domingo, 27 de abril de 2025

 

Mediunidade e Obsessão

 

Em “O Livro dos Médiuns”, Allan Kardec, sob a inspiração dos Espíritos da Codificação, escreve que médium é todo aquele que sente a influência dos espíritos em um grau qualquer... Não obstante, quando discorre sobre o problema da obsessão, afirma que ela é o império que os espíritos obsessores exercem sobre as suas vítimas...

Note-se que a “linha divisória” que separa um estado do outro – o mediúnico do obsessivo – é muito tênue, e que, sem a indispensável vigilância, alguém pode, com certa facilidade, transitar do estado mediúnico saudável para o estado mediúnico patogênico.

Quando atuava no Sanatório Espírita de Uberaba, na condição de médico psiquiatra, mas, principalmente, de espírita, percebia, com nitidez, e lamentava, que tantos médiuns, que poderiam ser eficientes tarefeiros na Doutrina, estavam entregues à obsessão.

Quantas faculdades de psicofonia vampirizadas por entidades devotadas ao ódio e à vingança, cedendo, com facilidade extrema, passividade aos inimigos de outrora – inimigos daqueles pobres pacientes que, nesta situação por longo tempo, tangenciavam a loucura, recebendo, de colegas outros, o diagnóstico de “esquizofrenia”.

Poucos foram daqueles pacientes que, libertados de seus algozes invisíveis, não permaneceram com sequelas, ou que, uma vez “curados”, não quiseram se comprometer com a mediunidade – constrangidos na obsessão, de livre e espontânea vontade nada queriam com a mediunidade.

Refiro-me ao assunto, en passant, porque, na atualidade, registramos muitos medianeiros que, tendo começado bem em suas atividades mediúnicas, depois, sem a necessária vigilância, extrapolam eles próprios, facilitando o assédio dos espíritos que terminam por lhes adoecer as faculdades.

Necessária, pois, se faz muita cautela da parte de todos os que laboram no campo mediúnico, de vez que, como pontificou Kardec, a obsessão é uma irmã desviada da mediunidade – ambas têm os mesmos genitores, ou seja, a sensibilidade psíquica, possuindo assim a mesma genética, inclusive física, todavia, segundo antigo ditado que eu ouvia de minha mãe, “os dedos das mãos não são iguais”...

Profundamente lamentável observar, em nossa gleba de atividades doutrinárias, tantos médiuns sanos tornando-se insanos, simplesmente por conta de vaidade e personalismo!...

Estendendo os conceitos do Codificador, de vez que, sim, SOMOS TODOS MÉDIUNS, segundo o título de valiosa obra mediúnica escrita do Mais Além por Odilon Fernandes, todos os espíritas somos passíveis de padecer o estado obsessivo, quer no exercício ostensivo ou discreto de nossas faculdades.

Outra vez: cuidemos da vigilância!...

 

INÁCIO FERREIRA

 

Uberaba – MG, 27 de abril de 2025.

 

 

 

  

 

 

 

domingo, 20 de abril de 2025

 

18 de Abril de 1857/2005

 

168 anos da publicação de “O Livro dos Espíritos”!...

Sem dúvida, um livro que, desde o seu lançamento, esteve à frente de seu tempo.

O seu conteúdo de Tríplice Aspecto – Ciência, Filosofia e Religião –, ainda está a ser, vagarosamente, assimilado, mesmo pelos espíritas mais estudiosos.

Acontece que não é fácil aos espíritos, em geral, a mudança mental de Paradigmas em torno da própria imortalidade.

Poucos são os espíritos, encarnados e desencarnados, que se encontram preparados para viverem a sua imortalidade!...

Deste Outro Lado da Vida, podemos constatar a realidade do que acima afirmamos, de vez que, os que não estão a dormir, aguardando, sem saber, por um novo corpo na Terra, têm dificuldade para admitir a possibilidade do próprio desenlace...

O espírito insiste em continuar sendo a casca, e não a castanha que a casca contém...

Continua insistindo em ser a ostra, e não a pérola...

Em ser a árvore, e não a seiva...

De fato, “O Livro dos Espíritos” é um livro “inconscientemente” ignorado, porque os homens têm medo da efetuar a mudança de Paradigmas que ele, desde o século XIX, anunciou.

O “inconsciente” lhes diz que é melhor prosseguirem aspirando ao Céu, ou à ressureição no Dia do Juízo Final – será muito menos trabalhoso...

Os próprios espíritas – não todos! – tremem quando cogitamos da Reencarnação no Mundo Espiritual, e dizem, quando não ironizam:

- Doutor, morrer uma vez já é difícil, morrer outra vez?!...

Sim, e sempre, a fim de viver mais e infinitamente – respondo-lhes.

- “Nascer, viver, morrer, renascer e progredir sempre, tal é a Lei.” – Tornar a nascer, tornar a viver, tornar a morrer e tornar a renascer, nas muitas Moradas da Casa do Pai, para progredir sempre – eis a Lei em espírito e verdade.

