domingo, 11 de outubro de 2020

 

“Carpe Diem”

 

Sinceramente, eu não sei onde a grande multidão, que não cogita do espírito, encontra estímulo para viver na Terra, ocupando-se tão somente do cotidiano terrestre.

Vejo os seus integrantes, que são nossos irmãos em Cristo, caminhando pelas ruas, correndo atrás de objetivos transitórios, para a obtenção do pão de cada dia, e para além do pão que lhes garanta a sobrevivência no corpo.

Milhares, ou, talvez, milhões, movimentam-se na esperança de que possam vir a ter grande êxito financeiro, conquistando posições no convencionalismo social, que festeja os que passam a fazer parte da lista dos considerados ricos – milionários, bilionários, trilhardários...

A maior parte, porém, pressentindo que não logrará frequentar as páginas da “Forbes” – pode ser de alguma “Forbes” tupiniquim –, contentar-se-á com recheada conta bancária, com algumas propriedades, com automóvel que possa trocar por outro zero, ou quase zero, de três em três, ou de quatro em quatro, ou de cinco em cinco anos...

Quase todos, no entanto, contentam-se em se levantar, pela manhã, ocupar o tempo durante as doze horas do dia, chegar em casa e largar-se numa poltrona à frente da TV e... ter um pouco de prazer oriundo da carne.

Repito, sinceramente, eu não sei os que move na vida diária, porquanto, infelizmente, cada vez mais, essa grande multidão parece se afastar dos assuntos da fé em Deus.

Os templos religiosos, de maneira geral, estão vazios, e, lamentavelmente, estamos assistindo, entre os homens encarnados, o fracasso das “peças” da religião, que, por ação de um “efeito-dominó”, estão quase caindo uma após a outra, pelos variados escândalos que a mídia tem se encarregado de divulgar – e por falar em mídia, como ela também vem concorrendo para que o homem viva como se, em pouco tempo, estivesse destinado ao pó! A mídia nada, absolutamente nada, tem feito pela construção espiritual do homem – a mídia é tão consumista que termina por consumir, inclusive, o seu próprio consumidor!

Eu não sei... Vejo-os, aos homens encarnados, caminhando, em grande parte, feito zumbis pelas ruas das pequenas e das grandes cidades, quase que colidindo uns com os outros, sem que parem para trocar dois dedos de prosa, ou... para fumar um cigarrinho juntos – não de Cannabis, é claro, mas das folhas de uma ingênua árvore-do-fumo, porém, não menos prejudicial à saúde – eu que o diga!

Dentro de seus carros ou pilotando as suas motos, de maneira feroz, dirigem os seus veículos mal suportando quem lhes está à frente, tentando obedecer a placa de sinalização que recomenda não se exceda, dentro da cidade, a 40 km/h – de celular na mão, falando com alguém que, por certo, também pode estar no trânsito, os distintos habilitados ultrapassam o “velho” que dirige com lentidão, dedicando-lhe o tradicional dedo médio erguido em gesto pornográfico...

Depois de muito pensar e pensar, aqui, deste Outro Lado, chego à conclusão que é pela Misericórdia Divina que os homens, em esmagadora maioria, estão vivendo na Terra, sem que sequer, muitas e muitas vezes, lembrem de proferir, ainda que decorada, uma única oração por dia.

Sim, é pela Misericórdia Divina que eles, os indiferentes ao seu futuro espiritual, respiram e expiram no mundo, vivendo como se a finalidade da existência humana não fosse outra se não aquela extraída de uma das odes de Horácio: Carpe Diem.

 

Não fosse pela ação da Misericórdia Divina que os sustenta de pé, através do Instinto de Conservação, com certeza, assistiríamos na Terra à pavorosa catástrofe de ordem moral, com os homens em autoextermínio coletivo, por não conseguirem enxergar na vida medíocre que escolhem viver um propósito de ordem superior.

Não posso, contudo, deixar de registrar as exceções que, infelizmente, de tão poucas, quantitativamente, não alteram as estatísticas, embora, qualitativamente, sejam elas que continuam a manter as esperanças de que o mundo venha a ser melhor amanhã.

 

INÁCIO FERREIRA

 

Uberaba – MG, 11 de Outubro de 2020. 

