COMO VOCÊ INTERPRETA
– XVIII
No desdobramento do capítulo 27, de “Nosso Lar”, ensinamentos
valiosíssimos são transmitidos por André Luiz a todos os que desejam se
iniciar, seriamente, nos assuntos da Vida além da morte do corpo carnal.
Antes, porém, retrocedendo ao capítulo 10 – “No Bosque das
Águas”, estimaríamos formular breve comentário, que, não raro, nos passa
imperceptível – mesmo a nós que, na situação de desencarnados, nos propomos a
estudar Obra tão substanciosa.
André Luiz, quando encarnado, fora o grande cientista Dr.
Carlos Chagas, que, certamente, desfrutava de uma condição social consentânea
com a sua formação acadêmica – estudou em boas escolas, residia em casa
confortável, ainda dispunha ele de meio de transporte próprio, diversos cooperadores
sob as suas ordens, e, embora vivesse rodeado por doentes, médico humanitário
que fora, os de sua mais estreita convivência pertenciam à classe mais
privilegiada de então.
O Dr. Carlos Chagas, por contingências de sua posição, mesmo
que o quisesse ser, não era mais um na multidão – era o mestre de Medicina, tratado
com deferência, Doutor Honoris Causa da Universidade de Harvard e Universidade
de Paris, detentor de muitos outros títulos de que se fizera merecedor.
Pois bem. Ao desencarnar, o Dr. Carlos Chagas, que é o nosso
André Luiz, viu-se sendo mais um na multidão – mais um entre os milhares de
desencarnados que, na década de 30 e 40, residiam em “Nosso Lar”, e se punham a
esperar o transporte coletivo – o “Aeróbus”!
Interessante, não?!
O fato nos faz recordar a mensagem que Allan Kardec fez
questão de inserir logo no segundo capítulo de “O Evangelho Segundo o
Espiritismo”, transmitida por “Uma Rainha de França”, em Havre, em 1863: “Rainha entre os homens, como rainha julguei
que penetrasse no reino dos céus! Quanta desilusão! Que humilhação, quando, em
vez de ser recebida aqui qual soberana, vi acima de mim, mas muito acima,
homens que eu julgava insignificantes e aos quais desprezava, por não terem
sangue nobre!”
André Luiz não teve qualquer problema em tomar o “Aeróbus”,
mas, com certeza, muita gente habituada a andar na classe VIP, vai ter! Sei de
um caso de renomado espírita que, certa vez, ficou contrariado por ter sido
buscado no hotel onde estava hospedado por alguém que possuía, digamos, um carro
já bastante surrado. Ele chegou até a bater a porta do veículo com violência,
com o propósito de ver se a arrancava de vez...
Não se trata de uma piada. Os protagonistas ainda estão por
aí, no corpo – bem, pelo menos, até ontem estavam! Tanto o espírita transportado quanto o espírita transportador!...
É... Vai ser dura, deste Outro Lado, a decepção de muita
gente viciada em ser tratada, na Terra, apenas e tão somente por “doutor”,
sendo que – não digo de Harvard, ou Paris – não possuem semelhante título nem
na cidade de nossa simpática Conquista, vizinha de nossa não menos simpática
Uberaba.
André Luiz, no ponto, esperando o “Aeróbus”, na companhia de
Lísias, para, depois, pegando a fila, esperar ser atendido por Clarêncio, a fim
de levar uma carraspana danada! E tem espírita imaginando que será recebido
aqui, no Além, com pompa e cerimônia! Seria cômico, se não fosse trágico. É
sala VIP em Congressos, hotéis de luxo – de cinco estrelas para cima –,
excelentes banquetes... Sei não. Eu já sou o passado, ou melhor, o futuro de
todos vocês, que, literalmente, significa desencarnação.
Bem, o espaço deste post está esgotando. Antes do ponto
final, falta-me, evidentemente, lembrar a vocês que o nosso Dr. Carlos Chagas
retomou o seu brilhante trabalho no Mundo Espiritual limpando vômitos de gente
doente no chão! É isso mesmo que você leu: gente
doente! Espírito é Gente! Pela época, não havia outra coisa que ele pudesse
fazer, a não ser, segundo as suas próprias palavras: “Foi então, que, instintivamente, me agarrei aos petrechos de higiene e
lancei-me ao trabalho com ardor.” E mais: ele diz que suou muito! Ou seja:
a não ser que ele tenha suado por outras artimanhas biológicas, o perispírito
continua possuindo glândulas sudoríparas! Louvado seja Deus! O que haveria de
ser de nós, essa cambada de espíritos medíocres, se as nossas glândulas
sudoríparas não sobrevivessem, continuando a nos dar a oportunidade de
extravasar pelos poros as nossas mazelas morais!...
Um “viva” às glândulas sudoríparas!...
INÁCIO FERREIRA
Uberaba – MG, 24 de julho de 2017.