TUA ALMA, TUA ROÇA
Ocupa-te com zelo
Da tua roça –
Tua alma! ...
Combate a tiririca,
Que ela, há muito,
Ocupa o espaço
Da boa semente.
Lavra o teu chão
Íntimo.
Não ambiciones
O roçado alheio...
Não invejes
A sementeira do próximo!
Coisa feia...
Nanica...
Transpira sobre
A tua gleba –
Chora,
Fecunda a terra
De tua alma.
Produza algo
Por ti mesmo...
Nem que seja
Um pé de... quiabo...
Jiló...
Macaxeira...
Nabo...
Mas, produza.
Há séculos, o teu cercado
Está abandonado...
Gleba inculta,
Em menosprezo
Às sementes
Do Divino Semeador! ...
Maneja a enxada
Que tens nas mãos,
Antes que
O arado da dor
Rasgue as entranhas
De tua alma!...
E ele – não desacredite! –
Rasgará depressa,
Sem que lho impeça...
Converta a roça
De tua alma
Em um lindo trigal...
Abraça, sem demora,
Um ideal...
Nada te falta –
Chão,
Semente,
Chuva,
Sol...
Falta-te somente,
(Não sei se digo,
Ou se desdigo...)
É provável,
Talvez,
Ó amigo “pamonha”,
Que coloques
Na cara,
Um pouco de vergonha...
Qual minha mãe
Dizia,
Sem anonimato:
- Inácio, o homem,
Sem carmim no rosto,
É filho do desgosto!...
INÁCIO FERREIRA
Uberaba – MG, 9 de Março de 2020.