 

 

 

 

domingo, 4 de outubro de 2020

 

“Cavalo de Troia”

 

Os que estudam História sabem a respeito do “Cavalo de Troia”, que, por muitos, é considerado apenas uma lenda. Troia resistia à invasão espartana por nove anos, com os seus portões inexpugnáveis. Surge, então, a ideia da construção de um grande cavalo de madeira que, inadvertidamente, os gregos, considerado como um troféu de guerra, levam para dentro da cidade – o “cavalo” estava recheado de guerreiros gregos que, assim, abrindo, por dentro, os portões de Troia aos companheiros, vencem a guerra, que havia começado pelo rapto de Helena.

Dissertando sobre o assunto, aproveitamos para dizer que os povos, coletivamente, também estão submetidos à Lei de Ação e Reação, ou, mais popularmente, à Lei do Carma.

Os povos dominadores, que invadem outros povos e os submetem, são constituídos por grupos de espíritos que, um pouco mais tarde, haverão de renascer descendendo dos povos dominadas.

As nações indígenas, por exemplo, que foram, praticamente, extintas pelo povo norte-americano, tiveram os espíritos pouco evolvidos que as integravam descendendo dos americanos, tomando, assim, posse das terras que lhes foram subtraídas em nome da colonização.

E é sempre assim que acontece. No Vietnam, por exemplo, de acordo com o que já tivemos oportunidade de observar em uma obra de nossa lavra, americanos mortos em combate, muitas vezes, renasciam na condição de vietnamitas, ou, então, levavam em sua companhia, para a América, os espíritos dos vietnamitas mortos que passariam a integrar as suas famílias.

Na Europa, com quase todos os países contando com grande número de imigrantes, notadamente ligados ao Islamismo, os povos que, no passado, foram colonizados por tais países, hoje, em nome da globalização cultural e do direito de ir e vir, os estão “invadindo”, e quase que já se mostram mais numerosos, por exemplo, que os considerados filhos da pátria.

Sem dúvida, trata-se do Choque de Retorno a que, através da ação inexorável do tempo, os indivíduos e as coletividades se encontram sujeitos.

É muito provável que um inimigo eliminado por outro venha a renascer na família consanguínea daquele que pretendeu afastá-lo pela violência, inclusive, que venha a se fazer herdeiro de todos os seus bens – de seus bens familiares, sociais e econômicos. Quando esse inimigo prejudicado não renasce diretamente da família, por vezes, a ela se agrega por outros laços, como o do matrimônio de um filho ou de uma filha, de um neto ou de uma neta, simbolicamente, trazendo para dentro de casa um verdadeiro “Cavalo de Troia”.

Aliás, perante a Lei do Carma, os “cavalos de Troia” se encontram à porta de quase todos os lares terrestres, com espíritos à espreita do momento oportuno de colocarem abaixo os “portões”, considerados inexpugnáveis, da resistência que, consciente ou inconscientemente, a eles é oferecida.

Hoje em dia, dificilmente se pode dizer, até mesmo geneticamente, que, nas veias dessa ou daquela pessoa, corre um sangue que não tenha se originado da extraordinária miscigenação entre as mais diferentes raças.

Quando Roma invadiu a Grécia, invasão que começou com a vitória romana na Batalha de Corinto, os sábios gregos, cultores da Filosofia, foram feitos prisioneiros e transformados em preceptores dos filhos dos romanos, ensejando que Roma adotasse como seus os deuses do Olimpo.

Esse movimento atual de imigração, que se verifica no mundo, é resultado do Carma coletivo assumido por diversos povos, que, agora, estão sendo chamados, perante a Lei, a ressarcirem os seus débitos com aqueles que espoliaram.

A Reencarnação, caso não existisse, em função da Divina Justiça e de impositivo lógico, passaria a existir, de vez que, sem ela, as injustiças que os homens cometem uns contra os outros jamais haveriam de ser reparadas, e, então, de fato, o mundo estaria à mercê de um caos moral.

A Reencarnação, assim, é o “Cavalo de Troia” com a Lei Divina promove as “infiltrações” indispensáveis para que os homens deixem de construir “muralhas e portões”, passando a ser construtores de “estradas e pontes”, para que a fraternidade universal não seja uma utopia.

