domingo, 5 de fevereiro de 2023

Ensaio Sobre o Esquecimento - I

(Apenas para Reflexão dos Interessados)

 

Sem dúvida, o esquecimento das existências passadas é uma das Leis que, nos mundos menos evolvidos, funciona na bênção da Reencarnação.

O esquecimento, porém, não é absoluto, e menos absoluto se torna à exata medida em que o espírito avança na escala evolutiva.

Ao que já se sabe, o olvido das vidas anteriores, em muitos espíritos, continua a viger no Mundo Espiritual – poucos são os que, mesmo na condição de desencarnados, têm acesso às reminiscências do pretérito.

Em alguns espíritos, a lembrança de experiências vivenciadas por ele no tempo, quando, outra vez, toma o corpo material, pode se apresentar em forma de intuição, de inclinações, tendências vocacionais ou não, etc.

O propósito deste pequeno ensaio é o de afirmar aos estudiosos interessados no tema, que o esquecimento, não raro, igualmente se apresenta ao espirito em relação à sua vida imediatamente anterior ao desenlace.

Alguns pontos, que consideramos lógicos, corroboram, neste sentido, as nossas conclusões.

Assim como o espírito encarnado não pode, e não deve, viver em função de suas existências anteriores, o desencarnado, igualmente, não pode, e não deve, viver em função de suas reminiscências no corpo recentemente deixado.

Caso o espírito, ao deixar o corpo, conservasse, integrais, as recordações da experiência finda, ele haveria de se sentir afetado tanto quanto afetado se sentiria na condição de encarnado com as lembranças de vidas anteriores.

Cremos que, qual ocorre com crianças, que, nos primeiros anos de seu regresso ao corpo físico possui certos lampejos do passado, nos primeiros tempos – dias, meses e alguns poucos anos – de sua desencarnação o espírito pode, perfeitamente, inclusive com detalhes, conservar na memória traços de sua permanência no corpo.

Em alguns espíritos, ou muitos, esses traços mnemônicos possuem a função de permitir que a consciência acione o “gatilho” do remorso, do arrependimento, para que lhes enseje a visão das faltas cometidas e, sendo o caso, o desejo de reparação – embora seja comum que muitos espíritos, somente bem mais tarde, venham a ter esse desejo de reparação despertado.

O esquecimento do passado, às avessas, ou seja da Terra para o Mundo Espiritual, possibilita ao espírito um certo desapego indispensável à sua mais perfeita integração ao seu novo habitat.

Portanto, somos de opinião, que os nossos irmãos encarnados, em seus elucubrações filosófico-doutrinárias, deveriam, sim, cogitar da existência desse esquecimento às avessas, de vez que a lembrança integral do espírito do que ele tenha vivenciado na Terra interferiria em nova realidade existencial, com os efeitos sendo praticamente os mesmos que decorreriam caso, ao reencarnar, ele não olvidasse o passado.

Talvez, voltemos, quando oportuno, a novas considerações.

 

INÁCIO FERREIRA

 

Uberaba – MG, 5 de Fevereiro de 2023.