Na Construção da Fé
Ouvindo a palavra lúcida de Irmão José, na reunião mediúnica
da última quarta-feira, da qual participamos, ficamos a meditar que, de fato, o
trabalho na caridade está na base da construção da fé...
Sem doação ao próximo, enfim, à Vida, tirando de nós mesmos,
nada lograremos acrescentar a nós, mormente nos dias que correm de nossa
convivência espiritual com os nossos irmãos encarnados que tanto vêm lutando
contra tantos reveses que os exortam à descrença.
A fé sem obras, conforme considera o Apóstolo, realmente, é
morta, e, ousaríamos dizer, sequer chega a nascer – aborta-se por não encontrar
a sustentação de que necessita para nascer, crescer e produzir frutos...
Daí, meus irmãos, a importância de não nos afastarmos dos
caminhos do Bem, mesmo reconhecendo as enormes imperfeições que carregamos,
que, por agora, nos impossibilitam de praticar o bem genuíno.
Não importa, porém: busquemos, COM INSISTÊNCIA COTIDIANA, servir
aos que possamos estender as mãos, alicerçando a fé que, a pouco e pouco,
haverá de se nos fortalecer interiormente.
A fé raciocinada, sem dúvida, é fruto da razão, mas deve
crescer no coração, e não somente na gleba um tanto árida do intelecto, que,
muitas vezes, pode ser comparado à terra empedrada que não acolhe as sementes
do Divino Semeador.
Caridade!... Muitos dizem que semelhante virtude é piegas,
todavia, sem a sua prática o espírito não se estrutura o suficiente para
enfrentar as lutas da evolução, que, não raro, o desafiam com o desencanto de
um mundo que parece ter sido relegado pelo Criador à criaturas insanas,
inconsequentes, que encaminham a Humanidade para o abismo.
A palavra de Irmão José, portanto, é um convite à humildade,
mas com coragem para vencer o egoísmo que, inclusive, nos faz supor ter um
tamanho que estamos longe de ter...
A fé, sim, é uma construção, à qual, todos os dias, carecemos
de acrescentar um “tijolo”, para que, alteando-se com solidez, possa resistir
aos vendavais que não derrubam as casas edificadas sobre a rocha.
Qual foi, meu irmão e minha irmã, o teu gesto de caridade
ontem, hoje e... qual há de ser o de amanhã?!... Não te esqueças de que ninguém
é tão desprovido que não possa algo tirar de si para doar a quem se mostra tão
carente de tudo quanto nós nos mostramos!...
INÁCIO FERREIRA
Uberaba – MG, 7 de Maio de 2023.