 

INÁCIO FERREIRA

 

Uberaba – MG, 4 de Outubro de 2020

 

 

  

 

 

 

 

domingo, 27 de setembro de 2020

 

A FIGUEIRA EXUBERANTE

 

A figueira que, segundo os Evangelistas, Jesus ordenou secasse até à raiz, por certo:

Era exuberante...

Tronco vetusto...

Galhosa...

Folhas saudáveis...

Porém, sem frutos!...

O Senhor disse a ela que secasse até à raiz, para que não tornasse a brotar estéril...

Enganando a quem, faminto, dela se aproximasse, na esperança de colher algum figo...

Que ela, a figueira exuberante, já que não produzia frutos, servisse, pelo menos, de adubo orgânico para a terra de que apenas estava sugando vitalidade...

Sim, a figueira exuberante vivia de sugar nutrientes da terra e do ar...

Para ela, com certeza, nunca seria tempo de produzir – em qualquer estação queria apenas ser admirada pela sua beleza, contrastando com as demais figueiras, mirradas, que tinham os seus frutos arrancados por mãos necessitadas.

Infelizmente, há muita gente assim:

Possui exuberante cultura...

Exuberante inteligência...

Saúde exuberante...

Exuberante capacidade...

Todavia, em sua exuberância, nada produz –

Figueira exuberante destinada a secar até à raiz –

Sem frutos, sem sementes, sem prole...

Inútil, ocupando espaço...

A figueira exuberante que Jesus “amaldiçoou”, “renasceria” outra figueira, talvez, não com tanta exuberância, mas, por certo, mais produtiva.

Aprenderia que ser estéril pode lhe custar muito.

Inclusive, a perda da exuberância, ou, em outras palavras, da vaidade.

Resta-nos indagar:

O que estamos sendo na vida:

Figueira exuberante, ou figueira mirrada, feia, dilapidada, mas que não hesita produzir segundo a sua capacidade de se oferecer, em qualquer época da existência, ao faminto que lhe apanha os frutos?!...

 

INÁCIO FERREIRA

 

Uberaba – MG, 27 de Setembro de 2020.

 

domingo, 20 de setembro de 2020

 

(Espaço para a oportuna palavra de Irmão José)

 

Ostentação

 

Por respeito à dor alheia, procuremos evitar todo e qualquer tipo de ostentação, que, porventura, possa, direta ou indiretamente, ser causa de humilhação para os nossos semelhantes:

- de riqueza,

- de cultura,

- de beleza,

- de alegria,

- de felicidade,

- de sucesso,

- de poder...

Não olvidemos que, diante da multidão sofrida, o Cristo somente se permitiu, na Terra, a ostentação da cruz em que foi martirizado.

 

Irmão José

 

(Página recebida pelo médium Carlos A. Baccelli, em reunião no Lar Espírita “Pedro e Paulo”, na manhã do dia 16 de Setembro de 2020, em Uberaba – MG).

domingo, 13 de setembro de 2020

 

APENAS PENSANDO

 

Os Espíritos Superiores ensinaram que a alma dorme na pedra, sonha no vegetal, agita-se no animal e acorda no homem.

Para passar de um reino a outro, evidentemente, a “alma”, ou o “princípio inteligente”, deve gastar milênios.

O assunto é tão complexo, e transcendente, que, em “O Livro dos Espíritos”, na resposta à questão 597-a, os Espíritos dizem: “Há, entre a alma dos animais e a do homem, tanta distância quanto entre a alma do homem e Deus”.

Mesmo que não nos apeguemos à letra, convenhamos que é muito chão, não é?!

No entanto, não é este o assunto de minhas reflexões de agora.

Estou pensando noutra coisa.

Ao transitar do reino animal para o hominal, o “princípio inteligente”, alcançando a “láurea da razão”, encontrava, na Terra, onde reencarnar – sim, nos chamados homens das cavernas: antropoides e seus descendentes.

Depois, nos selvagens em geral, inclusive, nos mais bárbaros – os que praticavam a antropofagia.

Na trajetória evolutiva do espírito, essa transição é indispensável – é possível que todos já tenhamos degustado um toucinho humano!

