COMO VOCÊ
INTERPRETA?! – XLVIII
No capítulo 46 – “Sacrifício de Mulher” –, André efetua
anotações que levam a quem esteja encarnado a muitas reflexões. Habitante do
Mundo Espiritual há mais de dez anos, contando o seu tempo de permanência no
Umbral Grosso e em “Nosso Lar” – ele informa que, somando o seu tempo de
hospitalização e trabalho, após receber alta, já se encontrava residindo na
referida cidade há quase dois anos –, André ainda não voltara a Terra, e,
assim, não visitara a sua família consanguínea – esposa e filhos.
Vejamos: mais de dez anos desencarnado e André Luiz nem
sequer reunira condições ideais para visitar a família! Quantos,
equivocadamente, imaginam que, ao desencarnar, o espírito possa ir aonde quer?!
Você é dos tais, caro/a internauta?! Crê que, ao deixar o corpo carnal,
volitará para aonde desejar?! Que, logo que desembaraçar-se da carcaça,
permanecerá à volta daqueles que ama, ou não, fazendo o que lhe aprouver?!...
Notemos ainda que as atividades que André abraçara em “Nosso
Lar” não lhe permitia ausentar-se delas – ele tinha ordens a obedecer. – “Cumpria, pois, aguardar a palavra de
ordem.” – esclarece.
Muitos se dirigem aos Centros Espíritas esperando obter,
através da mediunidade, um contato com os seus entes queridos desencarnados,
sem pensar que, muitos deles, pelas mais diversas causas, se encontram
transitoriamente impedidos de atendê-los. Em muitos casos, os comunicados
mediúnicos de familiares e amigos são recados transmitidos pelos Benfeitores
Espirituais, seus ou do próprio médium, mas que não são diretamente escritas
pelos remetentes.
*
André Luiz afirma que a saudade lhe doía fundo, mas, que, “em compensação, de longe em longe”, ele
era visitado pela sua mãezinha, residente em Plano Superior.
Ele não permanecia indiferente à sorte dos seus – apenas,
talvez, ainda não se sentisse preparado para lhes efetuar proveitosa visita.
Os considerados “mortos” não se esquecem daqueles que
deixaram na Terra, e nem se desinteressam pelas lutas em que são encontram
mergulhados. Assim como os encarnados não olvidam os que partiram, com mais
forte razão, os que partiram não olvidam os que ficaram! Com mais forte razão,
por quê?! Porque, então, melhor podem compreender os perigos aos quais o
espírito se encontra exposto em sua romagem terrestre, e o quanto, perante a
Lei de Causa e Efeito, ele pode vir a se complicar.
*
O célebre autor de “Nosso Lar”, conta que, “nos primeiros dias de 1940”, a sua
genitora, ao ir vê-lo nas Câmaras, lhe comunicou a intenção de voltar a Terra,
ou seja, de reencarnar! André, de imediato, não pode compreender a decisão
materna. Ora, se ela, sua mãezinha, que residia em Dimensão Superior, estava
programando reencarnar, o que lhe tocaria no futuro?! Quantos são os que
ouvimos dizer que não mais desejam reencarnar na Terra! Quanta ilusão a
respeito de si, no que tange à deficitária condição evolutiva em que ainda nos
encontramos! Para a grande maioria, o ato de reencarnar não é uma escolha, mas
uma imposição da Lei! Quem, se pudesse, escolheria desencarnar?! O processo é o
mesmo – tem espírito que reencarna dormindo e, quando acorda, já está de
chupeta na boca, sendo embalado por um colo de mãe!...
André argumenta: - “Não
concordo. Voltar a senhora à carne? Porquê? Internar-se, de novo, no caminho
escuro, sem necessidade imediata?”
Os motivos da decisão da mãezinha de nosso amigo, veremos
posteriormente – mas ela estava em condições de escolher por si mesma, e, podendo
escolher, compreendeu a necessidade de voltar para socorrer aqueles que
permaneciam sob a tutela de seu amor.
INÁCIO FERREIRA
Uberaba, 12 de março de 2018.