domingo, 7 de julho de 2024

 

A Varonilidade de Chico Xavier

 

Há quem diga, com escusas intenções, que Chico Xavier, não pode ser a reencarnação de Allan Kardec porque Chico era uma alma feminina, ao passo que o Codificador pertencia ao gênero masculino.

Sinceramente, não sei como se atrevem a analisar a psicologia de outrem, conhecendo-a com tal profundidade, quando ainda não conhecemos sequer a nós mesmos...

Alegam, alguns, que Chico era extremamente resignado, afetuoso, maternal, e que Kardec, que casou-se com Dona Amèlie, que já estava com quase quarenta anos, era um espírito viril, ativo, forte...

Provavelmente, tais irmãos de crença, com a ideia obsedante de que Chico não pode ter sido a reencarnação de Kardec, desconhecem, a fundo, as lutas que o inesquecível médium enfrentou desde os 5 de idade, quando ficou órfão.

Para começar, Chico trabalhou na Doutrina por um tempo cinco vezes a mais que Kardec, que, quando se interessou pelos fenômenos já estava com quase 50 de idade.

Sozinho, sem cultura quase, Chico, em Pedro Leopoldo, teve que enfrentar, inclusive, a oposição da família, e excomunhão da Igreja, que se deu publicamente, durante a realização de um ofício religioso.

Após a publicação de “Parnaso de Além-Túmulo”, em 1932, virou alvo da imprensa leiga que o acusava de mistificador, chegando a pedir a sua prisão às autoridades competentes.

Durante o dia, trabalhava na “Fazenda Modelo” para ajudar a sustentar a numerosa prole de seu pai, que se consorciara duas vezes, e, à noite, entregava-se à tarefa da mediunidade até à madrugada do dia seguinte, com pouco tempo disponível para o descanso.

Kardec, em “Obras Póstumas”, escreveu que teve a saúde abalada pelas traições recebidas na “Sociedade Espírita de Paris”, com os Espíritos dizendo a ele que, não fosse por tais abalos sofridos e a saúde já periclitante, ele poderia ter se demorado no corpo por mais tempo.

Em 1944, Chico enfrenta, sem se deter na tarefa por um minuto sequer, o rumoroso processo movido pela família do escritor Humberto de Campos, assunto que ocupou as páginas dos periódicos da época por longo período.

Em 1958, suporta as acusações de um sobrinho alcoólatra, que, igualmente, o acusa de mistificação, com o assunto, novamente, virando manchetes dos jornais de maior circulação.

Os ataques a Chico provinham de todos os lados, e ele, sustentado pelo Mundo Espiritual, sempre firme e inabalável, aguentando o que muitos “machões” não aguentariam, como, aliás, não têm aguentando se declarando ex-espíritas.

Vivendo em situação de grande carência material, Chico nunca auferiu qualquer recurso da venda de seus livros, à semelhança de Kardec que, a certa altura, teve que se valer dos recursos pecuniários da esposa, com a qual não teve filhos, de vez que os livros da Codificação deveriam ser os seus rebentos.

Para que Chico não seja a reencarnação de Kardec, já lemos de um médico que se dizia espírita, e que já se transferiu para o Outro lado, que, enquanto Kardec era um europeu da gema, pele e olhos claro, Chico era analfabeto, caboclo e cego de um olho!...

O preconceito dessa gente que vive querendo saber da sexualidade alheia é tão grande que eles nos dão a impressão de não saber, em sua atual encarnação, a que gênero pertencem, para além, claro, dos órgãos genitais que trazem entre as pernas.

 

INÁCIO FERREIRA

 

Uberaba – MG, 7 de Julho de 2024 (*)

(*) Véspera da missionária tarefa mediúnica que Chico iniciou a 8 de Julho de 1927.