domingo, 23 de abril de 2023

Caracol

 

Não raro, quando penso na evolução do espírito, através das vidas que se sucedem, a imagem que me vem à cabeça é a de um caracol, desse molusco gastrópode, que, ao que me parece, com grande esforço carrega às costas a sua casa de morada...

A velocidade que o caracol, que pertence à família das lesmas, desenvolve, creio, é semelhante, a de muitos espíritos, e vice-versa, na trajetória que, por ação da Lei Divina, vai cumprindo para a Luz.

Espero que os nossos irmãos e irmãs não imaginem que eu esteja a me excluir da estranha comparação, porquanto estou consciente do rastro gosmento que, por onde passo, vou deixando pelo chão...

Allan Kardec, em comentário de “O Livro dos Espíritos”, inserido no Capítulo IV, escreveu com a sabedoria que sempre lhe foi e é peculiar: “... da mesma maneira que, na vida humana, há dias infrutíferos, na do espírito há existências corpóreas sem proveito, porque ele não soube conduzi-las.”

A lentidão do espírito em seu aprendizado chega quase a ser um libelo prático contra a eficácia da reencarnação, porque é de se questionar o valor que, para ele, possa ter tido tantas existências pregressas que não resultaram, ou resultaram o mínimo do mínimo, principalmente em moralidade...

Sim, o avanço intelectual é inquestionável, mas, em termos, por exemplo, de transcendência espiritual, o que o espírito, de maneira geral, vem acrescentando a si em suas diversas vivências no corpo, posto que, na atualidade, certo materialismo parece dominar os interesses do homem na Terra?!...

Espíritos existem, nos quase oito bilhões de habitantes da Crosta, que parecem estar pela vez primeira pisando sobre ela, porque, de fato, era para que não mais se assemelhassem tanto à figueira estéril, que Jesus ordenou que secasse até à raiz...

Pode-se concluir, sem maiores dificuldades, que a solidariedade entre os diversos mundos é maior do que se pensa, porque não é possível que a Humanidade terrestre, repetimos, em seus quase oito bilhões, ao longo de tantos séculos de idas e vindas, possa ter aprendido tão pouco em termos de sentimento.

Há, no ar, uma descrença generalizada (vide o comportamento humano) em relação à existência de Deus e a imortalidade da alma, induzindo as criaturas à prática de injustiça, à busca do prazer desenfreado e à desesperança em relação ao futuro.

De minha parte, estou convicto de que, realmente, a evolução do espírito, sobre a Terra ou em outros mundos hierarquicamente semelhantes, pode ser comparada ao caminhar de um caracol, não importando o número de personalidade que já tenha colecionado ao longo da multiplicidade das existências.

De uma vida à outra, o espírito que não possui alguma consciência, avança, digamos, um milímetro, necessitando, pois, de infindáveis experiências na carne para que possa incorporar certas conquistas.

Enganam-se os que imaginam que a simples reencarnação do espírito o faça dar significativo salto evolutivo em termos de progresso moral, porque, infelizmente, a grande maioria dos que se encontra encarnada no orbe terrestre está preocupada com a aquisição de conhecimento, e não com bondade, humildade, paciência e outras virtudes que exornam o caráter e que, realmente, conferem ao espírito, alguma grandeza.

 

INÁCIO FERREIRA

 

Uberaba – MG, 23 de Abril de 2023.

 

 

domingo, 16 de abril de 2023

Depois de “O Livro dos Espíritos”

 

Sempre considerei, depois de “O Livro dos Espíritos”, a obra “Nosso Lar”, de André Luiz, psicografia de Chico Xavier, como sendo a mais reveladora de nossa bibliografia.

“Nosso Lar” começou a mostrar a vida como ela é, de fato, no Mundo Espiritual...

Allan Kardec não teve tempo suficiente para mais amplas informações a respeito da Vida além da morte – foram apenas quinze anos – de 1854 a 1869 – de trabalho com a Codificação, lançando os seus Fundamentos Inamovíveis.

A desencarnação o alcançou em plena robustez intelectual, quando contava apenas 65 incompletos de idade...

O “projeto”, no entanto, não podia sofrer solução de continuidade... Em 1910, Kardec volta ao corpo e, na personalidade de Chico Xavier, dá sequência à Obra ciclópica, coordenada pelo Espírito Verdade.

Caberia a André Luiz, sob a tutela de Emmanuel e outros espíritos de escol, falar em torno da existência de cidades (colônias) no Mundo Espiritual, com destaque para “Nosso Lar”, fundada no século XVI, por “distintos portugueses desencarnados”...

Muitos adeptos da Doutrina empregam o termo “colônia” de uma maneira equivocada, porque, em verdade, o que se tem aqui, deste Outro Lado, são cidades, menores e maiores, habitadas por imensa população fora do corpo.

“Colônia” dá ideia de um “grupo de pessoas”, esquecidos muitos, por exemplo, de que a Índia, hoje com quase um bilhão e quinhentos milhões de habitantes, já foi colônia da Inglaterra.

Conforme já tivemos oportunidade de estudar, em dois trabalhos anteriores (“Mundo Espiritual é Planeta” e “Um Mundo Espiritual Chamado Terra”), Mundo Espiritual é planeta, e de dimensões muito mais amplas que as da Terra – a Terra seria colônia do Mundo Espiritual, e não o Mundo Espiritual colônia da Terra...

