domingo, 21 de janeiro de 2024

 

Ameaça à Paz

Irrompe o ano de 2024 com a paz mundial mais ameaçada do que sempre.
Os conflitos armados tendem a se generalizar mais do que sempre estiveram.
Desde muito, tudo se tem feito para que os homens, protagonistas de confrontos armados entre as nações, façam definitiva opção pela paz.
Todavia, insanidade difícil de ser diagnosticada, e tratada, a pouco e pouco, vem se impondo ao bom senso – a loucura quase que se generaliza...
Infelizmente, sequer se carece, seja na Terra ou no Mais Além, de se possuir o dom da profecia para o que simples operação matemática aponta...

Os apelos à paz se antecedem em vinte séculos aos brados estranhos que intentam fazê-los silenciar, qual se tentou e, todos os dias, ainda se tenta, desde o episódio do Calvário.
O Cristo jaz esquecido, inclusive por muitos que Nele falam em todos os idiomas e lhe dobram os joelhos, mas não a cerviz.
Longe de nós, contudo, o pessimismo e a desesperança.
Porfiaremos no bom combate.
Hastearemos a bandeira da fraternidade.
Insistiremos, à exaustão, para que a Humanidade como um todo se detenha em sua corrida desenfreada ao abismo em que parece querer se precipitar...
A verdade é que a evolução não tem como deixar de joeirar.
Não sejamos nós, no entanto, os instrumentos da desventura a quem seja.
Por mais densa a treva não deixemos de fazer luzir a nossa pequenina candeia.
A Justiça Divina é com o Criador, e não conosco, que, se não podemos calar a boca dos canhões, devemos percorrer os campos de guerra estendendo auxílio aos mutilados por eles – o nosso dever é procurar, por todos os meios lícitos, estancar a hemorragia para que os que sangram não pereçam!
Dias sinistros se prenunciam no horizonte...
Apressemo-nos para que “aqueles dias” sejam abreviados, e que os eleitos façam aquele tempo ser encurtado.
Os nossos irmãos encarnados perguntam por nós, querendo saber o que estamos fazendo, e lhes dizemos que, com o Senhor, andamos fazendo o que nos é possível dentro do que o livre arbítrio humano nos permite e a nossa diminuta capacidade de influenciação para o bem nos possibilita.
Pena que não possamos mais...

INÁCIO FERREIRA

Uberaba – MG, 21 de Janeiro de 2024.

domingo, 17 de dezembro de 2023

Desencarnação e Mudança

 

Muitos acham que a desencarnação possa promover, no espírito carente de aperfeiçoar-se, súbita mudança na personalidade – principalmente, claro, naqueles que têm oportunidade de constatar os equívocos que, porventura, tenham cometido na Terra.

Enganam-se.

Alguns poucos, de fato, adquirindo certo nível de conscientização com o seu desenlace do corpo grosseiro, são levados a efetuar mais sérias reflexões em torno da necessidade de mudança comportamental, incluindo mudança de valores, de hábitos, e até mesmo de ideias.

Não obstante, as mudanças substanciais, de natureza íntima, não acontecem simplesmente porque o espírito tenha se transferido de Plano existencial.

Com esmagadora maioria da população terrestre o que acontece, no fenômeno da desencarnação, talvez, não seja nem mesmo mudança extrema de endereço, já que ela continua residindo quase em justaposição, ou sobreposição, ou ainda, muitas vezes, em “subposição” ao endereço em que reside.

Raros são os homens que, em deixando a Crosta, sabem ou passam a saber que se transferiram de domicílio, e que, verificando que a morte não existe, necessitam rever os conceitos em que, secularmente, vêm fundamentando a existência...

E mais raros, por exemplo, os que se revelam dispostos em abrir mão de pontos de vista em que se cristalizam no atendimento a interesses de ordem particularista.

Deste Outro Lado, muitas das objeções que os encarnados fazem à respeito da Vida além da morte, são feitas também pelos desencarnados que não admitem a morte como sendo “desencarnação”, e prosseguem negando a possibilidade de, um dia, regressarem ao corpo grosseiro, de ascenderem a outras Dimensões, ou ainda negando que possam ser chamados a habitar uma das múltiplas moradas da Casa do Pai na imensidão sem fim do Universo.

O assunto é complexo e, no campo ético, a questão matemática de que dois mais dois são quatro não pode ser aplicada.

Assim é que muitos e muitos, infelizmente, em desencarnando, não logram desencarnar o pensamento, partindo-se do pressuposto de que ele, literalmente, carece de submeter-se ao fenômeno liberatório.

Alguns espiritistas, nossos confrades, ainda não alcançaram a concepção de que o desenlace do corpo não é mais que o desenlace do corpo, e que o despertar do espírito, onde quer que ele esteja, é processo lento que envolve esforço, sofrimento, vontade, maturação...

