domingo, 29 de setembro de 2019


“PASSEATA” ESPÍRITA

Estamos no tempo das “passeatas”, das reivindicações nas ruas e praças públicas. Liberdade de expressão do pensamento. Democracia. A prática, porém, não é nova. Gandhi, em sua luta pela independência da Índia, convocava o povo indiano para longas caminhadas – a mais famosa delas, a Marcha do Sal, de quatrocentos quilômetros, que durou vinte e cinco dias, na qual ele apanhou prá burro.
No Movimento Espírita, creio, sinceramente, que estamos carecendo de uma “passeata” (ou de várias) – sempre pacífica, claro, protestando contra o mercantilismo, que vem ensejando o Elitismo.
“Passeata” contra os Congressos pagos – aliás, contra toda atividade doutrinária de palestras que seja paga, não importa se cobrando 1 ou 1.000 reais, ou até mais, como vem acontecendo, ante o mutismo dos Órgãos Unificadores, e o aval explícito dos oradores que participam das programações.
Sim, os oradores e médiuns que concordam em participar de Congressos e Encontros Espíritas pagos também são responsáveis – são coniventes com o Elitismo que vem desviando o Movimento de sua nobre finalidade.
Muitos desses convidados dos Congressos pagos, dizem: - Não sou eu quem organiza... Compareço em nome da Doutrina... Sofisma! Se agissem em nome da Doutrina não haveriam de dar o seu endosso a tamanho descalabro.
Os Congressos pagos, que, infelizmente, estão se multiplicando no Movimento, são verdadeiros cânceres doutrináriostumores malignos altamente comprometedores da saúde do Movimento, e, para eles, não há a menor justificativa.
Arrecadar dinheiro para obras sociais?! Melhor, então, que elas não existam.
A Doutrina, em si, é a maior contribuição que pode ser dada ao mundo descrente da atualidade.
Chico Xavier, toda semana, realizava trabalho assistencial na periferia da cidade – com doações espontâneas! Não cobrava entrada no “Grupo Espírita da Prece”...
As obras assistenciais podem, e devem, organizar promoções beneficentes com a finalidade de sustentá-las – cafés, chás, almoços, jantares, etc.
Então, seria interessante, sim, que “passeatas” espíritas fossem levadas a efeito para combater esse estado de coisas, que, infelizmente, tem os seus incentivadores – determinados Congressos – você é bom em aritmética?! – têm rendido, por vezes, em dois, três dias, a bagatela de 500 mil reais, ou mais! Haja Instituição Assistencial com tamanha despesa, não é?! A verdade verdadeira, como dizia a minha mãe, é que a coisa virou comércio – a preocupação é mais com $$$, que com a divulgação da Mensagem Espírita.
Insistiram comigo para que voltasse com estas crônicas no Blog – não deveriam. Agora, terão que me aguentar nesta tribuna... E não me venham dizer que, estando “morto”, não tenho direito a opinião. Tenho. E sabem por que tenho?! Porque, infelizmente, a covardia de opinião, entre muitos encarnados que se dizem espíritas, vem imperando...
 Ah! Em tempo: se essa gente tivesse que morrer na fogueira como os cristãos de outrora, o que haveria de ser de nossa Causa?!...

INÁCIO FERREIRA

Uberaba – MG, 29 de setembro de 2019.