domingo, 29 de novembro de 2020

 

DESOBSESSÃO A LONGO PRAZO

 

Desculpem-me, mas, sem exceções, todos os integrantes de um grupo mediúnico de desobsessão, no serviço de enfermagem espiritual aos desencarnados, igualmente, estão em tratamento desobsessivo de longo prazo.

Habitualmente, dirigentes e médiuns que integram os referidos grupos mediúnicos imaginam estarem tão somente cooperando com o esclarecimento daqueles que deixaram o corpo sem maior consciência do fenômeno da desencarnação...

Creem que, através do diálogo fraterno, estão concorrendo para que os desencarnados se desapaguem das ilusões da existência finda e se reintegrem à Dimensão Espiritual a que se conduziram pelo desenlace.

Realmente, os benefícios de uma reunião mediúnica de desobsessão – assim chamada – para os que se transferiram de domicílio espiritual, são imensos, contudo, sem dúvida, entre os seus maiores beneficiados estão os próprios participantes encarnados, que carecem de repetir, vezes sem conta, para si mesmos, o que dizem aos “ouvidos” dos supostos mortos.

O médico psiquiatra que trata em seu consultório do paciente em desequilíbrio que o procura, no fundo, está trabalhando para que venha a lograr maior harmonia em suas próprias emoções.

O expositor espírita que sobe à tribuna discorrendo em torno das lições doutrinárias que expõe com clareza ao público que o assiste, efetua, na essência, sucessivas tentativas de fixar no espírito os valores que exalta aos outros.

Médiuns psicofônicos e “doutrinadores”, em parceria com os espíritos que se comunicam em suas reuniões, esperando por socorro, em certa medida, também são espíritos doentes, e, não raro, de longa data, extremamente carentes de tratamento, notadamente no campo da autodesobsessão, lidando com os reflexos das antigas personalidades que animaram.

Em muitos casos, os médiuns psicofônicos, conhecidos como de “incorporação”, no momento do transe, concedem passividade ao seu próprio “subconsciente”, ou, então, em fenômeno de ordem mais transcendente, ao psiquismo em expansão dos médiuns doutrinadores que se dispõem a atendê-los.

Dentro deste contexto, carecemos ainda considerar que muitas entidades desencarnadas, por afinidade, são atraídas aos grupos mediúnicos pelas questões psicológicas dos encarnados que os integram, ou mesmo de seus amigos e familiares que, diretamente, não participam dessa reunião de psicoterapia grupal, à luz do Evangelho do Cristo.

Seja como for, todos os integrantes encarnados de qualquer grupo mediúnico, do dirigente ao médium denominado de “sustentação”, estão, repetimos, em tratamento espiritual de longo curso, a fim de que se liberem de seus complexos de culpa e possam se reaproximar dos desafetos de outras eras, na ingente tarefa da autodesobsessão.

 

INÁCIO FERREIRA

 

Uberaba – MG, 29 de Novembro de 2020.