Pois bem.

Sabemos que no orbe terrestre o “princípio inteligente”, ou a “mônada”, de Leibniz, prossegue em seus estágios de evolução – nos reinos mineral, vegetal e animal, embora neste último reino as opções estejam ficando cada vez mais raras, pela extinção de inúmeras espécies.

A pergunta que me faço e que, neste momento, tomo a liberdade de transferir para os nossos internautas é a seguinte:

- Em que seres, na Terra, o espírito primitivo, na atualidade, pode estar estagiando, para, mais tarde, ser considerado um ser civilizado?!

Os antropoides se foram, extinguiram-se! – os pré-australopitecos, os australopitecos, o homo habilis, o homo erectus, etc.

E agora?!

Para onde será que os parentes do homem moderno, dito civilizado, foram transferidos?

Em que mundos estarão reencarnando?!

Claro, pois que o trabalho da evolução não pode ser interrompido – pedra tem que continuar virando planta, planta tem que continuar virando animal, e animal tem que continuar virando bicho inteligente...

Concordam?!

A evolução não dá saltos...

Então?!...

Estarão eles reencarnando em algum outro planeta de nosso Sistema Solar?! Contudo, dificilmente, em nosso Sistema, iremos nos deparar com um meio propício para que animal possa virar bicho inteligente – um predador inteligente, embora burro prá cacete!...

Gostaria, sim, de pedir ajuda aos “universitários” – não dos “universitários” anônimos, que têm vergonha de mostrar a sua cara de antropoide...

Vamos pensar juntos?!

Outra: como os seres que habitavam essas raças que se extinguiram, e que estão se extinguindo, puderam “viajar”, com os seus perispíritos pesadões, à longa distância, em busca de uma Terra Prometida?!...

Hoje, estando com um pouco de pressa, sem saber se me fiz entender, vou parar por aqui.

O assunto, no entanto, vem me queimando a pestana.

Será que pode um pré-australopiteco, ou um australopiteco, entrar dentro de um terno chique, colocar uma gravata e... de repente, virar político, ou espírita?!...

Estou quase me convencendo de que esta é uma possibilidade omitida pelos Espíritos da Codificação.

 

INÁCIO FERREIRA

 

Uberaba – MG, 13 de Setembro de 2020.

domingo, 6 de setembro de 2020

 

ORANDO PELA HUMANIDADE

 

Senhor,

Nesta hora de dificuldade

Para os nossos irmãos e irmãs encarnados,

Queremos Te pedir que a todos eles

Concedas força e coragem

A fim de atravessarem a prova que lhes

É necessária...

Que eles possam compreender

A necessidade de transcenderem

O imediatismo que, em maioria, lhes

Caracteriza a existência

Fugaz sobre a Terra...

Que, pensando na transitoriedade

Da existência física,

Busquem valorizar a sua própria

Essência imortal...

Que eles possam, tangidos pela dor,

Compreender que somente em Ti

Haveremos de ter paz

E entender que todos somos irmãos,

Independente de crença religiosa,

De raça, de cultura e de tudo o mais, Senhor,

Que nos tem mantido tão distantes

Uns dos outros,

Pois há maior distância entre

Um “vivo” e outro, do que um “vivo” e um “morto”...

Que entendam, ainda, uma vez por todas,

Que o dinheiro é simples papel,

Moeda sonante,

Utilizada como elemento de progresso,

Mas que não lhes deve desviar do caminho

Em que, às tontas,

Estamos à procura da Luz...

Senhor,

Que a morte que a presente Pandemia

Está vulgarizando,

Vulgarize-se para sempre

Em nossas concepções quanto à imortalidade,

Através da qual seguimos,

De corpo em corpo, na construção do destino,

Porquanto, de fato, estamos, e sempre estaremos,

Em transição onde estivermos,

Deixando para trás

Estranhos pedaços do próprio “eu”...

Assim, que os homens, nossos irmãos,

Deixam de lado a ambição do “ter”,

E, doravante, ocupem-se com o “ser” –

Que não continuem na exploração uns dos outros,

Acumulando fortuna e poder

Que o tempo sempre reduz a pó...

Não consintas, Senhor, que a Humanidade,

Ainda em sua infância espiritual,

Venha a sucumbir moralmente...

