domingo, 9 de novembro de 2025

 

 

 

 

Especulações em Torno

         

De Jesus Cristo

 

 

 

Temos acompanhado, através da mídia, espírita e não espírita – algumas são apenas espiritualistas –, especulações, no mínimo, em nossa opinião, descabidas, em torno do Nascimento de Jesus, nosso Mestre e Senhor.

 

De nossa parte, ficamos somente com que o Codificador, Allan Kardec, escreveu nas páginas iniciais de “O Evangelho Segundo o Espiritismo”, afirmando que priorizaria o aspecto moral das lições de Jesus, de vez que, os demais aspectos, por exemplo, os dos milagres e das predições, davam margem a polêmicas estéreis.

 

Fico mesmo com a impressão de que os nossos irmãos encarnados “sabem” mais do que, deste Outro Lado da Vida, sabemos de Jesus, porquanto aqui estando, onde Jesus deveria estar, ou seja, no Mundo Espiritual, nada sabemos de Seu paradeiro, da maneira como Ele teria descido à Terra, ou, afinal, como o Seu corpo desapareceu no túmulo que Lhe fora cedido por José de Arimateia...

 

Desculpem-nos, mas é tanta cogitação sem sentido sobre a gravidez de Maria de Nazaré, que chega a ser extremamente vulgar a quem nos deve merecer imensa reverência.

 

Sei que nada sou para aconselhar a quem seja, a respeito de assunto algum, mas, caso pudesse, eu diria que seria melhor pararem com tanta perda de tempo com “revelações” em claras mistificações do pensamento, ainda mais quando se envolve a figura venerável de Chico Xavier.

 

A única Biografia confiável do Cristo à nossa disposição, no Orbe Terrestre e no Além, e o será por séculos infindos, é a que consta dos Evangelhos ditos canônicos, e não centenas e centenas de outras biografias que circulam em todos os idiomas, não passando, muitas delas, de ficções literárias com os propósitos mais variados.

 

Já se disse, inclusive – pasmem! –, que um óvulo teria sido retirado de Maria, e, a fim de que ela pudesse se manter na virgindade, fosse levado a uma nave espacial para ser fecundado; que o corpo de Jesus era fluídico, como se constituído de fluidos todos os corpos humanos não o fossem; que Jesus era um, e o Cristo outro...

 

Enquanto muitos de nós outros vamos entretendo-nos com essas concepções, mergulhando as mentes incautas no universo do maravilhoso, a Maravilha do Evangelho vai sendo esquecida, como se  o que Jesus falou e fez não fosse o bastante para, verdadeiramente, nos maravilhar e nos interessar para que possamos promover a construção do Reino de Deus em nós mesmos.

 

Pessoalmente, dou razão à resposta de um amigo que, convidado a participar de certo programa de TV, respondeu que não iria porque não tem nenhuma “revelação” a fazer a respeito de absolutamente nada, e que o referido programa vive do que é sensacionalismo.

 

Nestas palavras, o nosso intuito não é o de crítica, mas, sim, o de expressar o que pensamos a respeito do que muitos nos escrevem, perguntando: se somos, ou não, adeptos de que a Estrela de Belém era uma nave espacial, etc?! Eis aqui a nossa resposta sincera a todas as questões congêneres que nos endereçam: A RESPEITO DE JESUS CRISTO NADA SABEMOS E NADA PODEMOS ACRESCENTAR AO QUE OS APÓSTOLOS ESCREVERAM, e que, cá para nós, demoraram muito a escrever – deveriam, sim, tê-lo feito bem mais cedo do que o fizeram, porque, confiantes em sua humana memória, muito do que Ele falou e fez, conforme testemunhou João, em seu Evangelho (escrito, aproximadamente, entre os anos 80 e 100 d.C.) deve ter se perdido, e que não caberiam em todos os livros que pudessem vir a ser escritos.

 

 

 

INÁCIO FERREIRA

 

Uberaba – MG, 9 de novembro de 2025.

 

domingo, 2 de novembro de 2025

 

“Finitudizando” o Infinito

 

Escreveu Allan Kardec, o Codificador, que “o Espiritismo é a ciência do infinito”.

