segunda-feira, 12 de junho de 2017

COMO VOCÊ INTERPRETA?! – XII

O livro “Nosso Lar”, de André Luiz, foi escrito em 1943, em pleno clima da Segunda Grande Guerra Mundial (1939-1945), porém os relatos do autor espiritual são datados de agosto de 1939. Na pacata cidade de Pedro Leopoldo, em Minas Gerais, enquanto, principalmente, a Europa se conflitava, com a França, o berço do Espiritismo, sendo bombardeado, Chico Xavier, então com 33 de idade, trabalhava anonimamente, dando sequência ao plano da Espiritualidade Superior de desdobrar a Codificação Kardeciana.
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No capítulo 24 de “Nosso Lar” – “O Impressionante Apelo” –, André Luiz noticia a preocupação dos habitantes da cidade, mormente de suas autoridades, com as consequências drásticas da guerra. Atentemos para o trecho: “Ligado o receptor, suave melodia derramou-se no ambiente, embalando-nos em harmoniosa sonoridade, vendo-se no espelho de televisão a figura do locutor, no gabinete de trabalho.”
Aparelho de TV, serviço de jornalismo, emissora, transmissão ao vivo, palavra de um locutor, ou apresentador... Inventada, praticamente, em 1927, somente em 1939, em Nova York, houve a primeira transmissão ao vivo – a Televisão na Terra, por assim dizer, ainda não passava de um experimento. A Televisão, no Brasil, só chegou em 1950, graças a Assis Chateaubriand! E André Luiz, em 1943, já falando de transmissões televisas no Mundo Espiritual...
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“Emissora do Posto Dois, de Moradia” – eis o nome da Emissora de TV, e o nome de outra cidade existente no Mundo Espiritual, certamente, nas vizinhanças de “Nosso Lar, embora, segundo Lísias, “velha colônia de serviços muito ligada às zonas inferiores.”
O apelo do locutor, feito numa “entonação de verdadeiro S.O.S”, era vazado no “idioma português, claro e correto.” Não se tratava, portanto, de uma comunicação telepática, mas sim verbalizada, captada pelo sentido auditivo de quantos se encontravam em sintonia com a Emissora, que, à época, já possuía relativo alcance. Admirado do fenômeno, André comenta em sua obra: “Julgava que todas as colônias espirituais se intercomunicassem pelas vibrações do pensamento.” Lísias esclareceu: “Estamos ainda muito longe das regiões ideais da mente pura. Tal como na Terra, os que se afinam perfeitamente entre si podem permutar pensamentos, sem as barreiras idiomáticas; mas, de modo geral, não podemos prescindir da forma, no lato sentido da expressão.”
Mais tarde, no livro “Evolução em Dois Mundos”, no capítulo II, da Segunda Parte, o mesmo André Luiz escreveria: “... não obstante reconhecermos que a imagem está na base de todo intercâmbio entre as criaturas encarnadas ou não, é forçoso observar que a linguagem articulada, no chamado espaço das nações, ainda possui fundamental importância nas regiões a que o homem comum será transferido imediatamente após desligar-se do corpo físico.” Então, não será por ter desencarnado, que você, meu caro internauta, logrará comunicar-se por via telepática com os demais habitantes do Mundo Espiritual – o que nos leva a concluir que aprender a falar noutro idioma continua sendo muito útil além da morte, principalmente se você desejar no “espaço das nações”, entrar em comunicação com habitantes de outros países. Não confie apenas na possibilidade do “conhecimento adormecido”, ou seja, que, por ter desencarnado, você começará a falar noutras línguas que jazam aprendidas em seu subconsciente.
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Para quem imagina que os espíritos assistam, sem maior preocupação, o que, em termos de conflitos, acontece entre os homens, o locutor de “Moradia” elucida: “Há muito benfeitores devotados, lutando com sacrifícios em favor da concórdia internacional, nos gabinetes políticos. Alguns governos, no entanto, se encontram excessivamente centralizados, oferecendo escassas possibilidades (o destaque aqui é nosso) à colaboração de natureza espiritual.”
O único instrumento que possuímos para tentar, em todos os sentidos, influenciar os encarnados, é o do pensamento, através da inspiração! Não havendo sintonia e boa vontade em acolher as nossas sugestões positivas, infelizmente, de nossa parte, nada mais a ser feito a não ser lamentar.

INÁCIO FERREIRA

Uberaba – MG, 12 de junho de 2017.