COMO VOCÊ INTERPRETA?! – XXIX
Antes de darmos sequência às nossas reflexões sobre os
capítulos de “Nosso Lar”, livro de autoria de André Luiz, gostaríamos de fazer
uma observação. Não nos esqueçamos de que se, em suas obras anteriores, ou
seja, nos demais volumes de sua extraordinária Coleção, o competente autor
espiritual escreveu sob o endosso de sua própria vivência além da morte do
corpo carnal, e, sobretudo colhendo depoimentos de elevados Mentores da Vida
Maior, em “Evolução em Dois Mundos” e “Mecanismos da Mediunidade” (além do
maravilhoso “Agenda Cristã”), ele revelou a sua própria capacidade de espírito
altamente lúcido. Eis algo que, infelizmente, muitos dos que se referem a André
Luiz, com o intuito de minimizar o valor dos livros de sua lavra espiritual,
esquecem-se de destacar.
*
No capítulo 35 de “Nosso Lar”, intitulado “Encontro
Singular”, André Luiz nos relata experiência comovente e altamente instrutiva,
semelhante, sem dúvida, a muitas com as quais os desencarnados se defrontam,
quando, é óbvio, em desencarnando, têm oportunidade para tanto – porque, a
grande maioria daqueles que deixam o corpo na Terra sequer logra oportunidade
igual à que André desfrutou, logo que adentrou a cidade espiritual. Até mesmo
para estarmos com possíveis desafetos, e pedir-lhes perdão pelo prejuízo que
lhes causamos, necessitamos ter merecimento.
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Todos os que já tiveram oportunidade de ler “Nosso Lar” sabem
que André, no capítulo 35, narra o seu encontro com Silveira, um dos
integrantes dos “Samaritanos”. O próprio Silveira, ao vê-lo em “Nosso Lar”
surpreende-se com a sua presença lá, posto, talvez, não esperar que André
tivesse desencarnado tão cedo.
André sente-se constrangido, de vez que Silveira, junto com a
família, tinha sido prejudicado pelo seu pai, que, na condição de agiota, em
vista da impossibilidade de que Silveira resgatasse com ele o débito adquirido,
o espoliara de todos os bens, deixando-o numa situação econômica muito difícil
– então, o referido chefe de família estava doente, com dois filhos igualmente
acamados, certamente, à época, vitimados por alguma enfermidade tropical.
A esposa de Silveira havia tentado obter a intercessão da mãe
de André junto ao esposo, de nome Laerte, todavia ele não a ouviu, e,
encorajado pelo próprio filho ainda muito jovem, levou a cabo a execução da
dívida, que, inclusive, levara a senhora Silveira a ficar sem o seu piano.
Escreveu o autor espiritual: “Derrotados
na luta, os Silveiras haviam procurado recanto humilde no Interior, amargando o
desastre financeiro em extrema penúria.”
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Silveira, ao reencontrar André, age cavalheirescamente, e,
nem de leve, menciona o desagradável episódio, que, junto a outros equívocos,
muito estava custando ao pai de André Luiz, retido em obscuras regiões
umbralinas.
*
Procurando Narcisa, igualmente sua conselheira nos primeiros
tempos de “Nosso Lar”, André, naturalmente avexado, descreve o ocorrido,
escutando dela o seu próprio depoimento: “Já
tive a felicidade de encontrar por aqui o maior número das pessoas que ofendi
no mundo. Sei, hoje, que isso é uma bênção do Senhor que nos renova a
oportunidade de restabelecer a simpatia interrompida, recompondo os elos
quebrados, da corrente espiritual.”
E, em seguida, ouve-lhe a pergunta: “Aproveitou você, o belo ensejo?” Ante a negativa de André, a
simpática Narcisa o incentiva: “Vá, meu
caro, e abrace-o de outra maneira. Aproveite o momento, porque o Silveira é
ocupadíssimo e talvez não se ofereça tão cedo outra oportunidade.”
*
Recordemos aqui a recomendação de Jesus: “Entra em acordo sem demora com o teu adversário, enquanto estás com
ele a caminho...”
*
Atitude linda a de Silveira que, quando André o procura, para
desculpar-se em seu nome e em nome de seu pai, praticamente nem o deixa
terminar de falar, não consentindo que ele prosseguisse se humilhando –
repetindo, que bela atitude! Quantos, antes de se disporem a perdoar algum mal
entendido, esperam que o pretenso ofensor se humilhe ao extremo!...
*
Terminando, em nossa síntese, Silveira diz a André: “... seu pai foi meu verdadeiro instrutor.
Devemos-lhe, meus filhos e eu, abençoadas lições de esforço pessoal. Sem aquela
atitude enérgica que nos subtraiu as possibilidades materiais, que seria de nós
no tocante ao progresso do espírito?”
*
Pois é, caros internautas, poucas perguntas desta vez, mas,
com certeza, a mais incisiva de todas as que aqui já tivemos oportunidade de
lhes formular: - Antes de passarem por um constrangimento semelhante ao de
André Luiz deste Outro Lado, algum de vocês, se for o caso, já procurou
aproveitar “o belo ensejo”?!
INÁCIO FERREIRA
Uberaba – MG, 16 de outubro de 2017.