A semente no ato da germinação, que pode, grosseiramente, ser comparado ao desenlace, apenas perde a casca que a envolve para que, por fim, possa crescer, inundar-se de luz e dizer ao que veio.

Por sobre a Terra, ao lado de nossos irmãos encarnados, perambula uma verdadeira multidão dos “sem corpo”, inconscientemente ansiando por um novo berço – o que, para eles, acontecerá de maneira mecânica, por mera ação da Lei do Renascimento.

E, em não acontecendo, com o tempo, dando sequência ao fenômeno migratório que já vem ocorrendo no orbe planetário, esses integrantes da multidão dos “sem corpo” serão compelidos, ou tangidos, com naturalidade, a buscarem para si outras plagas onde se sintam aclimatados.

 

INÁCIO FERREIRA

 

Uberaba – MG, 17 de Dezembro de 2023. (*)

(*) ESTE BLOG VOLTARÁ COM AS SUAS PUBLICAÇÕES NA SEGUNDA QUINZENA DO PRÓXIMO MÊS DE JANEIRO.

 

 

 

 

  

 

domingo, 10 de dezembro de 2023

Eles Não Sabem Fazer Sopa

 

De quando em vez, despontam no Movimento Espírita, os defensores do Espiritismo sem religião, afirmando, com base em suas convicções teológicas que o Espiritismo é apenas e tão somente Ciência e Filosofia.

Evidentemente, cabe-nos respeitar toda e qualquer opinião desse ou daquele, embora saibamos que, habitualmente, os teóricos do Movimento não sabem fazer sopa...

Não, não sabem – a única coisa que sabem é polemizar em torno de determinados temas doutrinários, praticamente gastando a encarnação agradando uns aos outros, a ver se, pelo menos, conseguem um cargozinho no Movimento de Unificação.

Eles não sabem fazer sopa, ralar chuchus e cenouras, porque, talvez, tenham receio de tomar gosto pela coisa e, de repente, virarem sopeiros de algum Centro Espírita na periferia.

Haveriam de lhes custar caro tamanha renúncia porque parariam de andar de avião, de se hospedarem em hotéis elegantes e de refestelarem em restaurantes chiques... Ah, não mais ouviriam de uma plateia, os aplausos pelas piadas de mal gosto que sempre contam, chegando mesmo a utilizar como moto certas personagens veneráveis de nosso pobre Movimento.

Eles não sabem fazer sopa, nem com o auxílio do contraindicado caldo Knorr, e têm medo que o calor do fogo nos panelões lhes modifique a maneira de pensar, e aí adeus os tapinhas nas costas e a troca de elogios baratos com que costumam intoxicar os espíritos.

Eles não sabem fazer sopa, porque Chico Xavier já fez muita sopa para eles e, então, eles se julgam dispensados de aprender a receita com o Grande Medianeiro.

Dizem que o serviço da sopa é destinado aos preguiçosos e vagabundos, porque, desde muito estão precisando trocar os óculos, de vez que não conseguem enxergar as mães gestantes que precisam de melhor alimentação, as crianças subnutridas que, não raro, pedem repeteco da sopa de fubá com alguns poucos legumes, mas enriquecidos pelos fluidos espirituais dos anônimos chefs do Mais Além.

Coitados!... Por não saberem fazer sopa, sinceramente, eu não sei o que irão fazer no Mundo Espiritual, porque as suas provocações teóricas não encontrarão eco entre os Espíritos Amigos, que, por ainda terem muita sopa a fazer, não terão tempo para escutá-los.

Ninguém me pediu isto, e eu não sou tão atrevido ao ponto de estar dando conselhos a alguém, mas, dias atrás, um senhor, que conhece “O Livro dos Espíritos” de cor, veio me perguntar o que ele deveria fazer para desfrutar de melhor situação após a sua desencarnação que se avizinhava... Eu perguntei a ele se, porventura, ele sabia fazer sopa.  Respondeu-me: - Nunca fiz sopa na vida... – Então, meu amigo, aprenda o mais rápido que você puder, procure um Centro Espírita, desses que fazem sopa, e candidate-se... No começo, é provável que você venha a sentir muito calor e adquirir alguns calos nas mãos ou... certo problema na coluna, mas garanto que quando você deixar a carcaça o seu currículo espírita estará imensamente enriquecido, porque lá estará escrito em letras garrafais: ESTE SABE FAZER SOPA!...

Então, quando aparece para mim, alguém morto como eu me encontro, um espectro, ou um que acredite que esteja vivo na Terra, e começa com muita conversa fiada, querendo saber sobre o sexo dos Anjos, faço-lhe a pergunta: - Você sabe fazer sopa?!... Se a pessoa responde que não, eu vou saindo de fininho, porque, afinal, eu não vou perder tempo com espírita que não sabe nem fazer uma sopa!...

 

INÁCIO FERREIRA

 

Uberaba – MG, 10 de Dezembro de 2023.