Sendo assim, natural que a Doutrina Espírita não conste, toda ela – a não ser pelos seus Princípios Básicos –, do Pentateuco.

Caso o Espiritismo não tivesse por característica o dinamismo da Revelação, permanecendo sempre o mesmo de quando concebido no século XIX, ter-se-ia nele a Verdade Integral, ou Definitiva, nos Postulados que o constituem.

O Espiritismo, que não evolvesse em seu Tríplice Aspecto, juntar-se-ia, então, às doutrinas que jazem estagnadas no tempo e no espaço.

Repetindo: se o Espiritismo se mantivesse o mesmo, ao longo de seus 168 anos, desde o lançamento de “O Livro dos Espíritos”, embora, sem dúvida, tenha representado considerável avanço no campo do Pensamento, ele seria pouco para as aspirações do espírito.

O que, por exemplo, os que rotulam-se, na atualidade, de “Kardecistas puros”, desconsiderando a Revelação continuada na Obra Mediúnica de Chico Xavier, estão fazendo, para nos valermos, talvez, de um neologismo, é servir à causa dos que desejam “finutidizar” o infinito.

Sim, combatendo a Obra Mediúnica de Chico Xavier, que levou o Espiritismo do século XIX para o século XXI, desdobrando a Codificação, os que à ela se opõem, em outras palavras, estão dizendo que o Espiritismo “acabou” – que é somente o que os Espíritos disseram a Kardec e... ponto final.

Evidente, por outro lado, que a intenção dos que combatem a Obra Mediúnica de Chico Xavier, seja a de priorizar apenas o aspecto científico da Doutrina, e, talvez, o filosófico, desconsiderando, porém, o religioso.

No fundo, o combate à Obra que os Espíritos efetuaram através do Médium Chico Xavier, é combate a Jesus Cristo, porquanto, em maioria, as alegações dos que assim procedem é que trata-se de uma Obra mística, sem conexão com os avanços da Ciência contemporânea, o que demonstra, de sua parte, grande desconhecimento, ou, no mínimo, arrogância intelectual de quem se julga em patamar de natureza superior.

Já tivemos oportunidade de ouvir um “cientista”, professor de Física, dizer que a culpa do Espiritismo ter adquirido, no Brasil, esse caráter “evangélico” é de Chico Xavier...

Em Uberaba, antiga secretária da Prefeitura Municipal, já desencarnada – tanto a secretária quanto a Prefeitura –, católica fervorosa, afirmava que a culpa de haver tantos mendigos em nossas ruas era de Chico Xavier – a pobreza, em Uberaba, era culpa de Chico Xavier!...

Não é para sorrir?!...

Sorrio, embora a minha vontade fosse a de mandá-los às favas, quando vejo tantos “doutores da lei” no Espiritismo, empreendendo grande esforço para “finitudizá-lo” em Kardec, proclamando-se “kardecistas puros”, que, repetindo, não sabem que, à serviço das trevas, estão “passando a régua” dizendo que no Espiritismo não se tem mais nada do que já se teve com as “mesas girantes”...

Que pena!...

Bem houve o nosso poeta Formiga, que, na reunião de ontem, sábado, escreveu a trova:

“Sou um bagre na lagoa

Nadando em labor insano,

Que, de repente, se viu

Na vastidão do oceano.”

 

INÁCIO FERREIRA

Uberaba – MG, 2 de novembro de 2025.

 

 

 

 

sexta-feira, 24 de outubro de 2025

 

 

 

 

 

 

 

Respondendo

 

 

Filho, Jesus nos abençoe.

 

Você me escreve – e quer a minha opinião – dizendo que acredita, sim, na vida além da morte, mas que imagina que o espírito, sobrevivendo ao seu desenlace, apenas fica à espera de uma nova existência que pode ser completamente diferente de tudo o que já se disse a respeito...

