domingo, 27 de junho de 2021

 

Sugestão a Conshuá

 

Irmão Consuhá:

Jesus nos abençoe,

Temos acompanhado os seus comentários às nossas singelas páginas publicadas neste Blog – os seus e dos demais irmãos que se dignam a lê-las e, por vezes, comentá-las, mesmo nem sempre concordando com elas.

Você escreve com propriedade, e seria interessante que começasse a pensar em produzir alguma matéria sobre a Umbanda, sob a ótica universalista qual, resumidamente, vem tendo oportunidade de fazer em seus comentários.

Todas as crenças religiosas, enfim, toda a sabedoria, emana da mesma Árvore, que é o Criador, oferecendo os seus frutos ao diversificado paladar daqueles que os apreciam, e deles se alimentam.

Embora os preconceitos vigentes entre os encarnados e, ainda, entre os que não desencarnaram o suficiente, a Umbanda é legítima manifestação de espiritualidade de quantos, igualmente, consideram a Oxalá, Filho de Zambi, na condição de nosso maior Orixá.

Cremos que há, sim, necessidade, como dizia Chico Xavier, que entre a Umbanda e o Espiritismo se construa uma ponte de união, forte o bastante para que possa resistir aos furiosos ataques dos ortodoxos.

A Umbanda é tão velha quanto o Espiritismo, e como natural manifestação de fé na Divindade e nas “forças” da Natureza, pode, sem dúvida, ser considerada o seu berço, com a diferença de que a primeira emergiu da raça negra, os habitantes primitivos do orbe terrestre, e a segunda dos chamados arianos, egressos de um dos mundos da Constelação do Cocheiro.

Todavia, carecemos de considerar que foram os adoradores das “forças” da Natureza que deram origem às mais diferentes mitologias que enriquecem a nossa cultura – as mitologias grega e romana, que, mais tarde, ensejaram o aparecimento de Sócrates e Cícero, culminaram com o advento do Cristianismo, do qual o Espiritismo pretende ser a revivescência – se os espíritas deixarem, claro.

Assim, comovo-me ao ler os seus pequenos apontamentos, tão singelos quanto belos, semana após semana, e, desde muito, suscitou-nos o desejo de incentivá-lo a escrever algo, ainda que seja pouco, sobre a Filosofia da Umbanda.

Quando encarnado, entre os espíritas de meu tempo na Terra, por vezes, eu era considerado na condição de pária, aliás, como ainda acontece agora, por sempre entender a denominada “pureza doutrinária” por tradução do Amor em sua manifestação mais pura, liberto de fanatismo e preconceito.

Visitando, de quando em vez, alguns templos que se dedicam aos cultos afro-brasileiros, emociono-me ao ver, sobre os seus altares, um exemplar de “O Evangelho Segundo o Espiritismo”, sendo comentado com respeito pelos seus pais de santo, que, pela minha natureza humaníssima, nunca, evidentemente, poderiam ser meus genitores.

Desculpe-me, Conshuá, a sugestão que lhe faço, por me falecerem recursos intelectuais de conhecimento mais profundo para que eu mesmo me animasse ao tentame, que, de irmão para a irmão, tomo a liberdade de lhe sugerir.

Creio que você contará com a inspiração de nossos Maiores, seus falangeiros e orixás, e, com a bênção de Oxalá, não encontrará maiores dificuldades para tanto.

Com o meu abraço, que já foi tríplice e que hoje é tão somente mais um abraço entre tantos, peço a você, e aos seus, para que continuem incluindo o meu pobre nome em suas rodas de orações.

 

INÁCIO FERREIRA

 

Uberaba – MG, 27 de Junho de 2021.