domingo, 17 de dezembro de 2017

COMO VOCÊ INTERPRETA?! – XXXVIII

Continuando com as nossas reflexões sobre o capítulo 40 – “Quem Semeia Colherá”, de “Nosso Lar”, André Luiz – notemos – afirma que foi ele a se sentir atraído para uma “visita ao departamento feminino das Câmaras de Retificação”, na qual Elisa se encontrava internada. Interessante: o espírito compromissado se sente, espontaneamente, atraído pelo compromisso assumido perante a Lei Divina, insculpida na consciência!...
Elisa, conforme nos relata André, sequer conseguira identificá-lo, mas ele não tivera grande dificuldade em reconhecê-la.
Narcisa, a respeito, pronuncia frase lapidar, que nos merece meditação atenta: “Todos nós, meu irmão, encontramos no caminho os frutos do bem ou do mal que semeamos. Esta afirmativa não é frase doutrinária, é realidade universal.” (grifamos)
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Precisamos ainda colocar em destaque o seguinte: quando André teve rápido envolvimento com Elisa, ele, então, era muito jovem, e ela, ao que tudo indica, era mais experimentada no campo da sedução afetiva. Todavia, mesmo assim, a sua consciência não deixou de, parcialmente, responsabilizá-lo pelo destino da infeliz jovem que se entregara aos desmandos da existência.
Quando André, sem se identificar, pergunta a Elisa se ela o odiava, a moça respondeu:
- “No período do meu sofrimento anterior, amaldiçoava-lhe a lembrança, nutrindo por ele um ódio mortal; mas a irmã Nemésia modificou-me. Para odiá-lo, tenho de odiar a mim mesma. No meu caso, a culpa deve ser repartida. Não devo, pois, recriminar ninguém.”
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Sobre a Terra, na condição de encarnados, são muitos os que imaginam que as suas faltas – principalmente as consideradas mais leves –, cometidas em momento de imaturidade ou insensatez, ficarão esquecidas... Ledo engano! A Lei é a Memória Integral da Vida, e, com certeza, conforme nos ensinou Jesus: “Até que o céu e a terra passem nem um i ou um til jamais passará da lei, até que tudo se cumpra.” Ou seja: o espírito não se sentirá redimido, enquanto, num canto qualquer de sua consciência, permanecer a mais insignificante pendência cármica.
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Vejamos ainda mais: muitos anos haviam se passado do ligeiro caso entre André e Elisa, todavia, ela sequer lhe esquecera do timbre de voz... Evidentemente, André não era mais o jovem de antanho, e, por certo, o tempo lhe alterara a fisionomia e até mesmo o som da voz – não obstante, o rapaz marcara tão profundamente o espírito da jovem que ela o “adivinhava”: - “E a sua voz – disse Elisa, ingenuamente – parece a dele.”
André, embora não se revelasse de pronto, por razões expostas no capítulo, não estava com a intenção de disfarce, mas, o credor sempre pressente a presença do devedor – aliás, o “pressentimento” entre André e Elisa era recíproco – um parecia estar à espera do outro! Por que ambos ter-se-iam conduzido, quase no mesmo período, a “Nosso Lar”?!
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Mais tarde, quando André desencarna, e, então, a sua esposa, Zélia, consorcia-se com Ernesto, não estaria ele já se submetendo à chamada “lei de talião”?! Não estaria agora, por sua vez, experimentando o abandono afetivo a que votara uma jovem de quem arrebatara o coração?!
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Qual haveria de ser, junto a André, o futuro de Elisa?!
Não há quem nos cruze o caminho por mera obra do acaso.
A mãezinha de André Luiz não havia comunicado a ele a intenção de reencarnar proximamente com o intuito de auxiliar o ex-esposo, Laerte, em relação a duas mulheres que, em novo matrimônio com ele, haveriam de receber na condição de filhas?!...
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Não convém, pois, que coloquemos apenas as “barbas de molho” – coloquemos todos os “pelos” que nos cresçam no corpo e na alma, com os quais, muitas vezes, aos olhos argutos da Lei, pretendemos, inutilmente, ocultar as nossas próprias faltas.

INÁCIO FERREIRA

Uberaba, 18 de dezembro de 2017.