Maior Perigo Para o Espiritismo

 

Perguntaram-me ainda a pouco qual, em nossa singela opinião, o maior perigo para o Espiritismo, na atualidade.

Dentro do que posso perceber, o maior perigo para a Doutrina Espírita, na revivescência do Evangelho, não se encontra propriamente fora de seus muros.

Para mim, com certeza, o maior perigo para que a Terceira Revelação não logre cumprir com a sua missão parte de seus mesmos adeptos, através, principalmente, do elitismo.

O tem sido, nos últimos lustros, o mais grave empecilho para que o Espiritismo se desvirtue nos desvirtuamentos que o Movimento Espírita vem lhe impondo.

Espíritas (sic) que lutam para assumir o poder nos Centros Espíritas e nos mais diferentes órgãos de unificação, passando a lhes imprimirem as suas ideias pessoais e o seu quase incontido desejo de aparecer...

Espíritas que, copiando a Igreja, quando elege o seu representante-mor, o Papa, buscariam, caso pudessem, se eternizarem nos cargos como seus ocupantes vitalícios...

Espíritas muitos que desertarem de suas frentes de batalha nas Casas Espíritas, para apenas se mostrarem nos Congressos e Simpósios, auto bajulando-se nas salas Vips, onde fogem do contato com as pessoas...

Espíritas que se deixaram levar pela política (sic) doutrinária e formam grupos interessados e interesseiros, censurando, inclusive, a palavra e as obras que não rezam pelo seu terço (ops), pela sua cartilha...

Espíritas que, à pretexto de modernidade, se transfiguraram em vendilhões, cobrando, direta ou indiretamente, pela sua presença nos eventos que organizam ou dos quais participam...

Espíritas que estão fazendo do Espiritismo, não uma profissão de fé, mas uma profissão mercantilista, sem o menor escrúpulo de avançarem além da obtenção do “pão nosso de cada dia”, sempre necessário à sobrevivência...

Espíritas médiuns que, tendo começado ainda hoje na tarefa, já se permitem a idolatria e o incensamento (que em tempo algum deveriam permitir!), consentindo que, através de sua invigilância e insensatez, as pessoas tenham uma visão distorcida de Doutrina...

Para mim, repito, o maior perigo para o Espiritismo nos tempos atuais parte dos próprios espíritas, ou dos que assim se dizem ser, no elitismo que estão a vivenciar, decorando “O Livro dos Espíritos” e marginalizando “O Evangelho Segundo o Espiritismo”...

Não, os adversários da Doutrina Espírita não são os que a enfrentam pela frente, na condição de seus inimigos declarados, mas, sim, os que, dizendo-se seus amigos, a apunhalam pelas costas!...

 

INÁCIO FERREIRA

 

Uberaba – MG, 2 de Julho de 2023. (*)

 

(*) Publicações inéditas voltarão a este Blog no dia 23 de Julho.

 

 

 

  

 

Grupo de Médiuns Passistas

 

Temos sentido, nos Centros Espíritas em geral, a falta de um grupo de médiuns passistas que possa visitar os doentes acamados e os impossibilitados de caminhar para auxiliá-los com o benefício do passe espírita.

Muitas vezes, são irmãos e irmãs da própria Instituição que frequentam que, por motivos de saúde, foram constrangidos a longo repouso em casa, e que não recebem a visita dos confrades para uma oração e a transmissão do passe, de que todos nos revelamos necessitados, mormente quando enfermos.

Seria demonstração de fraternidade legítima a formação, nos Centros Espíritas, de um grupo de médiuns, constituído por três ou quatro companheiros, que pudesse, quando necessário, levar o benefício da oração, do passe e da água magnetizada aos que, estando doentes, não possam comparecer às reuniões de seus respectivos núcleos de trabalho na Doutrina.

Temos notado que, infelizmente, alguns medianeiros espíritas, ou mesmo certos dirigentes de seus Centros, andam muito acomodados, ou, talvez, assoberbados, mas necessitando, sim, de criar espaço, pelo menos uma vez na semana, para a visita a que estamos nos referindo.

Quando encarnado, estando doente, por recomendação médica sem poder sair de casa, alguns amigos, de quando em vez, me visitavam e me ofereciam a bênção do passe restaurador, que me aliviava as dores do corpo e tranquilizava o espírito aflito.