Afaste-a, por Misericórdia, da beirada do abismo

Do desespero e da loucura,

Em que ela periga se precipitar

Nesta hora de provação coletiva,

Que está colocando à mostra o que muitos

Têm de pior em si mesmos...

Que essa Pandemia, ceifadora de corpos,

Não ceife tantas almas

Como vem ceifando, manejando

A sua cortante foice afiada em todas as direções –

Sim, Senhor,

Quantos tombando pela depressão,

Pela ansiedade extrema e... pelo crime,

Induzidos muitos pela falta de pão...

Sensibilize, Mestre, os administradores

- Aos quais agora eu não posso xingar,

Porque estou orando... –,

Mas também os empresários –

Esses outros saf... Ah, Senhor, eu quase me esqueci:

Estou orando... –

Para que, valendo-se da necessidade humana,

Não lhes torne mais difícil

Colocar em casa o pão sobre a mesa –

Que horror, Senhor, a exploração do homem

Pelo homem – que horror os que, nesta hora,

Desviam recursos destinados à saúde,

E, assim, assinam o atestado de óbito de milhares,

Em genocídio sem precedentes,

Fazendo pior que aquele louco nazicórneo –

Com o sentido de chifre, e não outro...

Compadece-Te, Senhor, de nossas misérias,

Das misérias que, infelizmente,

Ainda também são nossas,

Os que, presentemente,

Estamos fora dos círculos mais densos –

Compadece-Te de nossa grande indigência

Espiritual,

E, nem que seja à machado,

Abre o nosso coração para que nele,

Pelo menos,

Furtivamente,

Entre uma réstea de luz –

Uma pequena réstea, Senhor,

Que nos faça enxergar a grande escuridão

Em que temos vivido até agora...

Abençoa, Senhor,

A Humanidade que, caso não venha aprender

Com a atual provação coletiva,

Que, pelo mérito de alguns

E pela oração de muitos,

Está sendo minimizada,

Enfrentará, com certeza, dias mais difíceis

Num futuro não muito distante...

Cumpra-se, porém, Senhor,

Hoje e sempre,

A Tua vontade,

Ante a qual nos curvamos,

Mas sem que Te esqueças

De que o Teu jugo é suave...

Amém! (sic)

Assim seja!...

 

INÁCIO FERREIRA

 

Uberaba – MG, 6 de Setembro de 2020.

 

 

 

 

domingo, 30 de agosto de 2020

 

HOJE EU NÃO VOU RESPONDER –

VOU PERGUNTAR

 

Hoje, com todo respeito, vou tomar a liberdade de dirigir algumas perguntas – poucas – aos nossos irmãos e irmãs internautas.

 

- Além da morte, o espírito tem vida social?

- Possui ele vida afetiva no Além? – vida amorosa?

- O espírito se relaciona sexualmente?

- O perispírito possui órgãos sexuais?

- No Mundo Espiritual, o que faz o espírito? – do que ele se ocupa?

- O espírito trabalha profissionalmente nesta Outra Vida?

- Todo espírito tem consciência da própria desencarnação?

- O que acontece quando o espírito reencarna? Ele deixa o seu perispírito “numa boa”?

- Além da morte do corpo, as famílias continuam a se organizar?

- Existe união matrimonial além da morte do corpo?

- Todo espírito, no Além, recobra as lembranças de suas vidas passadas?

- Todo espírito é reencarnacionista? Por quê?

- Todo espírita é espirita?

- No Mundo Espiritual, existem igrejas e templos consagrados a outros cultos religiosos?

- Que idioma é falado no Mundo Espiritual?

- O Mundo Espiritual é único? Ele é plano, redondo, oval, quadrado, espiralado? – como ele é?

- O espírito, obrigatoriamente, tem que reencarnar sempre na Terra?

- O espírito estuda no Mais Além? Pode cursar, por exemplo, Universidades?

- Quanto tempo, em média, o espírito pode ficar sem reencarnar?

- Existe sexo com gravidez no Mundo Espiritual, ou apenas sexo pelo sexo?

- O que é um espírito obsessor? Como ele vive? Por que tem necessidade de permanecer junto dos encarnados, que, muitas vezes, perturba?

