domingo, 4 de fevereiro de 2024

 

Sobre Jesus

 

Cremos, sinceramente, que, na atualidade, toda especulação humana em torno da vinda de Jesus à Terra, seja ingenuidade, e até mesmo atrevimento, da parte daqueles que a tanto se entregam.

Poderia o batráquio compreender a natureza de um Anjo, ou um grão de areia saber da essência do Sol?!

Claro, sem dúvida, que, no Espiritismo, estamos em uma doutrina de livre pensar, mas que não nos isenta de nos submetermos à necessária autocrítica para entendermos qual seja o nosso lugar na condição de criaturas limitadíssimas, que sequer ainda melhor sabemos de nós mesmos.

Tudo o que diz respeito a Jesus Cristo nos encanta e enternece o espírito, todavia, em nossa precária condição espiritual, deveríamos, sim, evitar cogitações que possam nos distrair do essencial que Ele nos legou – o Evangelho!...

A única biografia respeitável do Cristo, inclusive para nós outros, os espíritos domiciliados a tão somente um passo da Esfera Terrestre, é aquela que, em fragmentos, nos foi deixada pelos Evangelistas.

Causa-nos surpresa que muitos irmãos e irmãs que ainda mourejam na carne, estejam a falar da vinda, ou da ida, de Jesus à Terra com tanta intimidade e riqueza de detalhes, que por aqui, onde agora estamos, ninguém nada sabe dizer – e se algo dizer estará sendo – desculpem-nos – ousado ou atrevido!

Centenas e centenas de livros, respeitáveis, têm sido escritos por autores encarnados e desencarnados abordando o assunto... Reconhecemos que todos, invariavelmente, desde que com o devido respeito, têm o direito de se expressar, porém, de minha parte, considero tais obras como sendo o esforço de alguém que, acometido por total cegueira, tateando na escuridão, procurasse, dentro de casa, pela luz da candeia.

Pensamos que, por outro lado, se fazem tão inadequadas, no presente, certas teorias apresentadas por rentearem elas o absurdo, favorecendo a descrença em torno da Vida daquele cujas lições de Amor e Sabedoria devem estar acima, mas muito acima mesmo, de toda nossa vã curiosidade.

A mim não interessa saber como foi que Jesus nasceu, e, sim, como vou conseguir colocar em prática o “amai-vos uns aos outros como eu vos amei”... É com este desafio que, há séculos, eu me encontro lutando, alternando experiências no corpo e fora dele, que ainda haverão de se alternar não sei por quanto tempo!...

Perdoem-nos a opinião de espírito rasteiro, mas repito, que, para mim, não interessa saber de que maneira extraordinária Jesus nasceu, e, sim, para o quê de extraordinário Ele nasceu!...

 

INÁCIO FERREIRA

 

Uberaba – MG, 4 de Fevereiro de 2024

 

 

 

domingo, 28 de janeiro de 2024

 

Desencarnou Antônio Benedito,

o Toninho

 

Desencarnou Toninho, antigo servidor da Casa Espírita “Bittencour Sampaio”, em Uberaba.

Falava pouco.

Fazia às vezes de zelador do Centro.

Chegava cedo e abria o portão da Instituição.

Varria o chão.

Ajeitava os bancos.

Organizava a sala de passes.

Estava sempre pronto a qualquer tarefa.

Carregava doações pesadas.

Sentava-se em um dos últimas bancos.

Cansado, principalmente quando estava doente, cochilava.

Era um de nossos guardiões.

Dava presença nas reuniões de psicografia.

Na desobsessão, participava como médium de sustentação.

Vitimado por um tumor, partiu relativamente cedo.

Veio nos reforçar por aqui.

Nunca se queixou além da conta de dor alguma.

Mesmo de barriga cortada não deixou de ir ao Centro.

Morava longe e nem sempre havia carona.

Casinha simples, em bairro pobre.

Eu não sei se ele conhecia a Kardec, mas, com certeza, ele conhecia a Jesus.

E isto é tudo.

 

INÁCIO FERREIRA

 

Uberaba – MG, 28 de Janeiro de 2024.

 

domingo, 21 de janeiro de 2024

 

Ameaça à Paz

Irrompe o ano de 2024 com a paz mundial mais ameaçada do que sempre.
Os conflitos armados tendem a se generalizar mais do que sempre estiveram.
Desde muito, tudo se tem feito para que os homens, protagonistas de confrontos armados entre as nações, façam definitiva opção pela paz.
Todavia, insanidade difícil de ser diagnosticada, e tratada, a pouco e pouco, vem se impondo ao bom senso – a loucura quase que se generaliza...
Infelizmente, sequer se carece, seja na Terra ou no Mais Além, de se possuir o dom da profecia para o que simples operação matemática aponta...

Os apelos à paz se antecedem em vinte séculos aos brados estranhos que intentam fazê-los silenciar, qual se tentou e, todos os dias, ainda se tenta, desde o episódio do Calvário.
O Cristo jaz esquecido, inclusive por muitos que Nele falam em todos os idiomas e lhe dobram os joelhos, mas não a cerviz.
Longe de nós, contudo, o pessimismo e a desesperança.
Porfiaremos no bom combate.
Hastearemos a bandeira da fraternidade.
Insistiremos, à exaustão, para que a Humanidade como um todo se detenha em sua corrida desenfreada ao abismo em que parece querer se precipitar...
A verdade é que a evolução não tem como deixar de joeirar.
Não sejamos nós, no entanto, os instrumentos da desventura a quem seja.
Por mais densa a treva não deixemos de fazer luzir a nossa pequenina candeia.
A Justiça Divina é com o Criador, e não conosco, que, se não podemos calar a boca dos canhões, devemos percorrer os campos de guerra estendendo auxílio aos mutilados por eles – o nosso dever é procurar, por todos os meios lícitos, estancar a hemorragia para que os que sangram não pereçam!
Dias sinistros se prenunciam no horizonte...
Apressemo-nos para que “aqueles dias” sejam abreviados, e que os eleitos façam aquele tempo ser encurtado.
Os nossos irmãos encarnados perguntam por nós, querendo saber o que estamos fazendo, e lhes dizemos que, com o Senhor, andamos fazendo o que nos é possível dentro do que o livre arbítrio humano nos permite e a nossa diminuta capacidade de influenciação para o bem nos possibilita.
Pena que não possamos mais...

INÁCIO FERREIRA

Uberaba – MG, 21 de Janeiro de 2024.