DESOBSESSÃO A LONGO
PRAZO
Desculpem-me, mas, sem exceções, todos os integrantes de um
grupo mediúnico de desobsessão, no serviço de enfermagem espiritual aos
desencarnados, igualmente, estão em tratamento desobsessivo de longo prazo.
Habitualmente, dirigentes e médiuns que integram os referidos
grupos mediúnicos imaginam estarem tão somente cooperando com o esclarecimento
daqueles que deixaram o corpo sem maior consciência do fenômeno da
desencarnação...
Creem que, através do diálogo fraterno, estão concorrendo
para que os desencarnados se desapaguem das ilusões da existência finda e se
reintegrem à Dimensão Espiritual a que se conduziram pelo desenlace.
Realmente, os benefícios de uma reunião mediúnica de
desobsessão – assim chamada – para os que se transferiram de domicílio
espiritual, são imensos, contudo, sem dúvida, entre os seus maiores
beneficiados estão os próprios participantes encarnados, que carecem de
repetir, vezes sem conta, para si mesmos, o que dizem aos “ouvidos” dos
supostos mortos.
O médico psiquiatra que trata em seu consultório do paciente
em desequilíbrio que o procura, no fundo, está trabalhando para que venha a
lograr maior harmonia em suas próprias emoções.
O expositor espírita que sobe à tribuna discorrendo em torno
das lições doutrinárias que expõe com clareza ao público que o assiste, efetua,
na essência, sucessivas tentativas de fixar no espírito os valores que exalta
aos outros.
Médiuns psicofônicos e “doutrinadores”, em parceria com os
espíritos que se comunicam em suas reuniões, esperando por socorro, em certa
medida, também são espíritos doentes, e, não raro, de longa data, extremamente
carentes de tratamento, notadamente no campo da autodesobsessão, lidando com os
reflexos das antigas personalidades que animaram.
Em muitos casos, os médiuns psicofônicos, conhecidos como de
“incorporação”, no momento do transe, concedem passividade ao seu próprio
“subconsciente”, ou, então, em fenômeno de ordem mais transcendente, ao psiquismo
em expansão dos médiuns doutrinadores
que se dispõem a atendê-los.
Dentro deste contexto, carecemos ainda considerar que muitas
entidades desencarnadas, por afinidade, são atraídas aos grupos mediúnicos
pelas questões psicológicas dos encarnados que os integram, ou mesmo de seus
amigos e familiares que, diretamente, não participam dessa reunião de
psicoterapia grupal, à luz do Evangelho do Cristo.
Seja como for, todos os integrantes encarnados de qualquer
grupo mediúnico, do dirigente ao médium denominado de “sustentação”, estão,
repetimos, em tratamento espiritual de longo curso, a fim de que se liberem de
seus complexos de culpa e possam se reaproximar dos desafetos de outras eras,
na ingente tarefa da autodesobsessão.
INÁCIO FERREIRA
Uberaba – MG, 29 de Novembro de 2020.