 

Você fala que acredita que o espírito, simplesmente, entrará em um novo corpo e escreverá uma nova história, segundo as circunstâncias com que o meio o venha favorecer – que poderá, indiferentemente, reencarnar em corpo masculino, ou feminino, sem que tenha o destino previamente traçado a fim de ser isso ou aquilo, de vez que, segundo você, uma existência não necessariamente se continua a outra, em termos de tarefa, profissão ou o que o valha – renascerá como uma semente germina no chão e que tanto poderá a se transformar em árvore ou não, em uma floresta ou em um pomar – ou em um arbusto, um pé de relva...

 

Ainda segundo você, reencarnando, o espírito poderá se encaminhar para ser um humanista ou criminoso, de vez que dentro de si traz todas essas “possibilidades” – poderá ser um bom criminalista ou um malfeitor, um homem caridoso, como Vicente de Paulo, ou um ditador sanguinário como Mao Tsé-Tung...

 

Antes de lhe responder, eu diria que você, com os seus questionamentos, “me apertou, sem me abraçar”, porque, se não posso concordar com os seus exemplos extremos, preciso dizer-lhe que, de fato, nem sempre uma existência se continua a outra, e que o espírito, realmente, traz dentro de si muitas “possibilidades” do que virá a ser em sua reencarnação.

 

O espírito, ou seja, o homem, fora e dentro do corpo, vive sujeito às influências que recebe e sob elas se desenvolve, não olvidando, todavia, de que ele, igualmente, é um ponto de influência para terceiros.

 

Antes de reencarnar, o espírito sente-se atraído pelos “laços” que ele mesmo cria com a Lei que lhe determinará o renascimento – o espírito não logrará fugir à situação que lhe for afim, ou com a qual estabelecer sintonia. Veja o exemplo das espécies de pássaros – ninguém vê um tucano fazendo parte de um bando de rolinhas, e nem um golfinho vivendo em meio a tubarões...

 

Não sei se você está entendendo, mas, em parte, você tem razão, porque sei de muitos espíritos que, deixando o corpo em quase completa inconsciência do que seja a vida além da morte, reencarna depois, quase de imediato ou não, sem maior consciência do que está lhe acontecendo em sua volta à Terra.

 

Para que o espírito possa renascer no corpo físico com algum proveito de ordem espiritual – proveito mínimo sempre existe! –, escolhendo, direta ou indiretamente, condições que lhe favoreçam no aprendizado, ele carece, intimamente, de maneira consciente ou não, de desejar o seu crescimento, ou aprimoramento, pois, caso contrário, ele estará, sim, sujeito a existências que não lhe acrescentem tanto, ou nas quais, por vezes, possa até se complicar mais.

 

Como já tivemos oportunidade de dizer alhures, essa história de que toda reencarnação é sancionada por um “Instituto de Reencarnação” não é assim – que o digam aos muçulmanos, por exemplo, que, antes de reencarnarem, eles carecem de se submeterem ao referido “Instituto”, ou mesmo aos católicos ferrenhos que, do Céu, não querem descer à Terra...

 

Apenas para não me alongar, faço coro com você quando você diz acreditar que há espírito que volta à Terra “apostando na sorte grande”, ou seja, aventurando-se, como creio que a maioria dos indianos reencarnacionistas creem que seja a reencarnação: uma aventura cósmica, um eterno ir e vir sem mais claro objetivo de ordem evolutiva.

 

Terminando, digo a você que, em realidade, embora, do ponto de vista quântico, a distância entre berço e túmulo seja incomensurável, do ponto de vista moral, para a maioria dos espíritos terrenos, ela não mede mais que alguns poucos centímetros, que, à semelhança dos coelhos nas barracas das festas de quermesse, quando soltos do balaio em que estão presos, entram na primeira casinha-toca em que conseguem entrar, também sem saberem por e para quê.

 

 

 

INÁCIO FERREIRA

 

Uberaba – MG, 24 de outubro de 2025. (*)

 

(*) Publicado antecipadamente devido a compromisso no 18º Encontro dos Amigos de Jesus Cristo com Chico Xavier e sua Obra Espírita-Cristã, sendo realizado na cidade Araçatuba – SP, nos dias 24, 25 e 26 de outubro.