Hoje, o Mundo Espiritual que rodeia o orbe terrestre possui uma população flutuante de vinte e cinco a trinta bilhões de “almas”, ou espíritos.

Carecemos de levar em conta que a imigração de espíritos entre os diferentes mundos, conforme ensina o Codificador, é constante, sendo ainda que muitos espíritos passam séculos sem retornarem à Terra – há um século, a Terra possuía apenas um bilhão e meio de habitantes, aproximadamente.

Então, sem nos alongarmos, repetimos que “Nosso Lar”, o primeiro da série escrita por André Luiz”, é um livro revolucionário, que, sem dúvida, veio revolucionar o Pensamento Espírita sobre o Mundo Espiritual.

Infelizmente, poucos são os que já conseguiram assimilar algumas das informações que a referida obra contém, chegando ao cúmulo de dizer que ela teria sido escrita por um espírito obsessor do médium.

E porque não suportaram que a “pontinha do véu” se levantasse, defendem um retorno ao que denominam “Kardecismo Puro”, sendo, com todo o respeito, que Kardec nada mais tem a dizer do que já disse no Pentateuco.

Esses nossos confrades, com certeza, a reencarnação de protestantes, querem que os espíritas, em geral, apeguem-se aos cinco livro da Codificação como os judeus são apegados a Torá – sem dúvida, que muito deles estão à serviço de inteligências desencarnadas que não desejam o progresso do Espiritismo, que se caracteriza por ser uma doutrina dinâmica.

“O Livro dos Espíritos” está prestes a completar 170 anos, e, à exceção de Chico Xavier, de lá para cá, nada e ninguém foi capaz de algo acrescentar à Revelação Espírita.

 

INÁCIO FERREIRA

 

Uberaba, 2 de Abril (*) de 2023.

(*) Salve a Data Natalícia de Chico Xavier, nascido a 2 de Abril de 1910, em Pedro Leopoldo, Minas Gerais.

 

 

 

segunda-feira, 3 de abril de 2023

 Amigos do Blog


Avisamos aos amigos leitores do Blog que o nosso irmão Carlos Baccelli submeteu-se a uma cirurgia no último dia 30, estando em recuperação. Logo que possível, dentro de duas a três semanas, teremos a alegria de vê-lo de volta à ativa. Gratidão.
Direção do Blog

domingo, 26 de março de 2023

Pretensos Intelectuais Espíritas

 

Alguns pretensos intelectuais espíritas continuam criticando a Obra Mediúnica de Chico Xavier e a sua postura ao longo de 75 anos de Mandado Mediúnico.

Dizem-se filósofos, historiadores, psicólogos, e detentores de outros “cartuchos” universitários...

Defendem uma volta ao que chamam de “Kardecismo puro” (sic), como se somente eles fossem os paladinos da Doutrina, e os demais, inclusive Chico Xavier, todos mistificadores...

Acusam Chico de ter obstruído o progresso do Espiritismo em seus aspecto filosófico e científico, e, de certa maneira, tê-lo se aproximado do catolicismo.

Incrível, a falta de autocrítica dessa turma de “doutores”, muitos ligados às Federações de seus respectivos Estados.

Pois bem. Continuamos a esperar pelas suas propostas concretas de inovação doutrinária, ou de estudos aprofundados da Codificação, que dizem conhecer.

Continuamos a esperar que revolucionem o Pensamento Espírita, e que, certamente, espíritos missionários reencarnados, deem à Doutrina o impulso que dizem ela está necessitando.

Continuamos a esperar que não abram a boca apenas para prosseguirem "chovendo no molhado”, sempre dizendo as mesmas coisas, como quem acha moderno e chique malhar a Obra de Chico Xavier, para a que, repetimos, não dispõem da menor estatura moral.

Continuamos e... nada!...

Não têm sido capazes de absolutamente nada acrescentar aos apontamento de Allan Kardec, sequer como convite à reflexão.

Turma cansativa essa.

Deveriam passar mão de uma vassoura e começarem a frequentar um Centro Espírita na periferia para varrer o chão.

Lavarem as fossas e latrinas.

Limparem narizes catarrentos.

Aprenderem, sem necessidade de curso, a darem o passe, que, em resumo, é simples imposição das mãos.

Incorporarem a “pomba gira” (ops), os espíritos sofredores nas reuniões de desobsessão.

Participarem da Campanha do Quilo, mendigando algumas migalhes de porta em porta.

Visitarem as choupanas e tomarem um choque de realidade.

Deixarem essa mania de serem bons?!... Não!... Mas, sim, de se acharem os bons...

Os reis da cocada...

Os dirigentes de uma Casa Espírita, na verdade, dirigem um salão e... uma privada, imaginando que estão na Capela Sistina.

Que coisa feia!...

No Sanatório Espírita de Uberaba, eu passei mais de 50 anos andando entre as fezes humanas e as dos bichanos...

Sinceramente, acho que é o que essa gente precisava.

De outros ares!...

 

INÁCIO FERREIRA

 

Uberaba – MG, 26 de Março de 2023.