Na Parábola da Pérola
“Outrossim, o reino dos céus é semelhante ao homem, negociante, que
busca boas pérolas;
E, encontrando uma
pérola de grande valor, vendeu tudo quanto tinha, e comprou-a.” – Mateus, 13:45
e 46
Na Parábola da
Pérola Preciosa, contada por Jesus, o que sempre mais me impressionou foi
aquele que, possuindo-a, foi capaz de vendê-la...
Ele, por certo, não
sabia o valor do que tinha em suas mãos, e trocou-a por um preço irrisório, de
vez que, para o que buscava boas pérolas, toda a sua riqueza nada significava
diante da pérola que pode adquirir.
Acontece conosco,
muitas vezes, o que aconteceu com o vendedor da pérola, que cambiamos os bens
espirituais pelos temporais.
Quase todos os
grandes luminares da Espiritualidade não hesitaram em renunciar a tudo o que
detinham pela luz da sabedoria que haveriam de cumulá-los de bens imperecíveis.
Francisco de Assis,
por exemplo, deixou toda a herança de seu pai para trás, e, segundo os seus
biógrafos, literalmente despido, preferiu a “pérola” do espírito,
transfigurando-se no “pobrezinho de Assis”...
Conta-se que o
grande Castro Alves, esnobado por uma dama em certo baile, escreveu em um dos
versos do poema “Orgulhosa”: “Não troco uma estrofe minha, por um colar de
rainha, por um troféu de latão...”
Albert Schweitzer,
um dos maiores executores de Bach, internou-se nas selvas de Labaréné, no
Gabão, e renunciou à vida de fausto que poderia ter na Europa...
Chico Xavier, logo
após “Parnaso de Além-Túmulo”, recebeu propostas para frequentar os meios
literários de Belo Horizonte, desde, no entanto, que renunciasse à
mediunidade...
A vida, sem dúvida,
é feita de escolhas.
O jovem rico que
esteve com Jesus, não quis deixar tudo o que tinha para segui-Lo, com a
finalidade de ter um tesouro nos céus... Conta-nos o Evangelista que ele
retirou-se muito triste, porque era possuidor de muitos bens – não seria ele,
com certeza, quem adquiria a “pérola preciosa”!...
E, certamente, não
seremos nós, enquanto amantes dos bens transitórios da vida, que se resumem em
dinheiro e poder, que seremos capazes de realizar semelhante transação.
INÁCIO FERREIRA
Uberaba – MG, 20 de
Agosto de 2023.