Pensamos, assim, nesta semana, fazer este pequeno lembrete aos nossos confrades e confreiras, que restringem as suas atividades espirituais ao público que comparece ao Centro, olvidando a necessidade dos companheiros impedidos de dar continuidade à sua frequência a ele, permanecendo quase esquecidos com as provas que todos, um dia, haverão de enfrentar.

Cremos que uma atividade dessa natureza valeria mais para os que nela se envolvessem do que, por exemplo, a sua presença sistemática em uma reunião mediúnica no Centro, lidando tão somente com os desencarnados.

Esquecer os companheiros doentes ou necessitados é falta grave e mostra o quanto ainda somos falhos quando o assunto é Caridade.

Deixamos aqui a nossa sugestão, porque, em verdade, o Espiritismo, em seu Movimento, vem se afastando muito de suas finalidades consoladoras, embrenhando-se por um caminho que, igualmente, vem dele fazendo com que as pessoas se afastem.

 

INÁCIO FERREIRA

Uberaba, 25 de Junho de 2023.  

 

 

 

Oposição ao Cristo

Eu me recordo, e muitos igualmente, o quanto Chico Xavier falava em Jesus – não apenas os Espíritos por seu intermédio, mas ele mesmo, que, na Terra, sem dúvida, foi um dos maiores apóstolos do Evangelho em todos os tempos.
Chico sempre estava a falar no Cristo com enorme respeito e reverência, destacando a sua condição de Mestre e Senhor...
Jesus estava mais em seus lábios que a figura do Codificador, Allan Kardec, e não somente em sua palavra, mas em sua vida inteira, desde os primórdios de seu Mandato Mediúnico.
Em Chico Xavier, Kardec voltava à Terra para, em definitivo, dar à Terceira Revelação as traços espirituais do Consolador Prometido, o que, quando da Codificação, não o pudera fazer com maior veemência se não nas luminosas páginas de “O Evangelho Segundo o Espiritismo”.
Porém, é estranhável o quanto as religiões cristãs pouco falam em Jesus, preferindo, no caso da Igreja Católica, dar destaque ao nome dos santos, e, no caso das evangélicas, ao Antigo que ao Novo Testamento – sendo que os pastores das chamadas “evangélicas” citam com maior frequência as Epístolas que as Anotações dos Evangelistas.
Os sacerdotes católicos, em maioria, falam da Igreja como se a Figura do Cristo com a da Igreja se confundisse, o que sabemos não corresponder à realidade.
Jesus nunca foi propriedade da Igreja Católica ou de qualquer outra religião – nem do Espiritismo, que é a revivescência do Cristianismo, Jesus é ou há de ser propriedade!...
Vemos, porém, no que pese os exemplos dos grandes nomes da Doutrina Espírita no passado, que sempre falaram e viveram em Jesus, alguns espíritas da atualidade discordam de seu aspecto cristão... Chico Xavier, em várias oportunidades, chegou a advertir-nos de que “tentariam” tirar Jesus do Espiritismo!...
Percebemos, assim, que a oposição ao Divino Mestre, de maneira consciente ou inconsciente, assoma também das religiões que deveriam defendê-Lo.
Que o Espiritismo se acautele, porque o decesso que se nota acontecendo na Igreja Católica, que na Europa já vem tendo os seus templos transformados em casas de espetáculo, pode vir a lhe acometer, impedindo, em tempo mais curto que se pensa, que ele cumpra com a sua missão junto aos homens.
Chico sabia que a fé espirita-cristã não subsistiria sem Jesus Cristo – como Kardec, após a publicação de “O Livro dos Espíritos” e de “O Livro dos Médiuns”, igualmente percebeu, tomando a iniciativa, sob a inspiração dos Espíritos Superiores, de lançar “O Evangelho Segundo o Espiritismo”.
Hoje, infelizmente, há muito pouco Jesus na Igreja, no Protestantismo, e em todas as crenças que se dizem filhas do Evangelho...
Assim, oposição ao Cristo, que muitos enxergam apenas nos que menoscabam a sua Figura publicamente, emerge do seio das próprias religiões que se dizem cristãs, ignorando a Palavra do Senhor, para dar ênfase às suas humanas teologias.

INÁCIO FERREIRA

Uberaba – MG, 18 de Junho de 2023.