“PASSEATA” ESPÍRITA
Estamos no tempo das “passeatas”, das reivindicações nas ruas
e praças públicas. Liberdade de expressão do pensamento. Democracia. A prática,
porém, não é nova. Gandhi, em sua luta pela independência da Índia, convocava o
povo indiano para longas caminhadas – a mais famosa delas, a Marcha do Sal, de
quatrocentos quilômetros, que durou vinte e cinco dias, na qual ele apanhou prá burro.
No Movimento Espírita, creio, sinceramente, que estamos
carecendo de uma “passeata” (ou de várias) – sempre pacífica, claro,
protestando contra o mercantilismo, que vem ensejando o Elitismo.
“Passeata” contra os Congressos pagos – aliás, contra toda
atividade doutrinária de palestras que seja paga, não importa se cobrando 1 ou
1.000 reais, ou até mais, como vem acontecendo, ante o mutismo dos Órgãos
Unificadores, e o aval explícito dos oradores que participam das programações.
Sim, os oradores e médiuns que concordam em participar de
Congressos e Encontros Espíritas pagos também são responsáveis – são coniventes
com o Elitismo que vem desviando o Movimento de sua nobre finalidade.
Muitos desses convidados dos Congressos pagos, dizem: - Não sou eu quem organiza... Compareço em
nome da Doutrina... Sofisma! Se agissem em nome da Doutrina não haveriam de
dar o seu endosso a tamanho descalabro.
Os Congressos pagos, que, infelizmente, estão se
multiplicando no Movimento, são verdadeiros cânceres
doutrinários – tumores malignos
altamente comprometedores da saúde do Movimento, e, para eles, não há a menor
justificativa.
Arrecadar dinheiro para obras sociais?! Melhor, então, que
elas não existam.
A Doutrina, em si, é a maior contribuição que pode ser dada
ao mundo descrente da atualidade.
Chico Xavier, toda semana, realizava trabalho assistencial na
periferia da cidade – com doações espontâneas! Não cobrava entrada no “Grupo
Espírita da Prece”...
As obras assistenciais podem, e devem, organizar promoções
beneficentes com a finalidade de sustentá-las – cafés, chás, almoços, jantares,
etc.
Então, seria interessante, sim, que “passeatas” espíritas
fossem levadas a efeito para combater esse estado de coisas, que, infelizmente,
tem os seus incentivadores – determinados Congressos – você é bom em
aritmética?! – têm rendido, por vezes, em dois, três dias, a bagatela de 500
mil reais, ou mais! Haja Instituição Assistencial com tamanha despesa, não é?!
A verdade verdadeira, como dizia a minha mãe, é que a coisa virou comércio – a
preocupação é mais com $$$, que com a divulgação da Mensagem Espírita.
Insistiram comigo para que voltasse com estas crônicas no
Blog – não deveriam. Agora, terão que me aguentar nesta tribuna... E não me
venham dizer que, estando “morto”, não tenho direito a opinião. Tenho. E sabem
por que tenho?! Porque, infelizmente, a covardia de opinião, entre muitos
encarnados que se dizem espíritas, vem imperando...
Ah! Em tempo: se essa
gente tivesse que morrer na fogueira como os cristãos de outrora, o que haveria
de ser de nossa Causa?!...
INÁCIO FERREIRA
Uberaba – MG, 29 de setembro de 2019.