pesquisar as atividades alheias...
Incapazes de produzirem por si mesmos criticam os que estão produzindo. Nada
escrevem eles de substancioso, sequer uma brochura, e, no entanto, querem atear
fogo à “Biblioteca de Alexandria”, acreditando estarem prestando um grande
serviço à Doutrina.
*
Prosseguindo a incentivar André Luiz ao trabalho, a ele que
fora sobre a Terra o célebre cientista brasileiro Dr. Carlos Chagas – Carlos
Justiniano Ribeiro Chagas –, Dona Laura pontifica:
“A ciência de recomeçar
é das mais nobres que nosso espírito pode aprender.”
O diálogo entre ambos, porém, necessitou ser interrompido,
porque alguém batera à porta da residência. Tratava-se de Rafael, o amigo que
fora buscar André Luiz – ele, simplesmente, bateu à porta, e não a atravessou
como se fosse uma fumacinha que se
esgueira pelo buraco da fechadura...
INÁCIO FERREIRA
Uberaba – MG, 19 de junho de 2017.