domingo, 24 de março de 2024

 

Rápido Diálogo

 

Há pouco, tive oportunidade de estabelecer rápido diálogo com um amigo que se encontrava em visita a um de seus familiares internado no “Hospital dos Médiuns”.

 

- Dr. Inácio, o senhor que, segundo sei, está sempre em contato com os nossos irmãos encarnados tem notícias atuais do Movimento Espírita na Terra?!... Ele estará indo bem?!...

- Sim – respondi –, graças a Deus, a Doutrina sempre está muito bem, desde a Codificação, no que pese as tentativas de desviá-la de suas finalidades... O que não está indo muito bem são os nossos confrades, os espíritas...

- Não?!...

- Com exceções, não, não estão indo bem, porque, infelizmente, não é mesmo fácil abdicarmos do “homem velho”... Desde a desencarnação de Chico Xavier, em 2002, o Movimento, desculpe-me a franqueza, transformou-se numa farra... Muita gente andou e anda botando as mangas de fora... Personalismo, vaidade pessoal, ambição de não sei o quê, enfim, gente, conforme se diz na gíria, querendo aparecer de todo jeito e qualidade

- Não me diz uma coisa dessas...

- Já está dito, meu amigo... Certo pessoal anda pintando e bordando, parecendo até que estão sapateando em cima do caixão do nosso Chico... Esperaram o homem morrer para cometer absurdos, comprometendo a Doutrina perante a opinião pública... A Doutrina é inatacável, mas os inimigos gratuitos fazem questão de misturar tudo, espíritas com Espiritismo, e, sendo assim, o bicho está pegando...

- Verdade?!... Por que o senhor e tantos outros, desencarnados e encarnados, não fazem alguma coisa?!... Precisamos defender a Doutrina, que é o nosso patrimônio maior...

- Desculpe-me, mas eu perguntaria a você, que sei, quando encarnado, era nosso confrade: o que você fez para defender a Doutrina, o nosso “patrimônio maior”... Até onde sei, você apenas se limitava a ir tomar passes de vez em quando, de vez em quando participando de uma reunião mediúnica... Você sempre esperava que alguma coisa fosse feita pelos outros, não é?!... Não estou fazendo nenhuma acusação, estamos apenas conversando, mas você, mais uma vez, está jogando a responsabilidade sobre alheios ombros...

- Doutor, eu não sabia escrever como muitos sabem, nunca foi bom com as palavras...

- Isto não é desculpa, meu caro, porque assinar o seu nome você sabia e, ao que também sei, não se furtava a dar opinião sobre política, e outros assuntos do terra-a-terra...

- Eu não queria me incompatibilizar com os companheiros de Ideal... O senhor sabe...

- Eu não sei nada... Sei que você e tantos outros foram e têm sido omissos, indiferentes, sempre em cima do muro, não querendo dar a cara a tapa, fazendo aquela chamada política da boa vizinhança e...

- O senhor é muito franco...

- Não, sou Ferreira, Inácio Ferreira... E, afinal, eu não o procurei para absolutamente nada – você é que, vindo visitar um parente, me interpelou, e não hesitou em me fazer certas cobranças...

- Mas, o senhor há de convir que, com esse seu jeito, tem feito muitos inimigos, criado muitas arestas... Não desconheço, por exemplo, que tem gente que, na Terra, já incinerou as suas obras mediúnicas...

- E daí?!... Qual é o problema?!... Meu caro, eu não vivo com a consciência alheia – eu vivo é com a minha própria consciência... Não vivo para agradar aos homens, mas, sim, a Deus... Se, para agradar a Deus, eu tiver que desagradar aos homens, como neste momento, estou desagradando a você, eu desagrado – desagrado com muito agrado...

- O senhor tem razão...

- Também não quero estar com a razão, não!... Não quero estar com a razão, não quero ser dono da Verdade, não faço questão de que o meu ponto de vista prevaleça... Eu não ando atrás de elogios, não, meu caro – detesto elogios! Também não gosto de críticas, confesso, mas as prefiro aos elogios...

- Eu vou ver como está o meu parente...

- Esteja à vontade... – respondi. – Mas, não se esqueça de que quase todos os que se encontram internados aqui sempre viveram à vontade!...