Sem Grandeza
Poucos são, raríssimos, os que são capazes de reconhecerem os
seus equívocos de opinião, e, consequentemente, de atitude, e se predisporem a
voltar atrás, revendo conceitos e decisões.
Talvez que, pela falta de humildade em admitir os seus enganos,
é que o espírito pode permanecer, por longo tempo, estacionado nas sendas da
evolução.
Muitos, entretanto, sabendo estarem, parcial ou
completamente, enganados, insistem em continuar sustentando determinados pontos
de vista, porque, a eles renunciar significaria abrir mão de interesses de
natureza pessoal.
Quem procura colocar a Verdade acima de si mesmo, não
compactua com a mentira, e não se permite manipular pelas opiniões convenientes
de grupos e segmentos considerados poderosos.
O orgulho, expressando-se através da vaidade e do
personalismo, impede que muitos espíritos adquiram a indispensável isenção
para, mesmo quando equivocados, sejam autênticos em seus pontos de vista.
Saulo de Tarso, caso não estivesse agindo com sinceridade em
defesa da lei antiga, não se prestaria ao serviço da Boa Nova para o qual foi
designado pelo próprio Senhor.
Há um abismo a ser transposto entre os que, por interesse,
defendem equivocadas ideias pessoais, e os que assim o fazem pela imaturidade
de suas convicções.
Em matéria de aprendizado, todos os espíritos, presos às
condições evolutivas do orbe terrestre, encontram-se em transição, sendo
natural que, hoje ou amanhã, necessitem capitular diante de certas concepções.
Todavia, revela-se sem grandeza o espírito que, em
reconhecendo os seus erros, prefere mantê-los, exclusivamente, por amor
próprio, e, não raro, de pensamento mercenário, prosseguir ofertando-se em
leilão a quem mais puder lhe pagar.
INÁCIO FERREIRA
Uberaba – MG, 24 de Outubro de 2021.