- Tem política no Mundo Espiritual?

- Existe polícia por aqui?

- Ainda há luta pelo poder no além-túmulo?

- Todo espírito tem saudade daqueles que deixou na Terra?

- Existem espíritos que, com maior noção de “universalidade”, seguem caminho adiante, “esquecendo” os encarnados?

- No Mundo Espiritual há crime organizado?

- Necessariamente, todo marginal, ou bandido, que desencarna, colhe, de imediato, as consequências de suas ações?

 

Ah, eu poderia continuar perguntando, mas... vou parar por aqui.

Sugiro, ainda, que tais perguntas sejam feitas aos expositores da Doutrina, nos Centros Espíritas que frequentam, ou àqueles que participam de Congressos, Simpósios, etc.

E que, para as respostas que, porventura, lhes derem, que citem a fonte, ou seja, as obras nas quais estejam se baseando em seus argumentos – questionem a eles se a Codificação trata de todos esses assuntos com clareza.

Um abraço e até a próxima semana, talvez com mais perguntas.

 

INÁCIO FERREIRA

 

Uberaba – MG, 30 de Agosto de 2020.

 

domingo, 23 de agosto de 2020

 

 

BILHETE EM RESPOSTA

 

Minha irmã, você me escreve falando que, ultimamente, no clima da atual pandemia que vem assolando a Terra, você tem lutado muito contra a ideia fixa, imaginando que, a qualquer momento, poderá contrair o chamado Covid-19.

Em primeiro lugar, em relação aos seus temores de contágio, procure se acautelar, não se expondo, desnecessariamente, à ação desse e de nenhum outro microrganismo patogênico, porque o próprio ar que o homem respira no mundo, caso ele não se cuide, pode vir a lhe causar danos a saúde...

Fortaleça a sua imunidade, não apenas a orgânica, mas, igualmente, a espiritual, de vez que, mais poluída que o ar que os encarnados vivem respirando, é a “psicosfera” do planeta, com formas mentais inimagináveis gestadas pelos pensamentos de quantos se transformam em focos de contaminação do pessimismo, da descrença, do desânimo, da inveja, do ciúme, da ambição...

Os pensamentos infelizes possuem alta capacidade de contágio, debilitando a saúde psíquica de imensa legião que não cria defesas contra eles – e, com a sua condição psíquica abalada, o homem encarnado se torna duplamente vulnerável, tanto pelo seu corpo perispiritual quanto pelo envoltório perecível.

Portanto, minha irmã, sob a influência de noticiário excessivamente alarmante e de obsessões “oportunistas”, não deixe que o medo lhe domine as emoções e a predisponha a indesejável sintonia com outros vírus que não o “Corona”...

As obsessões “oportunistas” são aquelas que se valem da momentânea fragilidade psicológica de suas vítimas para se instalarem, dando um trabalhão danado para serem desfeitas, porque costumam fazer sofrer, por longo tempo, aos que lhes escancaram as portas da invigilância e as deixam entrar.

Ore, pois, com mais fervor e frequência do que você tem orado, contrapondo-se, mentalmente, às ideias que, inclusive, têm lhe provocado noites de insônia, repletas de pesadelos, ante o receio de que possa vir a se contaminar e... desencarnar, deixando para trás os seus deveres de esposa e mãe, às vésperas de ser avó do primeiro neto – realmente, é muito frustrante, para o espirito, o desenlace deixando tarefas primordiais pela metade!...

Para que este bilhete não se transforme em carta, em segundo lugar, se me permite, prescrevo a você outra providência que, aliada à oração, lhe será, tenho certeza, de grande valia – uma vacina extraordinária, cuja patente pertence a Jesus Cristo, e tão somente a Ele, o Divino Médico de nossas almas.

Estou me referindo à caridade, ou seja, à ocupação do tempo que, porventura, tenha disponível em seus afazeres domésticos, ocupando, ainda, as suas mãos e o seu pensamento com qualquer benefício que você possa prestar aos semelhantes – povoe a sua cabeça com ideias de socorro àqueles que, tantas vezes, não encontram o que fazer para colocarem o pão dentro de casa, de vez que essa pandemia, que já encaminhou muitos para este Outro Lado, também está fazendo um estrago social muito grande, sepultando muitas esperanças e sonhos em covas que quase ninguém vê.

