Sugestão a Conshuá
Irmão Consuhá:
Jesus nos abençoe,
Temos acompanhado os seus comentários às nossas singelas
páginas publicadas neste Blog – os seus e dos demais irmãos que se dignam a
lê-las e, por vezes, comentá-las, mesmo nem sempre concordando com elas.
Você escreve com propriedade, e seria interessante que
começasse a pensar em produzir alguma matéria sobre a Umbanda, sob a ótica
universalista qual, resumidamente, vem tendo oportunidade de fazer em seus
comentários.
Todas as crenças religiosas, enfim, toda a sabedoria, emana
da mesma Árvore, que é o Criador, oferecendo os seus frutos ao diversificado
paladar daqueles que os apreciam, e deles se alimentam.
Embora os preconceitos vigentes entre os encarnados e, ainda,
entre os que não desencarnaram o suficiente, a Umbanda é legítima manifestação
de espiritualidade de quantos, igualmente, consideram a Oxalá, Filho de Zambi,
na condição de nosso maior Orixá.
Cremos que há, sim, necessidade, como dizia Chico Xavier, que
entre a Umbanda e o Espiritismo se construa uma ponte de união, forte o
bastante para que possa resistir aos furiosos ataques dos ortodoxos.
A Umbanda é tão velha quanto o Espiritismo, e como natural
manifestação de fé na Divindade e nas “forças” da Natureza, pode, sem dúvida,
ser considerada o seu berço, com a diferença de que a primeira emergiu da raça
negra, os habitantes primitivos do orbe terrestre, e a segunda dos chamados
arianos, egressos de um dos mundos da Constelação do Cocheiro.
Todavia, carecemos de considerar que foram os adoradores das
“forças” da Natureza que deram origem às mais diferentes mitologias que
enriquecem a nossa cultura – as mitologias grega e romana, que, mais tarde,
ensejaram o aparecimento de Sócrates e Cícero, culminaram com o advento do
Cristianismo, do qual o Espiritismo pretende ser a revivescência – se os
espíritas deixarem, claro.
Assim, comovo-me ao ler os seus pequenos apontamentos, tão
singelos quanto belos, semana após semana, e, desde muito, suscitou-nos o
desejo de incentivá-lo a escrever algo, ainda que seja pouco, sobre a Filosofia
da Umbanda.
Quando encarnado, entre os espíritas de meu tempo na Terra,
por vezes, eu era considerado na condição de pária, aliás, como ainda acontece
agora, por sempre entender a denominada “pureza doutrinária” por tradução do
Amor em sua manifestação mais pura, liberto de fanatismo e preconceito.
Visitando, de quando em vez, alguns templos que se dedicam
aos cultos afro-brasileiros, emociono-me ao ver, sobre os seus altares, um
exemplar de “O Evangelho Segundo o Espiritismo”, sendo comentado com respeito
pelos seus pais de santo, que, pela minha natureza humaníssima, nunca, evidentemente,
poderiam ser meus genitores.
Desculpe-me, Conshuá, a sugestão que lhe faço, por me
falecerem recursos intelectuais de conhecimento mais profundo para que eu mesmo
me animasse ao tentame, que, de irmão para a irmão, tomo a liberdade de lhe
sugerir.
Creio que você contará com a inspiração de nossos Maiores,
seus falangeiros e orixás, e, com a bênção de Oxalá, não encontrará maiores
dificuldades para tanto.
Com o meu abraço, que já foi tríplice e que hoje é tão
somente mais um abraço entre tantos, peço a você, e aos seus, para que
continuem incluindo o meu pobre nome em suas rodas de orações.
INÁCIO FERREIRA
Uberaba – MG, 27 de Junho de 2021.