“Senhor, Para Quem Iremos?”
Respondeu-lhe Simão Pedro: Senhor, para quem iremos? Tu tens as palavras da vida eterna.” – João, 6:68
Quando Jesus, falando os seus discípulos e aos judeus, enfim, à multidão que sempre o acompanhava, compara-se ao pão – Eu sou o pão que desceu do céu –, quase todos se escandalizaram, com os judeus perguntando entre si: Não é este Jesus, o filho de José? Acaso não lhe conhecemos o pai e a mãe? Como, pois, agora diz: Desci do céu?
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Com muitos, inclusive, de seus discípulos o abandonando, “e já não andavam mais com ele”, Jesus perguntou aos doze: Porventura quereis também vós outros retirar-vos?
Foi quando Simão Pedro, inspirado, lhe respondeu: Senhor, para quem iremos? Tu tens as palavras da vida eterna...
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Realmente, se, porventura, abandonássemos a fé em Deus, no Evangelho de Jesus, na imortalidade, enfim, no Espiritismo, que é a revivescência do Cristianismo, para quem, ou para onde iremos? O que haveríamos de fazer? Como teríamos esperança no futuro? A quem elegeríamos por Mestre, a fim de lhe seguir os passos? Como poderíamos continuar vivendo sem a bênção do esclarecimento que a Doutrina nos faculta? Enfim, onde ou com quem arranjaríamos forças para continuar purgando sobre a Terra?...
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O que haveria de ser da Humanidade sem os templos religiosos que, ao longo dos séculos, têm mantido acesa a chama da fé? Talvez, muitos digam que seria bem melhor, todavia não podemos nos esquecer de que, graças à Fé, o mundo foi sendo desbravado e colonizado, e, em seu primitivismo, os homens foram se espiritualizando – começaram, apenas começaram, a se espiritualizar! Não podemos olvidar, por exemplo, o trabalho que os jesuítas fizeram no Brasil, evangelizando os índios e os que para o Brasil foram degredados e os que aqui chegaram na condição de escravos – a fundação de cidades importantes, como o Pe. Manoel da Nóbrega, o nosso Emmanuel, que atuou na fundação de Salvador, São Paulo e Rio de Janeiro!...
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E agora, nos tempos atuais, com os homens, com exceções, reaproximando-se da descrença, principalmente pela falha das religiões, que, moralmente, estão a escandalizar os modernos judeus, a resposta de Simão Pedro novamente se faz ouvir: Senhor, para quem iremos?
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Para quem ou para onde caminha a Humanidade com o seu cepticismo? Certamente, parte dela se assemelha à uma manada de búfalos correndo desenfreada na direção do abismo, em suicídio coletivo.
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Assim, vendo alguns confrades e confreiras espíritas, gradativamente, se afastando do Espiritismo, permutando-o pelos muitos descaminhos humanos, ou, sem se afastarem, desfigurando-o, dirigimos aos remanescentes a pergunta de Jesus a Simão: Porventura quereis também vós outros retirar-vos?
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Irmãos e irmãs, se tal vier ocorrer conosco, pela influência recebida em nossos espíritos frágeis, convém, pelo menos, saber se já sabemos para quem iremos?...
INÁCIO FERREIRA
Uberaba – MG, 28 de março de 2025. (*)
(*) Publicado antecipadamente pela viagem doutrinária do médium.