Muitos irmãos de Ideal espírita-cristão preferem desfrutar à guisa de céu, que desfrutavam em suas convicções infantis, do Mundo Espiritual que é apenas e tão somente a outra metade da “cebola” em que vivemos – da “nossa cebola”, perdida em meio a imenso “cebolal”...

Como dizia Chico Xavier, Deus é “um plantador de cebolas”!...

Por agora, cada espírito está estagiando em uma das camadas concêntricas da “cebola” – claro existem cebolas “comuns”, morada de “ceboleiros” comuns e cebolas de “qualidade”, como a Cipolla Ramato de Montoro, onde residem os “ceboleiros” mais aperfeiçoados, semelhantemente aos que habitam o Metaverso, e outros o Omniverso...

A vida é um Matrix Divino!...

Por isto, e mais, “O Livro dos Espíritos” é um livro temido pelos teólogos, cristalizados em suas crenças de vida, e filósofos que se encantam de seu próprio pobre saber.

Temido, sim, pelos que querem continuar vivendo após a morte, desde que seja em uma espécie de oásis imperturbável, donde emana leite e mel.

Temido, ainda, pelos que, crendo ser coragem, e não ignorância, admitem na morte o ponto final da existência – certamente, mais saberetas que Sócrates, o mais sábio dentre todos os homens.

Salve “O Livro dos Espíritos”! Salve Allan Kardec, três vezes salve! Salve Chico Xavier, para sempre salve!...

 

INÁCIO FERREIRA

Uberaba – MG, 20 de abril de 2025.

 

 

 

 

domingo, 13 de abril de 2025

 

“Instrumento” de Obsessor

 

Joaquim Cassiano, médium espírita uberabense já desencarnado, costumava dizer que o obsessor, por vezes, a fim de alcançar o seu objetivo contra quem desejava prejudicar, buscava o seu “instrumento” longe...

No entanto, o “instrumento” de que o obsessor se vale para atingir o alvo que elegeu, pode estar vivendo ao seu lado, ou à frente de seus olhos.

Hoje em dia, inclusive, o obsessor pode lançar mão até mesmo da Internet para molestar, moral e intelectualmente, a quem, porventura, esteja querendo fazer o mal.

Existem pessoas, quase sempre desocupadas, e já perturbadas pelos seus obsessores, que ocupam a Internet postando imagens, textos, diminutos filmes, etc, que terminam, pela sua repetição, fazendo quem com eles se comprazem terminem permitindo que os seus pensamentos sejam poluídos...

Sim, atualmente, as obsessões, via Internet, são numerosíssimas, através dos “instrumentos” encarnados que espalham notícias inverídicas e fomentam boatos, fornecendo, diuturnamente, alimento mental deletério, através da imagem e do som, provindos de longa distância e que, infelizmente, “possuem” os mais frágeis.

Eu sou do tempo que o espírito obsessor, quase sempre, tinha um trabalho danado para, como diz Kardec, exercer o seu império sobre quem almejasse obsedar... Hoje em dia, porém, a obsessão, igualmente, vem se valendo da tecnologia, e atua sobre milhares de pessoas ao mesmo tempo, no mundo todo – trata-se de obsessão do mundo todo para todo mundo que com ela entra em sintonia.

Feliz daquele que, manejando o computador, assim que percebe o tentame do “instrumento” obsessivo, trata de deletá-lo de maneira imediata, não se dando ao trabalho de vasculhar o “lixo mental” que, pela mídia social, venha, gratuitamente, parar diante de seus olhos e ouvidos.

É Joaquim... Você, embora sem saber como, também tinha razão, quando dizia que o obsessor buscava longe o seu “instrumento” – apenas, àquela época – não podia imaginar que, mais que motorizada, fosse computadorizada... Antigamente, o “instrumento” chegava de ônibus, “Maria Fumaça”, avião, e até de bicicleta, vencendo quilômetros e quilômetros de distância... Hoje, num átimo, em um abrir e fechar d’olhos, o “instrumento”, representando o obsessor desencarnado ou encarnado, entra em sua casa sem precisar bater na porta.

Por este motivo, meu caro Joaquim Cassiano, a obsessão campeia entre os encarnados com extrema facilidade, e o que é pior: tanto os “instrumentos” quanto os obsessores passam por pessoas normais, difíceis de diagnosticar e, quando necessário, “trancar” em Sanatório.

Os obsessores autênticos, aqueles que do Mais Além, incomodavam os homens na Terra, estão desempregados – refiro-me àquela obsessão clássica, do obsessor acompanhando o obsidiado dia e noite, e, indiretamente, sendo obsidiado também...

Os tempos mudaram, Joaquim, e precisamos nos adequar a eles, promovendo a “desobsessão via Internet”, incentivando os nossos companheiros a postarem apenas e tão somente notícias que consolem os que sofrem e esclareçam os que ignoram.

E, para tornar o nosso trabalho ainda mais complexo e difícil, surgiu na Terra o tal de celular, de forma que a gente nunca sabe se o obsessor tem o obsidiado na mão ou se é o obsidiado que carrega o obsessor no bolso.

 

INÁCIO FERREIRA

 

Uberaba – MG, 13 de abril de 2025.