Limitação Mediúnica
Alguns amigos nos indagam o motivo de as informações que lhes transmitimos do Mundo Espiritual não serem mais precisas, ou reveladoras.
Sinceramente cremos que, em matéria de revelação, desde 1857, com o lançamento de “O Livro dos Espíritos”, os espíritos que entram em contato proveitoso com os homens na Terra já fizeram o possível para informá-los a respeito do essencial.
Com o Pentateuco e a Obra Mediúnica devida à mediunidade de Chico Xavier, farto material mediúnico foi entregue aos homens encarnados, aliás, em curto espaço de tempo, em pouco mais de século e meio, para que o Mundo Espiritual, ou Planeta, deixe de ser considerado inacessível em termos de conhecimento.
Notemos que, através de Chico Xavier, na derradeira etapa de sua tarefa missionária, habitantes comuns do considerado Invisível preencheram laudas e mais laudas com os seus depoimentos, em inequívoco atestado da Vida além da morte – as ditas “mensagens consoladoras” não eram, como não são, endereçadas somente aos familiares e amigos saudosos que, da Terra, pranteiam os seus entes queridos.
Convém, no entanto, anotar que os desencarnados que povoam a psicosfera do orbe terrestre, entre os quais, presentemente, eu me encontro, não dispõem, no momento, dos conhecimentos que os encarnados lhes atribuem, para que, por exemplo, ampliem os horizontes da Revelação Espírita, que, por força de Lei, há de ser gradativa.
Vejamos que um espírito do naipe de Emmanuel Swedenborg, que viveu no século XVIII, com o seu “O Céu e o Inferno”, e tantos outros devidos à sua lavra medianímica, embora as preciosas notícias transmitidas acerca da Vida no Mais Além, não logrou isentar-se o necessário de sua formação acadêmica e religiosa para fazê-lo com maior fidelidade, mormente quando, fora do corpo carnal, ele se projetava às Dimensões que visitava.
Recordemo-nos do Cristo quando, em alerta aos Apóstolos, foi incisivo ao dizer que eles não deveriam dar aos cães o que é santo nem lançar aos porcos as pérolas...
Evidentemente, não estamos aqui a menosprezar a quem, porventura, em matéria de entendimento espiritual, ou de maturidade psíquica, possa pertencer ao reino Animalia, em seu filo Chordata, e nem tampouco pretendendo dizer que alguns de nossos irmãos possam ainda estar mais próximos daqueles dos quais vulgarmente se diz que roncam e fuçam...
Acontece, porém, que, de fato, as Duas Humanidades, a que moureja e a que não moureja no corpo físico mais denso, não se mostram suficientemente responsáveis para que maior parcela da Verdade lhes seja revelada.
Os nossos irmãos sensitivos, espíritas ou não, por mais se esmerem na tarefa do intercâmbio, sempre haverão de esbarrar com limites cérebro-mentais para que mais lhes seja concedido na condição de intérpretes das realidades da Casa do Pai, em suas múltiplas moradas.
Aliás, em diversas oportunidades, em “O Livro dos Espíritos”, os que integravam a Falange do Espírito da Verdade, afirmavam que, aos homens, faltava elementos de comparação, ou mesmo adequada terminologia, para que pudessem se aprofundar nas questões que lhes eram propostas.
Assim, esmeremo-nos no campo do merecimento para que, conforme nos ensinou o Divino Mestre, ao que que tem, mais possa vir a lhe ser acrescentado, no futuro.
Recordo-me de que Chico Xavier, referindo-se a Peixotinho, Francisco Peixoto Lins, talvez, um dos maiores médiuns de efeitos físicos de todos os tempos, disse, certa vez, que médium com as suas possibilidades mediúnicas surgia na Terra somente de duzentos em duzentos anos...
Ouça o que tenha ouvidos de ouvir, pois, caso também não queira escutar, que continue em sua voluntária surdez, à qual seria interessante que juntasse aconselhável silêncio para que não continue falando tantas asneiras, fornecendo um atestado público de sua ignorância.
INÁCIO FERREIRA
Uberaba – MG, 3de Março de 2024.