domingo, 23 de novembro de 2025

Lições de “Nosso Lar” Dentre as lições que pude extrair do livro “Nosso Lar”, uma das que mais me chamou atenção, quando encarnado, e, pela vez primeira, efetuei a sua leitura, é que a cidade “Nosso Lar” não era uma cidade espírita. Não era, e continua não sendo, nem será. Aliás, cidades, ou países, com essa ou aquela nomenclatura religiosa é “coisa da Terra” – coisa de planeta inferior. Desde que o mundo é mundo, na essência de todo conflito humano, mais que um motivo de ordem política, ou mesmo econômica, vamos nos deparar com uma causa de natureza religiosa – ou se preferirem, de natureza não ética. Sócrates foi condenado à cicuta por contrariar os sofistas. Jesus foi crucificado por não concordar com os escribas e fariseus. Gandhi libertou a Índia, mas não logrou pacificar hindus e muçulmanos. Nas diferentes Dimensões Espirituais, mais, ou menos, materializadas, quanto mais inferiores se revelem, pelos que as povoam, mais a vida, em todas as suas expressões, se encontra rotulada – quer dizer: mais as mentes se mostram “regionalizadas”, lutando umas pelo poder sobre as demais. Na cidade “Nosso Lar”, embora fundada por portugueses desencarnados, habituados, quando na Terra, a colonizar, não há bandeira que se desfralde cujo lema não seja simplesmente o do “amai-vos uns aos outros”. Diante do que acontece, presentemente, entre os encarnados, pode-se dizer que a Terra, do ponto de vista espiritual, ainda, talvez, sequer seja um orbe de expiações e provas, tal o primitivismo do comportamento humano em assuntos de transcendência. Vivem-se, na atualidade terrestre, ferrenhos embates religiosos que, do campo da retórica, estão passando, e vão passar ainda mais, para o campo da prática - a questão religiosa engendrando as questões racistas e sociais mais graves, que tendem a mergulhar o mundo em guerra sem precedentes. Houve-se em grande inspiração León Denis, quando disse: “O Espiritismo não será a religião do futuro, mas, sim, o futuro das religiões”. O sábio Chico Xavier ensinava: “Eu não creio que nós, os espíritas, venhamos a ser os ‘tais’... Acredito que o Espiritismo caminhará ao lado das demais religiões cristãs, para, um dia, formarmos com elas o Cristianismo Total.” Espiritismo, em sentido que transcende, não é religião – é “um sistema de vida”, como, igualmente, dizia Chico Xavier – Espiritismo é a Verdade que, gradativamente, viremos a conhecer, mas da qual, evidentemente, ainda nos encontramos muitos distantes. Por este motivo, o espírito que se responsabilizou, junto a Kardec, pela Codificação, se denominou “O Espírito da Verdade” – “Eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida”. Ser espírita não é ser religioso no sentido literal do termo, mas ser cristão, ou, pelo menos, tentar sê-lo. Chico, certa vez, em desabafo, falou com veemência: “O Espiritismo é uma doutrina livre, nasceu livre e precisa continuar livre... Se, um dia, ele deixar de ser o que é, eu deixo de ser espírita e vou tentar ser cristão.” Ser espírita deveria ser o mesmo que ser cristão, mas, pelo que Chico disse, ser cristão parece ser mais do que simplesmente dizer-se espírita. É uma pena, um grande desserviço à Causa do Espiritismo Cristão, quando se tenta hierarquizá-lo, pessoalizá-lo – é uma pena, dirigentes e médiuns espíritas tão vaidosos e personalistas, que, com o seu personalismo e vaidade, vão distorcendo a Doutrina. INÁCIO FERREIRA Uberaba – MG, 23 de novembro de 2025.

 

 

Lições de “Nosso Lar” 

 

 Dentre as lições que pude extrair do livro “Nosso Lar”, uma das que mais me chamou atenção, quando encarnado, e, pela vez primeira, efetuei a sua leitura, é que a cidade “Nosso Lar” não era uma cidade espírita.

 

Não era, e continua não sendo, nem será.

 

Aliás, cidades, ou países, com essa ou aquela nomenclatura religiosa é “coisa da Terra” – coisa de planeta inferior.

 

Desde que o mundo é mundo, na essência de todo conflito humano, mais que um motivo de ordem política, ou mesmo econômica, vamos nos deparar com uma causa de natureza religiosa – ou se preferirem, de natureza não ética.

 

Sócrates foi condenado à cicuta por contrariar os sofistas.

 

Jesus foi crucificado por não concordar com os escribas e fariseus.

 

Gandhi libertou a Índia, mas não logrou pacificar hindus e muçulmanos.

 

Nas diferentes Dimensões Espirituais, mais, ou menos, materializadas, quanto mais inferiores se revelem, pelos que as povoam, mais a vida, em todas as suas expressões, se encontra rotulada – quer dizer: mais as mentes se mostram “regionalizadas”, lutando umas pelo poder sobre as demais.

 

Na cidade “Nosso Lar”, embora fundada por portugueses desencarnados, habituados, quando na Terra, a colonizar, não há bandeira que se desfralde cujo lema não seja simplesmente o do “amai-vos uns aos outros”.

 

Diante do que acontece, presentemente, entre os encarnados, pode-se dizer que a Terra, do ponto de vista espiritual, ainda, talvez, sequer seja um orbe de expiações e provas, tal o primitivismo do comportamento humano em assuntos de transcendência.

 

Vivem-se, na atualidade terrestre, ferrenhos embates religiosos que, do campo da retórica, estão passando, e vão passar ainda mais, para o campo da prática - a questão religiosa engendrando as questões racistas e sociais mais graves, que tendem a mergulhar o mundo em guerra sem precedentes.

 

Houve-se em grande inspiração León Denis, quando disse: “O Espiritismo não será a religião do futuro, mas, sim, o futuro das religiões”.

 

O sábio Chico Xavier ensinava: “Eu não creio que nós, os espíritas, venhamos a ser os ‘tais’... Acredito que o Espiritismo caminhará ao lado das demais religiões cristãs, para, um dia, formarmos com elas o Cristianismo Total.”

 

Espiritismo, em sentido que transcende, não é religião – é “um sistema de vida”, como, igualmente, dizia Chico Xavier – Espiritismo é a Verdade que, gradativamente, viremos a conhecer, mas da qual, evidentemente, ainda nos encontramos muitos distantes.

 

Por este motivo, o espírito que se responsabilizou, junto a Kardec, pela Codificação, se denominou “O Espírito da Verdade” – “Eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida”.

 

Ser espírita não é ser religioso no sentido literal do termo, mas ser cristão, ou, pelo menos, tentar sê-lo.

 

Chico, certa vez, em desabafo, falou com veemência: “O Espiritismo é uma doutrina livre, nasceu livre e precisa continuar livre... Se, um dia, ele deixar de ser o que é, eu deixo de ser espírita e vou tentar ser cristão.”

 

Ser espírita deveria ser o mesmo que ser cristão, mas, pelo que Chico disse, ser cristão parece ser mais do que simplesmente dizer-se espírita.

 

É uma pena, um grande desserviço à Causa do Espiritismo Cristão, quando se tenta hierarquizá-lo, pessoalizá-lo – é uma pena, dirigentes e médiuns espíritas tão vaidosos e personalistas, que, com o seu personalismo e vaidade, vão distorcendo a Doutrina.

 

 

 INÁCIO FERREIRA

 

Uberaba – MG, 23 de novembro de 2025.