domingo, 3 de agosto de 2025

 

Reencarnação Moral

 

Do ponto de vista material, a reencarnação se completa quando o espírito, por fim, renasce em seu novo corpo, que foi formado especialmente para ele.

Todavia, do ponto de vista moral, podemos dizer que, não raro, o espírito pode reencarnar mais de uma vez no mesmo corpo que ocupa.

Em geral, afirma-se que a reencarnação moral dá-se quando o espírito completa sete anos de idade, embora León Denis, grande estudioso da Doutrina, afirme que o referido fenômeno ocorre por volta dos vinte e um de idade.

De nossa parte, depois de estudar o assunto e observá-lo por longo tempo, cremos que o tempo da chamada reencarnação moral é variável de espírito a espírito.

Alguns há que, em plena adolescência já se revelam em sua personalidade, outros na juventude, e outros mais no período adulto.

A mudança de personalidade, que, naturalmente, se estende à mudança comportamental, e, por vezes, até no timbre de voz, pode ser confundida com a subjugação espiritual, sendo, então, rotulada de obsessão, quando, em essência, não passa de auto obsessão.

Ao longo dos lustros, espíritos existem que vão modificando o seu caráter, e não apenas no aspecto positivo, mas, principalmente, no aspecto negativo, dando-nos a impressão de que tenham passado a viver sob o constante assédio de obsessores.

Acontece, na grande maioria das vezes, que as diferentes personalidades animadas pelo espírito, ao longo de suas vidas sucessivas, logram se impor à sua personalidade atual – o “homem velho” termina por prevalecer sobre o “homem novo”, que, no corpo ou fora do corpo, todos somos chamados a ser.

A influência do meio, em vez de atuar para que o espírito melhore, atua para que ele, embora o natural esquecimento do passado, passe a viver através do que armazenou no inconsciente.

E convenhamos que, no que André Luiz chama de “porão da Individualidade”, não temos assim muito que possamos “aproveitar” em forma de estímulos positivos na personalidade que o homem anima no presente.

Crianças afáveis, em determinado período da vida, transfiguram-se em jovens rebeldes, e jovens que se mostravam pacíficos vão se modificando até quase, emocionalmente, se tornarem irreconhecíveis.

Notemos que os nossos compromissos cármicos, não raro, mostram-se tão complexos, que, em certa idade – até em idade considerada avançada –, suscitam comportamentos doentios, que a Medicina, inclusive, chega a rotular, genericamente, de esquizofrenia.

Muitos familiares conduzem filhos e netos, enfim, familiares em geral, aos Centros Espíritas, a fim de se trataram de uma suposta obsessão, quando, em essência, o problema chega a ser mais grave.

A reencarnação moral, como dissemos anteriormente, variável de espírito a espírito, pode ser constatada na mudança de comportamento, nem sempre súbito, mas gradativo, naqueles que parecem, ocupando o mesmo corpo, se apresentarem sob nova personalidade.

O assunto, evidentemente, comporta muitos estudos e reflexões, e aqui, resumidamente, apenas o apresentamos à análise sincera dos que desejam estudar o fenômeno que, infelizmente, não é assim tão raro quanto se pensa.

Até mesmo espíritas temos visto a se “repaginarem” no aspecto negativo, permutando fraternidade por agressividade, como se um “antigo ser” passasse a possui-los, quase anulando por completo as novas possibilidades de progresso em sua nova experiência física.

 

INÁCIO FERREIRA

Uberaba – MG, 3 de agosto de 2025.