Quantos desempregados, não é mesmo?! Quantas pais e mães que passaram a sobreviver com recursos mínimos obtidos numa fila bancária, que, em verdade, lhes fere a dignidade, embora, de minha parte, os considere transitoriamente providenciais! – a multiplicação dos pães e dos peixes realizada pelo Cristo, não resolveu o problema da fome da multidão para sempre, mas, pelo menos, naquela hora, impediu que muitos, de estômago vazio, fossem consumidos pela descrença... Não só de pão vive o homem, mas, igualmente, sem ele o homem não pode viver no orbe em que a carne alimenta a carne...

Desculpe-me, se não consegui dizer a você o que você esperava que eu lhe dissesse, como, por exemplo, que os Espíritos Benfeitores não consentirão que você venha a contrair o “Corona”. De nenhum dos Dois Lados da Vida, nós, espíritos comuns – falando principalmente de minha condição –, estamos isentos às circunstâncias da existência em um mundo de Provas e Expiações – e isto, repito, dos Dois Lados da Vida, porque aqui, para onde, desde muito, fui transferido, também ainda é Dimensão, ou Planeta, de Provas e Expiações.

Com o meu grande abraço, rogando que me recomende em suas preces de mulher fervorosa, sou, como sempre, o irmão que, igualmente, a incluirá em suas orações desajeitadas –

 

INÁCIO FERREIRA

 

Uberaba – MG, 23 de Agosto de 2020.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

segunda-feira, 17 de agosto de 2020

“MANCHA” – O GATO


Eu tive um gato –
Diferente dos demais,
Dos de casa e do Sanatório...
Um gato arisco,
Desconfiado,
Olhar esquivo...
Os outros, não –
Vinham para o meu colo,
Passeavam sobre a mesa do escritório,
Esfregavam em mim
O seu rabo –
Queriam carinho,
Olhar meigo –
Ronronavam e...
Fumavam comigo
Os meus cigarros de papel,
Ou de palha...
O outro, descendente, talvez,
De um chacal,
Ou de um cachorro-do-mato,
Era um gato que me preocupava...
De quando a quando,
Em minhas loucuras,
Eu falava com ele:
- “Mancha” – era o seu nome –,
Que tipo de gente
Você há de ser, quando crescer –
Quando você “virar” gente!...
Ele ficava me olhando,
Não sei se com vontade
De saltar sobre o meu pescoço,
Pegando-me pela jugular...
Nunca se misturava com os outros,
Batia nas gatinhas
Das quais abusava – violentando-as...
Tinha atum à sua disposição,
Mas preferia dilacerar as rolinhas
E as pombas,
E os pintainhos, do quintal da vizinha...
“Mancha” era o único
Que defecava dentro de casa –
De propósito, creio!...
Com toda a minha parca Psiquiatria,
Eu não conseguia
Desvendar o seu psiquismo...
Um dia, contei para o Chico –
Para o Chico Xavier – sobre o “Mancha”...
Ele ouviu-me e respondeu,
Franzindo a testa:
- Ah, Doutor, tudo começa aí,
Lá atrás!...
A verdade é que eu nunca
Consegui cativar o “Mancha” –
Ganhar a confiança dele...
Sinceramente, eu penso
Que existem espíritos assim –
Irmãos do “Mancha” –
Irmão siameses...
Não querem abdicar do instinto
Pela razão...
Trocam de corpo,
Mas não mudam a alma...
Questão de escolha, de preferência?!
Não sei...
Nunca mais vi o “Mancha”,
Depois que ele, primeiro, e eu, depois,
Batemos as botas...
No entanto, quando me deparo,
Na Terra,
Com alguém estranho,
Muito estranho,
Olhar esquivo,
Exigente,
Violento,
Quase mau,
Parecendo ter
Uma raiva crônica do Criador,
- Eu sei que não houve tempo
Hábil para tanto! –
Eu penso assim:
- Meu Deus, esse homem
Talvez seja a reencarnação do “Mancha”!...

INÁCIO FERREIRA

Uberaba – MG, 17 de Agosto de 2020.